O valor do tempo: a trajetória da professora Rosangela Fernandes na Uece
19 de agosto de 2024 - 08:00
O “tempo” sempre foi algo valioso para a ex-professora do curso de Ciências Sociais, do Centro de Humanidades (CH), Rosangela Maria Costa Fernandes. Em sala de aula, falava: “não percam tempo, o tempo aqui na universidade é precioso”. Agora, aposentada, a frase é: “a coisa mais valiosa que senti ter depois que me aposentei foi justamente mais tempo. Depois de tantos anos de trabalho, a gente quer tempo para valorizar o presente”.
Sua história na instituição teve início em 1993, quando ingressou como professora do curso de História da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), unidade da Uece em Limoeiro do Norte-CE. “Limoeiro mora no meu coração. Fiz boas amizades. Gostei muito de lá e conheci uma realidade que eu não conhecia. Ensinar no interior é muito diferente de ensinar na capital. O ambiente cultural é muito intenso. É um caldeirão de cultura”, destaca a docente.
Da Fafidam se afastou após cinco anos, para cursar Doutorado, no entanto, um problema de saúde, um câncer de mama, a pegou de surpresa. Ela não se deixou abalar e fez tudo o que era necessário. “Me curei!”, conta Rosangela. Concluído o Doutorado, foi hora de pedir transferência para a capital, com o intuito de ter mais acesso aos cuidados em saúde.
Em nova fase de sua trajetória, continuou fazendo o que tanto amava, que era ensinar, mas dessa vez em Fortaleza, no curso de Ciências Sociais, do qual foi ainda coordenadora e vice-coordenadora, além de líder do Grupo de Pesquisa de Desenvolvimento Urbano (GPDU), atualmente chamado Grupo de Pesquisa Ciências Sociais e Cidade (CSC). “No CH, além de coordenadora e depois vice, orientava muitas pesquisas, fazia orientação/monitoria, embora somente vinculada à graduação”, destaca a professora aposentada da Uece. Nos últimos anos, foi também docente do curso de Serviço Social.
Seja na Fafidam, no campus Fátima ou no campus Itaperi, professora Rosangela criou laços, especialmente com seus alunos. “Criei bons vínculos com meus alunos, vejo eles ocupando cargos, acompanho eles crescendo. A Uece possibilita isso, o crescimento das pessoas. E a nossa recompensa é ver esse crescimento”, salienta com sorriso de satisfação no rosto.
Após 30 anos de uma vida dedicada à Uece, bem como aos seus estudantes, professora Rosangela se despediu, mas com a certeza de ter deixado sua contribuição, especialmente dentro de sua disciplina Sociologia Clássica e Sociologia Contemporânea. “Deixo na Uece a minha contribuição de possibilitar aos alunos a ampliação do conhecimento, principalmente no que diz respeito a como se colocar dentro de uma realidade. Tenho certeza que plantei uma sementinha, para compor a visão de mundo, para que eles tenham uma visão crítica da realidade, como se colocar diante das questões sociais. Minha disciplina leva à isso, fazer reflexões, perceber a realidade a partir de diversos ângulos e ampliar essa percepção”, defende.
Toda sua paixão pelo ensinar, sempre com simpatia e leveza, aproximou seus alunos, conquistando o afeto e deixando saudades. O carinho por ela foi recebido nos últimos dias de aulas, por mensagens faladas e escritas, como “muito obrigada professora, foi uma experiência muito rica”; “obrigada pela disponibilidade em sempre nos ajudar”; “professora, obrigada pela jornada de aprendizado, apesar de ser uma disciplina bastante densa, certamente ela foi mais agradável com a abordagem leve e prática da senhora. Boa aposentadoria. Curta seus netos”.
Sim, curtir os netos, Pedro e Lucas, de 9 e de 5 anos, é um dos prazeres que ela vive hoje durante a merecida aposentadoria, além de muitas outras coisas. “Quando a gente se aposenta, quer fazer tudo no mundo, quer recuperar o tempo perdido. Estou cuidando da saúde e dando um tempo para mim mesma. Esses oito meses voaram. Eu quero ficar curtindo mais a minha família e meus netinhos. Então, entrei em um programa de educação física, estou fazendo academia e proporcionando mais tempo para a minha família… Me preparei muito para curtir esse momento agora e, olha, o tempo voa, então eu estou valorizando muito esse tempo”.
Para os professores que ficam e que chegam na Uece, professora Rosangela deixa uma mensagem: “criem uma relação aberta com os alunos, escutem o que os eles estão precisando, estabeleça diálogo. Às vezes eles não tem isso nem em casa”.
Para essa docente que tanto cativou e se dedicou à Uece, fica essa homenagem e o agradecimento por ter contribuído no contínuo cumprimento da missão desta instituição.