Clube de Ciências Alfa movimenta Escola Padre Bonfim em parceria com a FAEC/Uece

30 de junho de 2025 - 13:55

Entre sorrisos, lentes de aumento e pincéis tingidos de urucum, as crianças da Escola Municipal Padre Bonfim descobriram que ciência e arte podem caminhar juntas. Elas participam do Clube de Ciências Alfa, subprojeto do programa “Crateús com Ciência”, criado para aproximar os saberes acadêmicos da comunidade local. Diversas atividades vêm sendo realizadas desde o início de 2025.

A primeira ação do ano partiu da pergunta “O que é ciência?”, e foi conduzida por meio de um bate-papo animado e dinâmicas que estimularam a curiosidade. “Mostramos que investigar começa com a curiosidade cotidiana — a mesma que inspirou o mascote do clube, uma raposa curiosa”, explicou a equipe. O nome do mascote foi escolhido pelos próprios clubistas, estudantes do Ensino Fundamental.

Durante a Semana do Meio Ambiente, organizada por professores da FAEC,  em junho, a atividade do Clube Alfa teve como destaque a contação do livro Tem um cabelo na minha terra, utilizada para refletir sobre a romantização da natureza e a importância do conhecimento científico. “Foi um momento de muito aprendizado, que alcançou plenamente nosso objetivo de compartilhar saberes e engajar os clubistas”, relatou a bolsista Emanuella Martins, graduanda do curso de Pedagogia ,  que mediou a conversa entre as crianças e estudantes do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação, Ciências e Letras (FAEC).

Microscópios de baixo custo e olhares curiosos
Na sequência, os estudantes construíram protótipos de microscópios utilizando materiais reutilizáveis. “Usar o microscópio pela primeira vez foi surpreendente! Aprendi que a natureza é cheia de surpresas e que muitas vezes não vemos tudo a olho nu”, contou Isabelly, de 11 anos, encantada com a experiência. “Foi uma vivência única e que vai me acompanhar para sempre.”

Pincéis que conectam arte, ciências e saberes indígenas
Encerrando o mês de junho, a arte ocupou o espaço do laboratório. Sob a mediação do bolsista de iniciação artística Kauãn Lopes, graduando do curso de Química, os clubistas produziram tintas naturais a partir de materiais como café, carvão, cascas de árvore e urucum, explorando grafismos inspirados nos povos originários. O desafio artístico foi representar o galo-da-campina, pássaro do cotidiano dos clubistas.

“Estamos trilhando um caminho de alfabetização científica que valoriza a pluralidade dos saberes e a sensibilidade. Isso tem sido importante diante da onda de negacionismo científico que vivenciamos”, destaca o professor Diego Rodrigues, coordenador do projeto. As atividades têm sido especialmente relevantes diante do reconhecimento, por parte da Uece, da gravidade da crise socioambiental global. O Clube Alfa integra o Coletivo Integrado de Estudos e Pesquisas em Ensino de Ciências (CIEPEC), coordenado pelos professores Diego Rodrigues e Luciana Leite. O projeto de Clube de Ciências também tem parceria com outras universidades, integrando uma rede que problematiza o negacionismo científico no Brasil (Projeto Educanti).