Debates sobre violência sexual marcam II SICEVMulher realizado na Uece
3 de dezembro de 2025 - 12:05
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) realizou, nos dias 27 e 28 de novembro, o II Simpósio Cearense de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (SICEVMulher), que nesta edição teve como tema central “Violência sexual: prevenção, justiça e cuidado”. Promovido pelo Laboratório de Sociedade, Subjetividades e Humanismo (Lassu), vinculado ao Curso de Psicologia do Centro de Humanidades (CH), o evento reuniu cerca de 300 pessoas inscritas, entre estudantes, profissionais da rede de educação, proteção social, segurança pública e saúde, além de pesquisadores de áreas distintas. Os participantes vieram de cidades cearenses como Fortaleza, Eusébio, Caucaia, Maracanaú, Sobral, Horizonte, Guaiúba e São Gonçalo do Amarante.
A programação teve início com a cerimônia de abertura, que contou com a presença de autoridades e de representantes da Uece, do Governo do Estado, do Tribunal de Justiça, da Assembleia Legislativa, da Defensoria Pública, da Casa da Mulher Brasileira, da OAB e de outras instituições envolvidas no enfrentamento às violências. Após a composição da mesa, a coordenadora geral do evento e do Lassu, professora Layza Castelo Branco Mendes, ministrou a palestra de abertura abordando os desafios da prevenção, da justiça e do cuidado no contexto da violência sexual contra mulheres, adolescentes e crianças.
Ao longo dos dois dias, o simpósio promoveu mesas-redondas, debates, rodas de conversa e apresentações de pesquisas, além de expressões artísticas que deram sensibilidade e força à temática discutida. Foram apresentados seis trabalhos artísticos, incluindo poesia, música e pinturas, entre eles, uma exposição de quadros produzidos por estudantes do ensino médio da rede pública estadual, resultado de um projeto do Tribunal de Justiça do Ceará sobre prevenção à violência contra a mulher nas escolas. A programação acadêmica também foi intensa, com 32 trabalhos científicos apresentados distribuídos entre os três eixos temáticos do evento: Saúde e acolhimento das vítimas; Justiça, direitos e políticas públicas; e Educação, cultura e enfrentamento.
Um dos momentos mais marcantes do evento foi a roda de conversa com Renata Coan Cuduh, administradora, empresária e sobrevivente de violência, que compartilhou uma perspectiva singular sobre a luta por justiça e cuidado. Em diálogo com a professora Layza, sua fala emocionou o público ao reforçar a necessidade urgente de romper com a cultura do silenciamento e fortalecer redes de apoio.
O evento foi encerrado com a mais esperada conferência, intitulada “Cultura da objetificação sexual: gênero, emoções e masculinidade”, proferida pela professora Valeska Zanello, referência nacional nas discussões sobre gênero, saúde mental e masculinidades. Houve, ainda, momento de autógrafos e fotos com a conferencista, que é também autora de dois livros bestsellers: “Saúde Mental, Gênero e Dispositivos” e “Prateleira do Amor”.
Ao avaliar o evento, a coordenadora geral, professora Layza Castelo Branco, destacou a importância da diversidade institucional e disciplinar presente no simpósio. Para ela, “os objetivos do segundo simpósio de enfrentamento à violência contra a mulher foram alcançados, na medida em que tivemos mais de 300 pessoas contribuindo com a construção de conhecimento coletivo, trocando informações das práticas de diversos equipamentos de saúde, justiça e educação”. A professora reforçou o caráter interdisciplinar do encontro ressaltando que “uma única ciência sozinha não vai conseguir a diminuição desses dados alarmantes e assustadores de violência contra a mulher, em especial a violência sexual. É preciso uma força-tarefa com a contribuição coletiva e o diálogo entre diversas áreas, porque se trata de um tema altamente complexo”.
Layza também enfatizou a relevância da participação de profissionais que atuam diretamente na ponta dos atendimentos às vítimas: “fizemos questão de convidar representantes de equipamentos de saúde, justiça e educação, desde a atenção primária até a terciária, porque são essas equipes que vivenciam diariamente os desafios do acolhimento, da prevenção e da intervenção”. A coordenadora celebrou ainda a integração entre universidade, escolas e redes de proteção, destacando a exposição de pinturas de estudantes do ensino médio.
Entre os participantes do evento, estava a psicóloga e servidora da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), Luana Vieira, que ressaltou a importância da iniciativa para sua atuação profissional. “Eu vim porque, além de trabalhar na Secult, pesquiso temas ligados a gênero e mulheridades. Atendo predominantemente mulheres e queria me atualizar, entender como está a rede, conhecer fluxos, portas de entrada e locais de acesso. Este evento está sendo muito importante porque agora sei melhor como funciona essa articulação e posso aprofundar dimensões teóricas fundamentais”. Para Luana, a participação da Secult e de outros órgãos reforça o papel estratégico da universidade: “É muito importante a universidade promover espaços de integração entre instituições e órgãos do Estado. Isso permite que a cultura também leve esse debate para suas políticas e produções, junto com profissionais da saúde, assistência e educação. É necessário ter ensino, pesquisa e extensão bem integrados para promover transformação social de fato”.
Todos os inscritos têm direito à certificação de 20 horas, emitida pela Uece.
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Fotos: Ascom/Uece e Cabeludos Produções












