Banda Sinfônica da Uece realiza concerto gratuito pelos 150 anos do compositor Rachmaninoff

20 de novembro de 2023 - 11:23 # # # #

 

A Banda Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará realizará, nesta terça-feira (21), às 19h, no Theatro José de Alencar, concerto sinfônico gratuito em homenagem aos 150 anos de nascimento de um dos maiores nomes da música do século 20, o compositor, pianista e maestro russo, Sergei Rachmaninoff.

O evento, que faz parte da série Concertos Sinfônicos da Banda da Uece, apresentará, pela primeira vez ao público cearense a Sinfonia nº 2 em Mi Menor, Op. 27, do homenageado. Escrita entre 1906 e 1907, a Sinfonia está em quatro movimentos (Largo – Allegro moderato, Allegro molto, Adagio e Allegro vivace), que serão executados pela Banda Sinfônica da Uece em 70 minutos, sob a regência e direção artística do maestro e professor da instituição, Marcio Spartaco Nigri Landi, que terá como regente assistente, Carlos Henrique Oliveira de Almeida.

O primeiro movimento, Allegro Moderato, começa com um tema principal em tom menor, e após uma passagem agitada dominada por figuras de tercinas, passa-se para um segundo tema emocionante em tom maior. Os materiais são desenvolvidos e depois recapitulados com opulência e paixão.

O segundo movimento Scherzo começa com a sugestão de uma melodia que fascinaria Rachmaninoff ao longo de sua vida: “Dies Irae” da Missa Católica Romana pelos mortos. Dinamismo e brilho são os elementos vitais do movimento, mas dão lugar a uma daquelas melodias características de Rachmaninoff que canta com entusiasmo e voa apesar do seu movimento gradual. Na coda, o tema retorna brevemente nos metais, como um lembrete assustador de sua presença.

O terceiro movimento, Adagio, contém a mais bela música que Rachmaninoff já escreveu. O primeiro tema, na sua simples primeira aparição e nas suas permutações ao longo do andamento, é possivelmente uma das mais belas das suas inspirações. Apenas uma frase desta melodia é dada como arauto de uma extensa e igualmente bela canção no clarinete que flui aparentemente interminavelmente como uma corrente do barroco russo. Na seção central, um novo tema desempenha um papel proeminente, assim como uma nova figura suplicante de quatro notas que aparece primeiro na trompa. As implicações poéticas de todo este material são capitalizadas de forma completa, inimitável e memorável.

O enérgico Finale tem algo demoníaco, e também uma melodia impressionante do tipo que os compositores de cinema tentam aproximar há anos. A melodia exuberante nos dá mais um dos muitos exemplos de nosso sombrio Rachmaninoff defendendo sua defesa lírica em tom maior com o rosto aberto. No decorrer do Finale há visitantes de movimentos anteriores, nomeadamente o tema inicial e citações do movimento lento. Mas a força do movimento é a sua energia, o seu impulso como uma marcha e como uma dança, e uma grandeza sem limites que é coroada por uma passagem que simula o magnífico clamor dos sinos. É um dos episódios mais impressionantes de uma sinfonia notável.

Sobre o homenageado

Em 1892, Rachmaninov graduou-se como compositor já tendo em seu catálogo um bem- sucedido Concerto para Piano no. 1 e o famosíssimo Prelúdio para Piano, Op. 3, no 2. A ópera Aleko [1893] foi outro sucesso (tendo recebido apoio de Tchaikovsky). Porém, faz parte das diversas anedotas do mundo da música clássica o fracasso com que foi recebida sua Sinfonia No. 1 [1897]. Regida por Glazunov — ele mesmo compositor e futuro professor de Shostakovitch — supostamente embriagado, a recepção por parte do público e da crítica foi desastrosa, jogando Rachmaninoff em uma depressão profunda e lhe causando um bloqueio criativo que durou três anos. Foi graças às sessões de hipnoterapia conduzidas pelo médico neuropsiquiatra Nikolai Dahl que Rachmaninov recuperou sua autoconfiança e voltou a compor. Numa demonstração de gratidão, o compositor lhe dedicou o magistral Concerto para Piano no. 2 [1901], provavelmente a mais popular e querida de suas obras.

A própria existência de uma segunda sinfonia de Rachmaninoff atesta um espírito criativo indomável, embora pessimista, a tal ponto que a sua “Primeira Sinfonia da Depressão” ameaçou interromper completamente a sua composição. Mas, após a sua recuperação notável, anunciada pelo seu grande sucesso no Concerto para Piano no.2, casou-se (em 1902) e depois aumentou a sua tripla fama como compositor, pianista e maestro. A Sinfonia em Mi menor foi composta em Dresden, após um breve período de aposentadoria das atividades de concerto, e estreou-a em Moscou com grande sucesso em 1909.

É uma obra de grande envergadura em que o compositor confronta com confiança a forma sinfônica com melodias triunfantes. Suas melodias proclamam que seus sentimentos não eram apenas sombrios e melancólicos, mas também calorosos e ternamente românticos. Os sentimentos predominam na sinfonia, não se procura, no entanto, profundidade filosófica ou visões transcendentais. O que se encontra é uma abundância de exuberância magnificamente concebida e de propulsividade obstinadamente brilhante.

Sobre a Banda Sinfônica da Uece

A Banda Sinfônica BS-Uece começou suas atividades no ano de 2006, tendo sido sua fundadora a professora e maestrina Inez Martins que conduziu o conjunto desde sua criação até o ano de 2012. A proposta de formação da BS-UECE foi motivada pela forte presença das tradicionais bandas de música na cultura cearense e brasileira, como um dos mais abrangentes organismos de preservação, divulgação e formação musical em na sociedade. Desde 2014, tem à frente da direção artística e regência o professor Dr. Marcio Spartaco Nigri Landi. A proposta da BS-UECE é única no estado. Se atém mormente ao repertório sinfônico com a elaboração de transcrições únicas e exclusivas de obras universais do repertório sinfônico, especialmente elaboradas pelo Laboratório Banda Sinfônica LBS-UECE, ao mesmo tempo em que estimula a composição de obras originais para esta formação sinfônica.

Sobre o regente

Marcio Landi concluiu o Pós-Doutorado junto ao Centro de Pesquisa de Sociologia e Estética Musical – CESEM da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA/FCSH – 2022). Tendo sido agraciado com a renomada bolsa Fulbright do governo norte-americano, Landi alcançou o título de Doctor of Musical Arts in Orchestral Conducting pela University of Missouri-Kansas City (CAPES/FULBRIGHT, 2009-2013), possui mestrado em Música pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e graduação em Bacharelado em Música com Habilitação em Composição e Regência pela mesma instituição. Atuou como Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho (1998-2009), atualmente é professor Associado da Universidade Estadual do Ceará, diretor do Laboratório Banda Sinfônica – LBS, coordenador do grupo de pesquisa Investigação em Regência e Interpretação Musical – IRIM, editor na Coleção IRIM, presidente do Simpósio de Regência e Interpretação Musical – SIRIM, e Coordenador e Regente Titular da Banda Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará.