Seminário reúne pesquisadores, estudantes e comunidade para discutir Canabidiol no TEA
23 de agosto de 2024 - 17:02
O Seminário “Canabidiol no TEA: Inovações Terapêuticas e Evidências Científicas”, realizado nesta sexta-feira (23), no campus Itaperi, deu início à fase de divulgação do projeto aprovado pelo CNPq, com vistas à pesquisa de mapeamento das evidências existentes na literatura acerca da eficácia, tolerabilidade e efetividade do canabidiol (CBD) como tratamento para crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Reunindo pesquisadores, professores, estudantes e comunidade, o Seminário foi um evento pioneiro dedicado a discutir esse potencial terapêutico, uma oportunidade para aprofundar o conhecimento sobre as inovações mais recentes e as evidências científicas relacionadas ao uso do CBD por pessoas com autismo, esclarecendo, ainda, os mitos e verdades sobre o assunto.
De acordo com o coordenador da pesquisa e do evento, professor Gislei Frota, é de grande relevância oferecer essa discussão, considerando que o CBD não pode ser excluído como possibilidade terapêutica. “A gente sabe que são temas que atualmente a população tem exigido uma resposta da Academia. Os diagnósticos de transtorno do espectro autista vem crescendo diante de uma escassez de estudos e, especialmente, de tratamentos. Quanto ao Canabidiol, por sua vez, podemos ver polêmicas em volta do seu uso. É preciso que eventos como esse aconteçam, onde possamos discutir o uso clínico e baseado em evidências científicas dessas substâncias, que não podem ser excluídas do nosso arsenal terapêutico, visto que elas podem, sim, ser valiosos recursos terapêuticos para vários problemas de saúde. Então, o que precisamos é trazer esclarecimento, informação para a comunidade e também para os profissionais”.
O pesquisador fala, ainda, da continuidade do processo de divulgação científica. “Esse é o primeiro passo e esperamos levar esse seminário para outros lugares, de Fortaleza e do interior do Estado. Esperamos que esse seminário também aconteça em outros momentos da nossa pesquisa, pois, nesse momento, o intuito é trazer informações existentes na literatura, mas, no futuro [em 2025], vamos trazer informações sobre resultados da nossa pesquisa”, comenta Frota.
Alessandra Freires é professora de pessoas com TEA, tem um filho e um sobrinho com o transtorno. Na busca pelo diagnóstico do filho, também se descobriu com autismo, aos 44 anos de idade. Embora com fortes traços antissociais, ela fez questão de participar do evento. “Falta informação no nosso dia a dia. Como professora, sempre pesquiso sobre o TEA e sobre o Canabidiol. Como foi falado na palestra inicial, há os que demonizam e outros que endeusam demais. Tenho alunos que fazem uso, mas, talvez por falta de conhecimento do profissional que receita, acaba sendo feita uma mistura desnecessária, a criança não se adéqua. Pessoalmente, como convivo com o transtorno, achei muito bom essa discussão aberta à família e também aos profissionais, pois tenho colegas de profissão que acham desnecessário o diagnóstico na fase adulta, acreditam que o elevado número de diagnóstico seja algo de interesse comercial”.
Com os novos estudos e as informações chegando à população, Alessandra vislumbra um futuro melhor para seu filho e seu sobrinho, assim como para todos com o diagnóstico recente. “Eles mais livres para serem quem são, sem ter que ficar se escondendo, podendo agir naturalmente, que não tenham que fazer como eu fiz por muito tempo”.
Para a estudante do curso de Terapia Ocupacional da Uece, Tayslania Teófilo, “trazer esse conhecimento sobre o TEA para a comunidade acadêmica é muito importante, porque daqui sairão os futuros profissionais. O uso do Canabidiol é muito mistificado, muito associado a criminalização, e, assim, trazer essas evidências para a população geral é de grande importância”.
O evento contou com as palestras TEA (diagnostico, manifestações clínicas e comorbidades); Abordagens terapêuticas no TEA; Experiência clínica com o uso da canabis no TEA; e Evidências científicas sobre o uso do CBD no TEA. Em breve será divulgado cronograma com os locais que receberão essas e outras palestras, na capital e no interior.