Diario de Quarentena – LAPPS/UECE

27 de agosto de 2020 - 19:20

Me chamo Daniel Vieira, sou aluno graduando em Pedagogia pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central campus Quixadá,  instituição esta ligada ao corpo da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Faço parte desde o ano de 2017 do Laboratório de Pesquisa Sobre Políticas Sociais do Sertão Central (LAPPS), sou natural da cidade de Senador Pompeu, mas desde o ano de 2016 resido em Quixadá.

Grande parte da quarentena estive em minha comunidade Sítio Muxinató, que pertencente ao município de Senador Pompeu. Lá, por ser interior, os impactos trazidos pela pandemia não foram tão agressivos como nos grandes centros. Com o aprofundamento da proliferação vírus, tendo em vista o crescente número de pessoas infectadas e mortas no Brasil e no mundo, evidenciou-se como frágeis somos. Para, além disso, a falta de medicamentos para o combate da doença torna o drama cada vez maior.

Diante de tantos problemas sociais já enfrentados pela sociedade como a fome, desemprego, violência, criminalidade, educação, moradia, saúde, racismo, bem como, um cenário real de uma sociedade baseada não nos princípios coletivos, mas em um regime de sustentação dos interesses de uma classe capitalista parasitária sem nada oferecer, objetiva-se exclusivamente a permanência da sustentação de seus privilégios. Falo isto pois todos os problemas anteriormente expostos já foram naturalizados pelo sistema e já não geram em grande parte da sociedade objeto de debate e preocupação.

A pandemia durante esses quatro meses, dia após dia, foi responsável por ceifar a vida de milhares de pessoas pelo mundo. No Brasil, já passam de 100 mil vidas que  deixaram no coração de alguém a saudade  de um abraço, de um beijo, das conversas, que em um piscar de olhos deram lugar às lembranças do que não volta mais. Percebi, com aprofundamento dessa crise sanitária, o quanto somos feitos de instantes. Por outro lado, ao ver como a vida humana ao olhar das elites é vista apenas como números, confesso que alguns dias foram frustrantes e me fizeram perder as esperanças de um mundo melhor. No entanto, ver o trabalho desenvolvido pelos profissionais da saúde, colocando suas próprias vidas em risco por pessoas que nem ao menos elas conhecem fazem reascender as esperanças de dias e pessoas melhores.

Que possamos fazer desse momento tão difícil um momento de reflexão sobre como estamos vivendo a vida. Que possamos entender que o hoje não é só mais um dia, mas o momento ideal para ser feliz! Termino com uma frase da música da Ana Carolina Vilela: “A vida é trem-bala, parceiro, e a gente é só passageiro prestes a partir”.