“Se algum dia me perguntarem o que eu fiz pelo meu país, eu responderei: fui professor”
18 de agosto de 2025 - 11:17
Com mais de quatro décadas dedicadas ao ensino superior, o professor Francisco Tarcísio Pinheiro Holanda encerrou sua trajetória na Universidade Estadual do Ceará (Uece) em outubro de 2024, deixando uma marca de compromisso, carinho e dedicação no curso de Geografia do campus Itaperi.
Professor Tarcísio iniciou sua carreira na Uece ainda como professor horista na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), no início da década de 1980. “Eu sempre ensinei. Sempre gostei de ensinar. Aos 14, 15 anos já dava aula de reforço de matemática para colegas de séries anteriores”, recorda. Na época, conciliava as atividades docentes com o mestrado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas), pela Universidade Federal do Ceará.
Foi, então, na Fafidam que assumiu sua primeira turma universitária, substituindo um docente na disciplina de Pedologia (Estudo do solo). A experiência, que começou quase por acaso, logo se transformou em caminho de vida. “Como eu já tinha aptidão para ensinar, foi muito fácil e fui bem aceito pelos alunos e pela comunidade”, relembra.
Pouco tempo depois, em 1982, conquistava o cargo de professor efetivo da Uece, permanecendo na Fafidam até, mais ou menos, 1996, quando foi transferido para o campus Itaperi. Em Fortaleza, Tarcísio consolidou sua carreira no curso de Geografia. Lecionou diferentes disciplinas e, por mais de 10 anos, esteve à frente da Coordenação do Estágio, função que exerceu até a aposentadoria, mas sempre mantendo as aulas. “Nunca saí da sala de aula. Sempre pensei: eu quero ficar. Meus alunos, muito participativos; sempre procurei tratá-los com respeito e carinho, e acredito que boa parte deles também gostava de mim”, afirma.
Além de professor, exerceu funções administrativas, como vice-coordenador de curso entre 2013 e 2015, e participou da Comissão Permanente de Estágio Curricular. Sobre sua trajetória, avalia: “Foi muito boa porque minha vida, praticamente, eu passei dentro da universidade. Foi aqui que realmente me construí. A Uece tem uma grande representatividade na minha formação”.
As lembranças acumuladas ao longo de mais de 40 anos incluem aulas de campo, encontros festivos e confraternizações, mas o professor garante que algo importante para ele são as amizades. “Deixo amigos, mas entre aspas, porque esse intercâmbio continua: visitas, conversas, saídas. As amizades construídas eu também levo junto”, diz.
Ele acrescenta: “a aposentadoria, ela vem, e a saudade é enorme, porque na Uece, as irmãs e os irmãos que a gente faz, se tornam família da gente e, olha, é uma coisa que levo para sempre”, desabafa o docente.
Aposentado, professor Tarcísio tem dedicado seu tempo à família, especialmente à sua primeira netinha, e a novos aprendizados. “Passei mais tempo fora do estado, meus filhos moram longe; e estou me dedicando às aulas de inglês, agora sou aluno. Continuo lendo bastante, fazendo minhas resenhas e compartilhando nas mídias. Mas tudo de maneira bem light”, conta.
Entre os planos, estão escrever sobre a genealogia da família, continuar viajando em busca de memórias históricas e registrar suas leituras. “O único caminho que conheço é o estudo, se dedicar, porque não há outro. Eu, particularmente, gosto muito de ler. Tenho o maior prazer em mostrar meu cantinho em casa, com meus livros, muitos com resenhas que escrevi”, ressaltou com orgulho.
Com a serenidade de quem cumpriu sua missão, o professor resume sua trajetória em uma frase: “Se algum dia me perguntarem o que eu fiz pelo meu país, eu responderei: fui professor.”
A esse docente, que com tanto amor pelo ensino se dedicou fielmente aos seus alunos e a esta instituição, a Universidade Estadual do Ceará manifesta aqui sua gratidão e reconhecimento!