Diagnóstico do LAGIZC libera obras dos Aterros da Beira Mar e Praia de Iracema

8 de outubro de 2019 - 11:18

Após questionamentos do movimento ambientalista sobre os possíveis impactos na fauna, na flora e no meio marítimo em decorrência das obras de construção dos aterros da Praia de Iracema e Beira Mar de Fortaleza, o Ministério Público Federal–MPF solicitou à Prefeitura de Fortaleza que realizasse estudos complementares aos Estudos de Impactos Ambientais–EIA, que analisem se existirão esses possíveis danos ao meio ambiente.

A Prefeitura de Fortaleza, por intermédio da Secretaria de Infraestrutura-SEINF, contratou a Universidade Estadual do Ceará (UECE), por meio do Instituto de Estudos, Pesquisas e Projetos da UECE-IEPRO e do Laboratório de Gestão Integrada da Zona Costeira–LAGIZC/UECE, para responder a uma série de questionamentos ambientais que pudessem balizar a decisão do MPF sobre liberar ou não o início das obras dos aterros.

Coleta de amostras

O LAGIZC/UECE executou uma série de estudos em caráter de urgência, realizou mergulhos oceânicos com filmagens e coleta de amostras nas áreas da jazida marinha e nas áreas que serão aterradas, analisou o fundo marinho para detectar se existiam bancos de corais, analisou a fauna aquática e bentônica (endofauna e epifauna sedimentar), realizou análises químicas nos sedimentos e na água marinha para determinar se havia poluição por metais pesados, determinou a turbidez da água (figuras a seguir), mediu a pressão sonora na área da intervenção, analisou a paisagem por voos de drones, realizou entrevistas com representantes de entidades da sociedade civil e com um grande número de usuários, comerciantes e moradores da Avenida Beira Mar para saber a opinião deles sobre os aterros da Praia de Iracema e da Beira Mar.

Embarcações utilizadas nos estudos

Após a análise dos dados coletados, o LAGIZC/UECE elaborou um relatório técnico intitulado Diagnóstico Ambiental da Área de Jazida e de Deposição de Sedimentos nos Aterros das Praias de Iracema e Beira Mar de Fortaleza (disponível AQUI), que teve como coordenador científico o Professor Dr. Fábio Perdigão Vasconcelos.

Área dos aterros

O Diagnóstico complementa as informações do EIA e comprova, cientificamente, que não haverá impactos negativos significativos da obra dos aterros da Praia de Iracema e Beira Mar de Fortaleza sobre o meio ambiente marinho, na área da jazida oceânica e nas praias que serão aterradas. O documento também apresentadas sugestões, entre elas a mudança da área da jazida para diminuir a possibilidade de impactos ambientais adversos (figura abaixo).

Área proposta da jazida marinha (Fonte: Google Earth, 2019)

Baseado nesse estudo, o Ministério Público Federal liberou o início das obras e fez recomendações para que fossem realizados Monitoramentos Ambientais durante e após a realização da dragagem na jazida marinha e a construção dos aterros nas praias. Esse monitoramento ambiental já foi iniciado pelo LAGIZC/UECE, no mês de setembro de 2019.

Mergulhos oceânicos

O LAGIZC/UECE sugeriu à Prefeitura de Fortaleza que convidasse outros parceiros, como o Instituto de Ciências do Mar/UFC e a ONG AQUASIS para complementar os estudos concernentes à fauna e flora marinha. Os estudos realizados pelo LAGIZC/UECE e pelas duas instituições convidadas são necessários à garantia da preservação dos ecossistemas costeiros de Fortaleza, ao mesmo tempo em que a cidade se desenvolve para o lazer, recreação, turismo e garante uma melhor qualidade de vida para seus cidadãos.