Artigo de Opinião -Hospital Universitário do Ceará e UECE: lembranças de um sonhador
19 de março de 2025 - 09:27
Prof. José Jackson Coelho Sampaio
Médico (UFC), Psiquiatra (ABP/AMB), Mestre em Medicina Social (UERJ), Doutor em Medicina Preventiva (FMRP/USP), ex-reitor da UECE (2012 – 2020), Professor Titular Aposentado da UECE
Lembro-me do início da minha 1a gestão como reitor da UECE, em 2012, e das conversas ao final da tarde com o vice-reitor à época, nosso atual reitor Prof. Hidelbrando Soares. Discutíamos as fragilidades do campus Itaperi, campus sede da UECE, seus 104 hectares com apenas 20% de urbanização, delimitado em grande parte por cercas de arame farpado. Discutíamos as carências de políticas públicas em educação e saúde do território fortalezense de nosso entorno.
Surgia, tênue, a ideia de elaborarmos projeto que resolvesse pelo menos quatro coisas: a segurança do campus, o adensamento de equipamentos com função de prática acadêmica em serviço, que articulados com as secretárias de saúde e as de educação, do estado e do município, pudessem adensar a capacidade de atendimento à população dos bairros em volta e gerar negócios satélites.
Surgia, simultaneamente com o amadurecimento das áreas da saúde e da educação da UECE, um projeto de entorno de proteção social e tecnologia da saúde no Itaperi. Pactuamos com o Conselho Diretor da FUNECE um novo plano diretor para o campus Itaperi, iniciado no reitorado do Prof. Araripe, delineando um anel periférico para negociação de cessão de terreno visando instalação de equipamentos públicos.
Na área da educação já haviam os equipamentos de uma Escola de Ensino Médio e de uma Escola de Ensino Fundamental, e consolidou-se a implantação de uma Escola-Creche e uma unidade moderna de Ensino Médio Profissionalizante.
Na área da saúde já tínhamos uma unidade básica de saúde, um centro de atenção psicossocial AD e o centro de zoonoses, e consolidou-se a instalação de uma UPA, a conclusão de nosso hospital veterinário e a cessão de terreno para um hospital regional universitário de alta complexidade, do SUS, por meio da SESA/Ce e integrado academicamente à UECE.
No período que antecedeu à Copa do Mundo, realizada no Brasil, uma das sedes em Fortaleza, surgiu a demanda do Hospital César Cals de um novo lugar, pelo estrangulamento de sua sede atual, o que se casava com exigências da FIFA e com nosso sonho de uma zona de tecnologia em saúde nesta região do Itaperi, próxima apenas 5 km da Arena Castelão. Mas, não foi o momento do sonho tornar-se realidade.
Já no Governo Camilo Santana, a demanda do Hospital César Cals foi retomada, um projeto arquitetônico foi gerado, a cessão do terreno necessário foi articulada por mim junto ao Conselho Diretor da FUNECE, o governador aprovou o plano e articulou a inclusão da obra no orçamento estadual para garantir seu início. Mas veio a pandemia de Covid19, dando um grande susto em todos e muitas paralisações.
Eis que agora o Hospital Universitário do Ceará é inaugurado, tecnicamente adequado, integrado à regionalização do SUS, qualificado pela integração com a UECE e arquitetonicamente belo. E a inauguração se dá com a presença do reitor Hidelbrando Soares, parceiro do sonho; do ex-governador Camilo Santana, atual ministro da educação, cuja visão política tornou o sonho em plano e o plano em ato; do governador Elmano de Freitas, cuja visão política fez o ato ganhar corpo e iniciar seu funcionamento; e do Presidente Lula, autorizador estratégico de verbas federais.
O Presidente Lula tem representado a liderança democrática e visionária que nossa geração de brasileiros, progressistas e éticos, trabalhadores da educação e da saúde, tem sonhado, desde a 8ª Conferência Nacional da Saúde, em 1986, quando o SUS foi idealizado; da 1ª Conferência Nacional de Saúde Mental, em 1987, quando o modelo das redes de atenção psicossocial territorial foi idealizado; da Carta Magna Cidadã, em 1988, quando um Brasil mais justo, solidário, includente digno foi idealizado.
Obrigado Hidelbrando, Camilo, Elmano e Lula, atores políticos por cujas mãos passou a transformação deste sonho ueceano em ato.