Artesãs cearenses recebem certificado da Uece em iniciativa que empodera as mulheres

13 de dezembro de 2024 - 18:31

O orgulho do reconhecimento acadêmico pelos avanços obtidos na tradição familiar e cultural de rendar e crochetar foi um dos sentimentos vividos pelas 500 artesãs cearenses certificadas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) na última quinta-feira (12). Elas fizeram parte do curso “Artesã em bordado à mão”, realizado pela Uece, em parceria com a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), por meio do programa federal Mulheres Mil. A solenidade de certificação ocorreu  no Auditório Murilo Aguiar, na sede da Alece, e marcou o início de uma nova fase na vida das artesãs, com mais conhecimento, profissionalização e empoderamento.

“O curso foi muito importante para que eu me reconectasse com as minhas origens e pudesse dar um retorno para a minha comunidade. Durante o curso, eu convivi com mulheres maravilhosas. Teci uma importante rede de conhecimentos. Hoje, eu sou a terceira geração labirinteira da minha família, com muito orgulho, e a primeira com certificado da Uece”, declarou a artesã Carol Rebouças, de Icapuí.

O reitor da Uece e coordenador geral do Pronatec/Funece, professor Hidelbrando Soares, destacou a importância do momento e da certificação obtida pelas mulheres cearenses. “Essa iniciativa alimenta o nosso espírito com trabalho, com a dignidade do trabalho, mas a gente irradia também qualidade de vida para a família e para todos aqueles que estão no nosso entorno. Temos um orgulho enorme dessa nossa experiência com vocês, que foram alunas da Uece. Mulheres arrojadas e valentes. Tenho certeza absoluta que vocês farão um uso muito importante daquilo que aprenderam no curso”, destacou.

Na oportunidade, o reitor também agradeceu e enalteceu a parceria com a Alece para a realização do curso “Artesã em bordado à mão”. “Com a parceria com o programa Renda Gera Renda, da Alece, fizemos algo extraordinário, uma iniciativa inovadora para valorizar o artesanato e a cultura local e para empoderar ainda mais as mulheres. Criamos oportunidades para que as artesãs cearenses desenvolvessem novas habilidades artísticas e aprendessem sobre gestão de negócios”, afirmou.

A professora Cláudia Leitão, pesquisadora e consultora do campo de economia criativa também esteve presente à cerimônia e recordou  que, quando foi secretária de Cultura do  Estado, entre 2003 a 2006, conheceu o Ceará profundamente, explorando nossas riquezas, diversidade e capacidade de fazer com a mão. “O artesanato brasileiro tem um grande potencial e, em 2007, o então ministro Gilberto Gil (Cultura) apresentou, em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a primeira pesquisa municipal de cultura do Brasil, demonstrando como o bordado é o que o brasileiro mais faz em termos culturais”, pontuou demonstrando a importância do fazer artesanal da renda e do bordado.

O ciclo I do curso “Artesão em bordado à mão” capacitou rendeiras de bilro e labirinto nos municípios de Amontada, Aquiraz, Aracati, Beberibe, Cascavel, Fortim, Icapuí, Itapipoca, Itarema, Paracuru, Paraipaba e Trairi. Já o ciclo dois formou artesãs do crochê nos municípios de Acaraú, Cruz, Jijoca de Jericoacoara, Camocim e Barroquinha.

O curso “Artesão em bordado à mão” teve 160 horas/aula. A grade curricular incluiu temas como design e marketing. Ao longo das aulas, as alunas receberam ajuda  financeira para deslocamento e alimentação, além de um kit com caderno, apostila, caneta, lápis, borracha, camisa e bolsa. O material para a confecção das peças ao longo do curso também foi garantido.