“Acabei de escrever meu terceiro livro, um Romance”, comemora professor aposentado da Uece

4 de janeiro de 2024 - 15:29

 

Após seis meses de sua aposentadoria como docente da Universidade Estadual do Ceará (Uece), professor João Bosco Nogueira comemora a conclusão de um novo livro. O Romance marca o fim de um ciclo, de uma vida dedicada à Uece, e início de outro, que agora tem como foco o desenvolvimento de atividades intelectuais e artísticas. Além do livro, professor João Bosco já fez algumas composições musicais.

“Ainda não me dei conta que estou totalmente aposentado porque dediquei esse tempo a muitas atividades”, conta o ex-docente da Uece, feliz com o tempo antes voltado à instituição, que agora é revertido para essas atividades que tanto oferece prazer. Não que a docência também não oferecesse. Longe de nós falar isso desse que tanto ama a Uece, assim como o ensinar e o aprender.

“A Uece me propiciou muito mais do que uma vida acadêmica, me ofereceu uma compreensão mais abrangente das realidades do mundo e da complexidade do ser humano, me fez melhor, como ser-pessoa humana, me enriqueceu como intelectual e como ser-gente”.

Professor João Bosco era vinculado ao curso de Ciências Contábeis, do Centro de Estudos Sociais Aplicados (Cesa), no entanto, se dedicou não apenas à sala de aula, mas também à gestão, sendo coordenador e vice-coordenador do curso e até pró-reitor de Políticas Estudantis. “Minha experiência na Prae foi simplesmente singular. Nela tive a oportunidade de compreender a Universidade em sua totalidade, como um organismo vivo, de muitos problemas, mas também de muita vitalidade e soluções”. Ele contribuiu com a instituição também como membro dos Conselhos de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e Universitário (Consu).

“Tive uma rica experiência na Uece. Posso dizer que tive duas grandes escolas na minha vida profissional: …a primeira me moldou a vida como técnico, um ser de racionalidade econômica, voltado para o mundo dos negócios… me trouxe a compreensão do homo economicus, centrado nas realidades do mundo empresarial. Já a Universidade me plasmou a vida como acadêmico, como homo humanus, com uma compreensão humanística e mais plural e universal das realidades. Em resumo: uma formou o técnico, a outra formou o humanista”, destacou o professor.

Ele fala do quanto aprendeu enquanto membro da Uece. “Fui, acima de tudo, um aprendiz. De fato, aprendi bastante com meus estudantes, com meu ambiente acadêmico…; tive muitas vezes que participar de bancas examinadoras de candidatos ao magistério, de exercer a função de orientador de monografias, e não raro, de exercer também o papel de amigo, de conselheiro ou psicólogo, numa comunidade de estudantes pobres, muitas vezes, cheios de problemas, e desprovidos de orientação e assistência familiar”.

Entre tantos momentos, João Bosco guarda alguns em sua mente, mesmo que não tenham sido nada fáceis, mas que deixaram grandes aprendizados. “Os vários momentos de greve, sempre recorrentes e longas são inesquecíveis. Foram situações de difícil convivência. Administrar um Restaurante Universitário foi uma experiência desafiadora. Ouvir apitos de estudantes grevistas nos ouvidos foi uma experiência que me desafiou a paciência e me tornou mais tolerante, mais humilde e mais consciente das realidades dos estudantes, e me trouxe, sobretudo, maturidade política”.

Outros momentos, ele carrega no coração. “Guardo a lembrança de, certa vez, ter fornecido roupa minha para um estudante muito pobre, que faltava às aulas por não ter como se vestir. Lembro ainda uma situação em que tive que aplicar prova final para uma estudante concludente, no hospital em que ela estava internada. Na missa de formatura, ela e a mãe me agradeceram em lágrimas”.

Diante de tudo que viveu na Uece, professor João Bosco levou muito de sua amada instituição. “Levo uma experiência enriquecedora, sob todos os aspectos, seja como professor, como intelectual e como ser humano. Levo a saudade do magistério, dos estudantes, autênticos mestres meus, do rico ambiente acadêmico, sempre dinâmico, e a convicção de que tentei dar o melhor de mim”.

Ele deixa uma mensagem. “Todos nós temos uma missão especial nesta vida: deixar o Mundo melhor do que quando a ele viemos, e a humanidade mais humana e maior”. E finaliza: “Fico feliz ao ver nossa Uece crescendo, vejo que ela vive um alegre e animador momento. Ao mesmo tempo, fico frustrado ao ver que não poderei mais participar desse rico e dinâmico momento de intenso crescimento”.

A esse professor e gestor, a Universidade Estadual do Ceará expressa sua homenagem e agradecimento pelos 30 anos em que desempenhou importante papel para o cumprimento da missão desta instituição.