Curso de Enfermagem da Uece completa 80 anos

12 de maio de 2023 - 18:53

 

O curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (Uece) comemorou, nesta quinta-feira, 11 de maio, seu aniversário de 80 anos. Para isso, foi realizada, no auditório Paulo Petrola, campus Itaperi, uma cerimônia especial marcada pelo simbolismo e homenagens.

No início do evento, o hino da Escola de Enfermagem São Vicente de Paulo foi interpretado pelo tenor Matheus Melo e o pianista Arthur França, ambos do curso de Música da Uece. O hino é de grande simbologia, já que o curso mais antigo da Uece foi criado em 1943, pela referida Escola. Em 1975, o curso foi encampado pelo Governo do Estado com toda sua estrutura e organização, passando a denominar-se Curso de Enfermagem da Uece.

Outro momento marcante foi a participação de uma das professoras mais antigas do curso, Maria Vilani Cavalcante Guedes, que falou sobre a história do curso e relembrou momentos, ressaltando a importância do curso e de todos que trilharam essa trajetória. Professora Vilani foi aluna da Escola São Vicente de Paulo.

Representando a nova geração de estudantes do curso homenageado, José Lima Júnior falou sobre sua felicidade pela escolha do curso de Enfermagem da Uece, o que, para ele, é também uma grande responsabilidade. “Nós carregamos o nome da Uece e, quando chegamos nos estágios, percebemos a confiaça e o acolhimento que temos”. Júnior, como é chamado, reconhece que, para isso, um longo caminho foi percorrido. “Os 80 anos de Enfermagem da Uece foi construído com muita luta. Com muita garra, esses mestres fizeram com que a nossa Uece se tornasse tão grande quanto é hoje”.

O evento ocorreu como programação do Enfermaio 2023, organizado pelo Programa de Educação Tutorial (PET) de Enfermagem, coordenado pela professora Saiwori dos Anjos. “Sinto-me honrada e feliz em estar participando desse momento histórico da Enfermagem da Uece… O Enfermaio agrega a Semana de Enfermagem, o aniversário da Enfermagem da Uece, agrega agora um seminário internacional, a mostra tecnológica, o museu… e todos nós ficamos muito felizes que todos participaram e contribuíram para este evento hoje, podendo observar aqui tantas pessoas que colaboraram com a Enfermagem, com esse curso, que tem como missão formar enfermeiros competentes para a qualidade da saúde global”.

O presidente da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben-CE), professor José Maria Ximenes, ressaltou a qualidade do curso que tanto evoluiu ao longo dos anos. “O curso de Enfermagem é um orgulho para a universidade, pelo seu histórico, mas também pelos seus feitos. E quando eu falo dos seus feitos, estou falando aqui, inclusive, do seu crescimento. Ele é nota máxima no Enade e isso é reflexo do trabalho docente sério, comprometido, bem como do trabalho da universidade, que tem se esforçado para que esse crescimento aconteça”.

A representante da Academia Cearense de Enfermagem (ACEN), professora Euclea Vale, também esteve presente no evento e se emocionou ao também relembrar momentos vividos na Uece e na profissão. Ela, assim como professora Vilani, foi estudante da Escola São Vicente de Paula. “Este ano faremos 50 anos de formadas. A história dessa Escola é muito importante… e hoje esta universidade tem graduação e pós-graduação em Enfermagem respeitadas, principalmente pela qualidade do corpo docente, pela luta, e pela competência dos alunos que aqui vieram buscar condições de se projetar cada vez mais, de conhecer a ciência da enfermagem e de entender que não existe nenhuma possibilidade de cura se não houver um processo de cuidado em enfermagem que atenda as reais necessidades de cada indivíduo”.

A coordenadora do curso homenageado, professora Edna Chaves, ressaltou um dos principais resultados da Enfermagem da Uece e a importância de quem deu início à profissão no mundo. “O curso de Enfermagem desta universidade já formou cerca de 6 mil enfermeiros e enfermeiras, que fazem parte do nossos serviços de saúde e escolas. O legado de Florence Nightingale para a Enfermagem nos tornou uma grande profissão, que utiliza a ciência, a arte, a estética e a ética no processo de promoção, manutenção e recuperação da saúde, por meio de ações de cuidado destinadas a ajudar as pessoas a viverem mais saudáveis. Fazer parte desse momento histórico nos engrandece”.

Também se referindo a quem deixou esse importante legado, a diretora do Centro de Ciências da Saúde (CCS/Uece), professora Samya Coutinho, fez sua homenagem à Florence Nightingale. “Considerada a Precursora da Enfermagem Moderna e conhecida como ‘Dama da Lâmpada’…. Propôs as primeiras estruturas hospitalares na Europa, criou as primeiras Escolas de Enfermagem (no seu início, destinadas apenas a mulheres), formou enfermeiras pioneiras originárias de diversos países e fez surgir uma nova e importante profissão baseada, não somente na caridade e na vocação do cuidar de pessoas adoecidas, mas na ação real da intervenção necessária, ética e qualificada. Uma mulher à frente do seu tempo que mudou paradigmas e percebeu que a higiene e aeração dos ambientes contribuíam para debelar processos infecciosos, mesmo num tempo em que nada se sabia sobre infecções, agentes patógenos ou antibióticos. A luz da sua lâmpada continua iluminado todas as gerações posteriores de enfermeiros.

