Diario de Quarentena – LAPPS/UECE

10 de agosto de 2020 - 15:49

Dando continuidade aos relatos de como a quarentena está impactando na sociedade e em todos os segmentos que surgem, dessa estrutura, dessa vez, trouxemos um ex-aluno e ex-professor da Feclesc e pesquisador-colaborador do LAPPS para dar suas considerações.

DEPOIMENTO 2- ANTONIO NASCIMENTO DA SILVA

Sou Antonio Nascimento da Silva, Pedagogo-FECLESC/UECE, Mestre em Educação-PPGE/UECE, natural da cidade de Capistrano-CE.

A quarentena tem sido uma oportunidade de rever as prioridades, usar melhor o tempo disponível. Tenho particularmente definido novas metas com relação à minha pesquisa. Decidi aprender algo novo na quarentena (html5 e python)e procurado dar conta da melhor maneira possível do trabalho, que agora tem sido realizado a partir de minha própria residência.

Desde o início da pandemia, do isolamento social, a rotina de trabalho foi completamente alterada, passamos todxs a trabalhar remotamente, e, isso é um problema, dado que meu trabalho exige que se esteja em campo, nas escolas. Então, tentar fazer esse trabalho de suporte pedagógico através de Whatsapp, de Google Meet, não é produtivo.

Nosso governo municipal tem seguido os decretos estaduais; tivemos um período de isolamento rígido, inclusive com barreiras sanitárias nas entradas e saídas da cidade. Obviamente nem todos os munícipes foram e tampouco estão de acordo com tais medidas. Vários serviços não essenciais foram suspensos, mas, de acordo com o avançar das etapas de reabertura do comércio/serviços, muitos estão voltando a funcionar, como restaurantes e pizzarias.

Procuro aplicar o máximo possível as recomendações e protocolos das instituições competentes, resumindo: muito álcool em gel, sair só quando realmente necessário (às vezes sair pra encontrar com amigos é extremamente necessário), e, nesse caso, com máscara; evitando aglomerações. Penso que, nesse momento atual, meus sentimentos refletem o que dizia Raul:

…Esteja atento

Ao rumo da História

Mantenha em segredo

Mas mantenha viva

Sua paranóia

Conserve seu medo

Mas sempre ficando

Sem medo de nada…

Sobre a educação, não há nada de novo, é a mesma de antes, bancada por um Estado burguês a serviço da elite econômica e política do país, e, vale ressaltar, extremamente atrasada. Tenho ouvido alguns teóricos, renomados até, afirmarem que a pandemia serviu ou tem servido para mostrar/desvelar as enormes diferenças sociais que temos e como isso impacta na educação. Eu discordo: o abismo abissal entre uma minoria privilegiada e uma massa trabalhadora explorada sempre esteve bem na nossa frente, de forma muito clara, e, inclusive na educação, basta olhar para a estrutura de um FB (Farias Brito) Júnior (que no limite é o que consegue de melhor esse modelo societário) e a situação de uma Creche pública. Na realidade, para a educação, a única serventia que a pandemia vai ter é o próprio Estado se apropriar da farsa do ensino remoto para esvaziar ainda mais a educação pública, e, como contribuição para seu grande sonho (e nosso pesadelo): terceirizar a educação pública, privatizá-la, seguindo assim de modo exemplar a cartilha neoliberal.