Crise Hídrica no Ceará: 2012-2016

19 de agosto de 2016 - 17:37

Diante do atual cenário de crise hídrica que enfrentamos e dando continuidade a série de matérias, notícias e artigos sobre o tema, convidamos o professor do curso de Física da Uece, José Maria Brabo Alves, para falar um pouco mais sobre o assunto, que é uma preocupação da Universidade e deve ser também uma preocupação de toda a população.

O docente é ainda colaborador dos Mestrados Acadêmico em Ciências Físicas Aplicadas e Profissional em Climatologia e Aplicações nos Países da CPLP e África da Uece, além de membro colaborador do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e editor chefe da Revista Brasileira de Meteorologia:

 

O homem e suas atividades sempre estiveram influenciados pelas condições do clima. Em Regiões como Nordeste Semi-Árido (NSA) o conhecimento dessas condições e suas variabilidades, no que se refere à precipitação pluvial, é essencial para o planejamento de diversas atividades (planejamento de calendário agrícola, uso racional da água, turismo e outras).

Como a dinâmica do clima é variável ao longo dos anos, há possibilidade de períodos secos recorrentes dentro da estação chuvosa predominante, no caso do NSA, que compreende os meses de fevereiro a maio, não são exceções.

Dos Estados do NSA o Ceará é que mais tem investido em obras estruturantes para conviver com essas adversidades do clima, entre as mesmas citam-se as construções de reservatórios hídricos, perfurações de poços, chafarizes e adutoras que transportam essas águas desde o interior as áreas litorâneas mais produtivas do estado, e ao longo de algumas áreas de populações mais difusas do estado que necessitam desse bem imprescindível a vida e ao desenvolvimento.

Entretanto, secas recorrentes, como esses últimos eventos, são nocivos e muito impactantes sócio-econômicamente e merecem medidas emergências nem sempre efetivas, porém mais paliativas como abastecimento de comunidades como carros pipas.

Secas ou inundações recorrentes, são características da variabilidade climática do NSA, porém esses últimos anos segundo os dados da FUNCEME, das dez secas mais intensas com registros no Ceará, a quinta, a sexta a oitava e nona mais se referem aos anos de 2012, 2010, 2008 e 2013, por isso o impacto no recurso hídrico do Estado é substancial. O volume de água armazenado no sistema hídrico no estado do início de 2012 caiu de 71% para 11% meados de agosto de 2016.

Nesse contexto, estudos de variabilidade climática, modelagem da atmosfera nas suas mais diversas escalas de tempo, e suas relações com as anomalias climáticas ocorrentes ou associadas às mudanças climáticas em curso são imprescindíveis para um melhor conhecimento dessas flutuações e que possibilitem um melhor convívio com essas situações extremas do clima. A Uece com os cursos de Mestrado Acadêmico em Ciências Físicas Aplicadas e o Mestrado Profissional em Climatologia e Aplicações nos Países da CPLP e África se credencia aos centros de excelência nesse tipo de estudos, e vem contribuindo com essas pesquisas e objetiva intensificar cada vez mais esse conhecimento, que coloca aos órgãos gestores das esferas do Estado e Município, informações importantes para planejamentos de atividades na premissa de ocorrência de eventos climáticos, quer sejam secas ou enchentes.

 

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