O vice-reitor da Uece, professor Dárcio Italo Teixeira, parabenizou a todos os enfermeiros e estudantes de Enfermagem. “Uma história construída com muito amor. Foi dentro da nossa Universidade Estadual do Ceará que a Enfermagem cresceu, se consolidou, verticalizou, pois hoje tem mestrado, doutorado, residência e várias especializações. Só temos a parabenizar, tanto os alunos, que estão dedicados a aprender essa profissão, aos professores que dedicam toda uma vida ao ensinamento, e aos técnico-administrativos, que dão suporte também para isso. Parabéns!”.

Encerrando os discursos, o reitor da Uece, professor Hidelbrando Soares, parabenizou a todos e fez três importantes comunicados, que fez a plateia da Enfermagem aplaudir e vibrar. “A primeira delas, que toda a universidade, a Enfermagem, a Saúde e o Ceará ganham, é o término e a entrega do Hospital Universitário da Universidade Estadual do Ceará… A segunda informação, que considero muito relevante, é de que o governador Elmano de Freitas tomou a decisão de que, na estrutura da Funcap, precisa haver representação da Uece e, portanto, uma dessas representações será feita por uma professora de vocês, da Enfermagem. Um mulher, professora e pesquisadora da Uece será a próxima diretora Científica da Funcap… e a última notícia, que vejo como um presente, é que nós recuperamos, para a Universidade Estadual do Ceará, o prédio onde tudo começou, onde surgiu o curso de Enfermagem da nossa universidade. O prédio fica no Centro de Fortaleza e estamos agora no processo de reforma e de manutenção predial”.

Discursaram também, a representante do Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Ceará (SENECE), Albetiza Alves; a vice-coordenadora do curso de Enfermagem da Uece, professora Shérida Oliveira; e a representante dos ex-alunos do curso, Jordana Queiroz. Além desses, esteve também na mesa principal, o chefe de Gabinete da Reitoria da Uece, professor Altemar Muniz.

O evento trouxe outro momento repleto de simbologia, um desfile de trajes, cujos modelos foram utilizados ao longo dos anos pelos enfermeiros. O desfile lembrou a evolução histórica da Enfermagem enquanto profissão, arte e ciência.

O evento foi também momento de homenagear a quem tanto contribui e/ou contribuiu com o curso, as professoras Bárbara D’Alencar, Ilse Tigre, Maria Elisabete Cruz, Maria Euridéa de Castro, Maria Salete Bessa, Maria Vilani Cavalcante e Norma Faustino Randemark; além dos servidores Ana Maria Vasconcelos, Haroldo da Silva e Rosa Amélia Gurgel.

A história do curso de Enfermagem da Uece

Mais antigo que a própria Uece, o curso foi criado em 1943, com a Escola de Enfermagem São Vicente de Paula. A iniciativa da criação de uma Escola de Enfermagem originou-se dos Cursos de Emergência de Voluntários Socorristas e de Defesa Passiva Anti-Aérea, realizados no Patronato Nossa Senhora Auxiliadora, entre 1942 e 1943. Os referidos cursos destinavam-se às esposas de oficiais do Exército, Marinha e Aeronáutica.

Depois de discussões em torno da necessidade de formação de enfermeiras no Estado do Ceará, a Irmã Margarida Breves, idealizadora dos referidos cursos, lançou a ideia da criação da Escola Associação São Vicente de Paula, que se tornaria a entidade mantenedora da instituição.
Em 1975, a Escola é encampada pelo Governo do Estado com toda sua estrutura e organização, passando a denominar-se Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará, permanecendo fundamentada no currículo vigente à época, no qual predominava o modelo clínico de assistência médica individual, curativa e hospitalar, enfocando os aspectos biológicos, em detrimento do ensino das Ciências Humanas e Sociais.

Em 1988, não foram promovidas alterações estruturais, apenas introduzidas disciplinas referentes à Licenciatura que, à época, era realizada concomitante ao Bacharelado e, no primeiro semestre de 1997, para atender a uma Resolução do MEC, iniciou-se a revisão do currículo então vigente e elaboração de um Projeto Político-Pedagógico.

Após a implantação da estrutura curricular de 1997 emergiram discussões para adequação às Diretrizes Curriculares então sugeridas para os Cursos de Enfermagem. O intuito era a manutenção de processo continuado de avaliação das estruturas curriculares, desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem nas aulas teórico-práticas e no estágio curricular supervisionado.

Atualmente coordenado pelas professoras Edna Chaves e Shérida Oliveira, o curso possui 386 alunos regularmente matriculados e, já formou cerca de 6 mil enfermeiros.