Com sentimento de gratidão, professor Augusto Guimarães se aposenta na Uece

8 de maio de 2023 - 08:00

 

Antes mesmo da palavra gratidão, ou sinônima, ser pronunciada, foi possível perceber que era esse o sentimento que predominava no coração do professor Augusto Reinaldo Pimentel Guimarães ao assinar sua aposentadoria na Uece, no último dia 28 de abril, no Degep. Aos 63 anos de idade, após 38 anos de serviços, o professor titular se despede com a certeza de que deu o seu melhor.

Augusto ingressou na Uece, por meio de concurso, em 1985, como auxiliar de Ensino, vinculado ao curso de Nutrição, do Centro de Ciências da Saúde (CCS). Ao falar de sua trajetória na Uece, professor Augusto cita muitos nomes que vão desde os ex-reitores Claudio Regis, Perípedes, Manasses e Jackson Sampaio, passando por professores e servidores, chegando a colaboradores dos Serviços Gerais, aos quais ele demonstra, nas linhas e nas entrelinhas, muita gratidão. Afinal, como ele mesmo afirmou, é preciso entender que “ninguém faz nada sozinho”.

Essa gratidão se estende fortemente também a muitos nomes da Universidade de São Paulo (USP), pois foi lá, enquanto auxiliar de Ensino na Uece, que o docente fez seu Doutorado em Ciências de Alimentos e onde construiu muitos laços. Professor Augusto realizou, ainda, estágio de pós-doutorado na Universidade de Oxford, quando participou de eventos em universidades nos Estados Unidos, Europa e Ásia.

De volta ao Ceará, na Uece e fora dela, sua dedicação e conhecimento sobre Inovação não passaram despercebidos, fazendo com que, em 2008, o docente fosse convidado a assumir a Diretoria de Inovação da Funcap, onde permaneceu cedido pela Uece por quatro anos.

“A Uece é uma casa acadêmica que me acolheu de uma forma sensacional, sempre me respeitando e criando oportunidades. A Funcap é um ambiente muito diferente, com rotinas diferentes. Foi uma oportunidade de conviver em outra perspectiva. Enquanto diretor de Inovação pude colaborar, inclusive, com algumas iniciativas da própria Uece, beneficiando todo o estado”, destacou o professor.

No Ceará, foi também presidente da Câmara Setorial da Saúde, da Adece, por cerca de oito anos. Afinal, esse nutricionista, docente e gestor estava sempre pronto para ir onde ele fosse necessário. “Vim do estado da Paraíba, onde existia uma forte desnutrição. Quando cheguei no Ceará vi o ataque da mortalidade infantil… O papel da universidade, o papel do profissional é estar onde o problema estiver. Eu sempre assumi isso com absoluta tranquilidade. Então, quando fui convidado para participar de algo fora da universidade, sempre fiz questão de estar na linha de frente”.

Na Uece, ao longo de sua trajetória, o docente foi representante no Projeto Ceará 2050, colaborou na gestão da Pró-reitoria de Planejamento, foi coordenador geral da Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), coordenador do Departamento de Nutrição, diretor de Pesquisa, contribuiu significativamente para criação de um laboratório de Nutrição experimental e também no então recém-criado curso de graduação em Terapia Ocupacional.

“Fui acolhido de forma sensacional pela Coordenação do curso, pelos colegas professores da Terapia Ocupacional, um curso novo e um ambiente muito produtivo, muito colaborativo, de alegria, de graça, de satisfação em colaborar e construir”.

Com a certeza de que podia fazer ainda mais, não apenas pela Uece ou pelo Ceará de modo geral, professor Augusto resolveu preparar alguns de seus alunos egressos para, assim como ele, se pós-graduar na renomada USP, contando com os laços lá firmados. “Sempre considerei uma opção muito acertada. Essa opção me trouxe muitas alegrias e continua trazendo”, revela feliz.

Professor Augusto conseguiu ajudar cerca de 20 egressos da Uece a ingressarem na USP. “Eu sempre entendi e continuo entendendo que a ciência é universal. Depois que esses alunos concluem suas pós-graduações, eles escolhem seus destinos. Alguns voltaram e são hoje docentes da Uece; outros são dedicados a outras universidades brasileiras, no Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro, na Federal do Ceará, em São Paulo, Santa Catarina e em Minas Gerais”, se orgulha o docente.

E se engana quem pensa que ele fazia “apenas” isso. Professor Augusto continuava segurando a mão de seus alunos mesmo depois de já estarem cursando Mestrado na USP. Ele telefonava, conversava, aconselhava e até chegava a ir à São Paulo. “Muitas vezes peguei o avião daqui pra São Paulo e chamava todos eles pra comer uma pizza comigo no Shopping Eldorado. E aí conversava: como é que está sua vida? O que está fazendo? Como é que está fazendo? Fica esperto, faz assim… vai por aqui…”, conta o professor que “apadrinhou” seus alunos.

Professor Augusto valoriza muito o poder transformador da Educação. Um egresso do ensino superior de qualidade tem nas mãos a possibilidade de levar a diante uma corrente capaz de mudar muitas realidades. O recém-aposentado lembra que o Ceará se destaca pela qualidade do ensino nas escolas, onde existem muitos professores oriundos da Uece.

“A Universidade contribui com a formação de alunos, que serão professores do Ensino Médio do Ceará. Então, quando a gente fala que o Ensino Médio do Ceará é o melhor do Brasil, eu preciso acrescentar que somos o melhor do Brasil na formação dos nossos alunos, e somos o melhor porque temos a Uece contribuindo com isso”.

E acrescenta: “a universidade é esse ambiente acadêmico que não tem muros. É como como entidade viva, que é testada, avaliada constantemente. O tempo todo ela cria e se supera, e esse exercício, de natureza política, social, econômica e, sobretudo, de natureza do conhecimento, é um exercício sensacional”.

E, ao se despedir da docência na Uece, professor Augusto diz que leva muito dessa instituição que tanto o acolheu. “Eu levo, com absoluta certeza, só lembranças boas, só alegrias, só satisfação. Levo o sentimento de gratidão e os abraços de meus amigos”.

Sim, ele leva muito da Uece, mas também deixa muito de si, na instituição e, certamente, naqueles que cruzaram o seu caminho. “Deixo uma contribuição singela, porém muito importante e muitíssimo dedicada no meu íntimo e nas minhas ações, nas minhas práticas cotidianas”.

E, agora, aposentado, professor Augusto pretende aproveitar mais a família, especialmente a pequena netinha, mas também continuará a se dedicar à pesquisa voltada ao desenvolvimento de produtos para nutrição clínica. Pretende, ainda, fazer um estágio, possivelmente, fora do Brasil.

E para as mais novas gerações de docentes da Uece, professor Augusto deixa um conselho. “Se apaixonar pelo que faz, tem que fazer com paixão. Não adianta fazer pela metade e eu acredito que fazer com paixão é muito importante para uma boa execução”.