LAIS e o Monitoramento da Qualidade do ar em Fortaleza – Efeito do Isolamento Social [Matéria do Jornal o Povo – CIENCIA&SAUDE]

7 de junho de 2020 - 12:04

A UECE e o IFCE monitoram em parceria a qualidade do ar na cidade de Fortaleza desde 2014:

Queda na poluição atmosférica chega a 50% durante o isolamento social.

 – Ao mesmo tempo em que a Covid-19 é reflexo da degradação da natureza causada pelas atividades humanas, ações para conter a dispersão do coronavírus têm resultado em efeitos positivos para o meio ambiente. Os bloqueios desencadeados pela pandemia, com cerca de 2,6 bilhões de pessoas vivendo sob restrições, estão demonstrando impacto positivo para o planeta. “A redução da poluição do ar chama a atenção, pois a atmosfera responde muito rápido à redução da queima de combustíveis, principalmente, associada à circulação de veículos motorizados”, pontua David Tsai, coordenador da área de Emissões do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema). Tsai explica que as atividades de transporte são as principais causadoras da poluição do ar. Um estudo divulgado pelo Google aponta o Ceará como o quinto estado do Brasil que mais reduziu a movimentação de pessoas no período entre 16 de fevereiro a 29 de março de 2020. Entre as unidades federativas do Nordeste, o Estado aparece em terceiro lugar. “Talvez a população possa perceber subjetivamente as mudanças na qualidade do ar notando maior transparência da atmosfera e menos odores. No entanto, não é ainda possível observar essas mudanças cientificamente a partir de dados objetivos sistematizados”, ressalva o pesquisador. Entre os 27 estados brasileiros, apenas dez contam com algum tipo de monitoramento oficial da qualidade do ar.

– Em Fortaleza, um laboratório da Universidade Estadual do Ceará (Uece) está medindo as concentrações de ozônio (O3) nos arredores do campus do Itaperi. “Monitoramos a qualidade do ar da Capital, em parceria com o Instituto Federal do Ceará (IFCE), desde 2014. Com a pandemia, já tínhamos deixado as atividades na Universidade. Mas pensamos: ‘Como realmente estará a qualidade do ar? Sabemos que vai melhorar, mas de quanto será essa melhora?'”, explica Mona Lisa Moura, coordenadora do Laboratório de Conversão Energética e Emissões Atmosféricas (Laceema).

– O ozônio foi o indicador escolhido por se tratar de um gás secundário formado a partir de reações fotoquímicas entre outros poluentes como os óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos, monóxido de carbono e material particulado. “Diferente daquele da camada de ozônio na estratosfera, o ozônio troposférico é altamente prejudicial. Ele é oxidante, maléfico para a vegetação e para o sistema respiratório humano”, ensina Mona Lisa.

– Ela destaca ainda que as medições são cruzadas com dados meteorológicos, como precipitações, o índice de insolação, a presença e velocidade dos ventos, a fim de estimar a dispersão desse poluente. “Isso porque o ozônio tem uma vida útil considerável e pode percorrer até 800 km a partir do ponto em que foi gerado. O ozônio produzido na região do Itaperi pode abranger Fortaleza e chegar ao interior.” A pesquisa, realizada entre os Laboratórios Associados de Inovação e Sustentabilidade (Lais) da Uece e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, deve seguir durante todo o ano e aferir também os impactos da situação atmosférica na saúde humana. Ao mesmo tempo, os índices fornecem indicativos da aceitação e respeito ao distanciamento social. “É uma questão de utilidade pública. Uma documentação não só acadêmica, mas também para a população e para o poder público”, afirma Mona Lisa.

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Edição 14 de maio de 202

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