Diario de Quarentena – LAPPS/UECE

9 de agosto de 2020 - 21:44

Sabemos que estamos passando por um dos momentos mais delicados e nebulosos, em que o cotidiano foi totalmente modificado em função do advento da pandemia. Com isso, com o intuito de saber o impacto dessa mudança, está dado início ao Diário de Quarentena, onde serão expostos alguns depoimentos de pessoas que foram ou estão dentro da unidade da UECE/FECLESC e de como elas se sentem com tudo o que mudou em suas vidas.

DEPOIMENTO 1- ISABEL CRISTINA NOBRE RABELO

Me chamo Isabel Cristina Nobre Rabelo, ex-bolsista do Laboratório de Pesquisas Sobre Políticas Sociais do Sertão Central- LAPPS, graduada no curso de Pedagogia, sou da cidade de Banabuiú-Ce.

A quarentena veio para mim no pior momento que poderia acontecer; estava vindo de um momento da maior perda da minha vida e não estava bem de saúde, muito menos psicologicamente, passei os quatro meses que antecederam a quarenta em casa, doente, com crises e crises de enxaqueca, de ansiedade, meio depressiva e sem perspectiva de melhora, quando finalmente tive forças pra recomeçar, veio tudo isso e parecia que tudo ia voltar de novo, era o pior momento para mim.

Foi para todos uma surpresa, de início pensávamos que seria por pouco tempo, que logo isso acalmaria e retornaríamos à nossa vida normalmente. Meus planos para esse ano estavam longe de passar meses trancada em casa sem poder ir atrás de um emprego, de buscar minha independência financeira fora da casa dos meus pais. Bom, mas pensei: vou começar a estudar, continuar minha pesquisa, meu projeto pra tentar o mestrado ao final do ano, mais um plano frustrado, travei, não consegui escrever, ler ou ao menos ver série (o que antes era uma boa saída para quando a ansiedade atacava).

Minha rotina basicamente durante esse período é com afazeres de casa: duas vezes ao mês preciso sair de casa para ir a banco e ao mercado e tenho tentado retomar o hábito de caminhar para me ajudar a dormir, porque, sim, não tenho dormido também; a ansiedade ataca, a insônia chega e a noite acaba, meu corpo fica cansado, o dia não rende e por aí vai num loop sem fim.

Surgiu, então, a oportunidade para participar de um curso “Introdução à Estética em Lukács”. Como me interesso pelo assunto, comecei a participar, às quintas-feiras, era quase como uma fuga para mim, como se estivesse revivendo o ambiente acadêmico; claro que minha amiga ansiedade não me deixou em paz, perdi alguns encontros, ainda assim foi uma das únicas coisas que me fez bem durante esse tempo todo, além da ajuda daqueles amigos, que estão sempre por perto quando preciso.

Depois de contar minha experiência, acho válido falar sobre minha cidade. Pelo que pude ver, a prefeitura tomou todas as medidas possíveis para que quando o vírus chegasse em nossa cidade não pegasse a todos de surpresa e infectasse o mínimo de pessoas possíveis.

No que se refere ao ensino mediante a esse cenário, pude perceber que as aulas à distância são uma boa saída, sim, mas ao mesmo tempo, os alunos não têm o mesmo aprendizado de quando estão em sala de aula, sem falar naqueles alunos que não têm o acesso necessário para participar das aulas online. Alguns professores não estão familiarizados com a câmera e com a tecnologia e isso acaba que atrapalha, pois é preciso nesse momento que o aluno se sinta o mais próximo possível dos professores; quando esses não gravam as aulas, não explicam o conteúdo, fica cada vez mais difícil o entendimento do conteúdo, principalmente, claro, no ensino regular.

Essa foi a primeira vez durante a quarentena que escrevo sobre como me sinto, como tudo isso me afetou e ainda vai afetar, me sinto melhor agora que pude compartilhar com os demais. Obrigada!