Políticas de assistência estudantil e desafios diante da pandemia são temas de Encontro

23 de novembro de 2021 - 13:59 # # #

 Os temas foram discutidos no X Encontro do Programa de Bolsas de Estudos e Permanência Universitária

Medo, ansiedade e incerteza sobre o futuro são apenas alguns sentimentos que ganharam força desde o início da pandemia de covid-19 e que, agravados por outras variáveis econômicas e sociais, como desemprego e isolamento, têm se refletido nas escolhas de vida de muitas pessoas, inclusive os jovens universitários. Conforme um levantamento do Datafolha, em 2020, o índice de abandono dos estudos entre os matriculados no ensino superior foi de 16,3%, o maior entre todos os níveis de educação. Para debater os desafios da permanência universitária e as estratégias da Universidade Estadual do Ceará (Uece) de apoio aos estudantes durante a pandemia, ocorreu, nessa segunda-feira (22), o X Encontro do Programa de Bolsas de Estudos e Permanência Universitária (PBEPU). O evento integrou a programação da Semana Universitária 2021 e foi realizado de forma virtual, sendo transmitido pelo canal da Uece no YouTube.

A pró-reitora da Pró-Reitoria de Políticas Estudantis (PRAE) da Uece, professora Mônica Duarte Cavaignac, abriu a mesa redonda do encontro, cujo tema foi “Permanência universitária em tempos de pandemia: perspectivas e desafios da universidade”, destacando as ações da UECE para apoiar os estudantes nesse período de pandemia e garantir o acesso e a permanência dos jovens na universidade. Entre as iniciativas destacadas, estão a manutenção das bolsas para os estudantes e a distribuição de chips com internet e tablets para possibilitar que os estudantes acompanhem as aulas remotas e participem das atividades acadêmicas.

“Escolhemos debater um tema que trata dos desafios enormes que todos nós enfrentamos nessa situação de pandemia, principalmente no que diz respeito a se manter na universidade em tempos tão difíceis, marcados por situações de vulnerabilidade socioeconômica, crescimento do desemprego estrutural e aumento da inflação, e também no que diz respeito aos aspectos psicossociais, às perdas sofridas por nós, à falta de convivência presencial nesse momento e ao grande desafio de garantir a inclusão digital para quem teve dificuldade de acompanhar as aulas remotas. Diante de todas essas dificuldades, nós formamos uma equipe de assistência estudantil para atender os nossos estudantes na capital e no interior. Por isso, queremos que vocês conheçam os serviços ofertados pela PRAE e procure nossas psicólogas, assistentes sociais e profissionais da saúde”, disse a professora Mônica Cavaignac.

Apoio Psicossocial

A realidade das dificuldades dos estudantes com as aulas remotas e da queda do rendimento relatada pelos universitários foi abordada pela professora Janaina Farias de Melo, assessora da Célula de Ações Afirmativas e Apoio Psicossocial da PRAE. De acordo com ela, muitos estudantes têm ansiedade por não conseguirem lidar com as mudanças imposta pela pandemia o que, em alguns casos, gera o sentimento de desamparo. “Desenvolvemos o Serviço de Apoio Educacional (SAE), em parceria com o curso de Psicologia da UECE, para trabalharmos as demandas educacionais dos estudantes em geral, fornecendo orientações sobre formas de organização e estratégias para melhorar a aprendizagem. Também ajudamos os estudantes a manejarem horários de estudo, sentimento de culpa e ansiedade”, afirmou, acrescentando que, além das questões decorrentes da pandemia, o serviço também trata de outros assuntos recorrentes em qualquer período, como a mudança de curso, oferecendo orientação e reorientação profissional.

Para ter acesso ao conteúdo de orientação educação e solicitar atendimento pessoal, a professora orientou que os estudantes devam seguir o perfil do Serviço de Atendimento Educacional (SAE) da UECE – projeto da PRAE realizado em parceria com o curso de Psicologia – no Instagram (@saeuece). “Estamos sempre fazendo palestras virtuais, lives e postando ideias para melhorar o processo de aprendizagem. Além disso, os estudantes que desejarem orientação psicológica podem mandar mensagem direta por meio do perfil para agendarmos o atendimento. O SAE atua para auxiliar os estudantes nas questões educacionais, contribuindo para aumentar a motivação e garantir a permanência na universidade”, explicou.

Foco na saúde

A assistência e a educação em saúde também fazem parte dos serviços oferecidos pela PRAE. Conforme a professora do curso de medicina Cristina Micheletto Dallago, orientadora da Célula de Educação e Assistência em Saúde da PRAE, durante as atividades remotas, sobretudo, os estudantes podem solicitar assistência pelo e-mail caise.prae@uece.br. “Estamos com o coração aberto para ajudarmos, dentro das nossas limitações, com as demandas dos estudantes relacionadas à saúde. A expectativa é que essa assistência melhore constantemente. Temos uma ideia de fazer, inicialmente no Campus do Itaperi, uma ala de acolhimento para assistência em saúde. É um sonho que está se encaminhando para a realização”, contou, reforçando que a Célula de Educação e Assistência em Saúde da PRAE está à disposição para tratar as demandas dos estudantes e tirar dúvidas.

 

Assistência estudantil

A professora Jéssica Cleophas, assessora da Célula de Ações Afirmativas e Apoio Psicossocial da PRAE, falou sobre a construção e luta da assistência estudantil como uma pauta central para o enfrentamento das desigualdades sociais no Brasil e sobre a atuação da UECE nesse processo. “Debater a assistência estudantil exige debater essa realidade social brasileira, os impactos desse processo atual de pandemia e agravamento das desigualdades sociais e a construção de estratégias para efetivamente ampliar o acesso e a permanência na universidade, democratizar a educação, fortalecer o ensino público e contribuir com a permanência estudantil”, disse.

Ela ressaltou a importância da construção de propostas coletivas, da participação estudantil e dos debates para a estruturação da PRAE e a ampliação dos serviços ofertados por essa Pró-Reitoria. “Devemos pensar na universidade como um espaço que é potencializador de uma formação mais ampla, não apenas profissional. Devemos continuar trabalhando para o fortalecimento da UECE como referência no que diz respeito ao apoio efetivo para que os estudantes se desenvolvam, para construirmos uma universidade com mais valor social e referência para a sociedade”, afirmou.