Uece inicia semestre 2019.1 com combate às desigualdades e fomento da inclusão social

28 de junho de 2019 - 11:23 # # #

Adriana Rodrigues

O semestre letivo 2019.1 da Universidade Estadual do Ceará começou e vem com algumas novidades. A primeira é a chegada do mais novo curso de graduação da Uece, Terapia Ocupacional. E a segunda, é que a Uece aumentou sua força no combate às desigualdades e no fomento da inclusão social com o ingresso de novos alunos declarados Pessoas com Deficiência (PcD), por meio da primeira oferta de vagas destinadas especificamente para esse público, reforçando o compromisso da Uece em ser uma universidade popular e acessível.

O semestre foi aberto com a já tradicional Semana da Integração, realizada de 24 a 26 de junho, com o principal objetivo de marcar a retomada das atividades acadêmicas dos alunos veteranos e recepcionar os novatos, integrando-os à nova etapa de formação.

Nesse período, em todos os campi da Uece, os calouros foram recebidos com uma programação especial, pela Administração Superior, Centros e Faculdades, Coordenações de Cursos, professores, alunos veteranos e servidores técnico-administrativos.

Para dar as boas-vindas e explicar um pouco sobre a universidade e tudo o que ela oferece, a Administração Superior da Uece e a representação estudantil recepcionaram os estudantes de Fortaleza na terça-feira (26/06), no Auditório Central, Campus Itaperi, em dois horários, às 8h30 e às 18h30.

Os pró-reitores ou representantes das Pró-Reitorias de Graduação (Prograd), de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPGPq), de Extensão (Proex) e de Políticas Estudantis (Prae), falaram sobre os trabalhos executados por cada uma, a exemplo da oferta anual de bolsas, projetos e eventos.

A pró-reitora de Graduação, Mônica Duarte Cavaignac, destacou o início da primeira turma do curso de bacharelado em Terapia Ocupacional, vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS).

Em 2008, o curso era oferecido por nove instituições do Nordeste, oito delas privadas. Em 2018, esse número caiu para cinco – dois em instituições públicas e três em privadas. A Uece, portanto, suprirá a carência existente na região, sendo a primeira instituição pública do Ceará a oferecer o curso.

Os representantes estudantis, Edmilson Nunes Pinho, do curso de Enfermagem, e Karina Santos Lima da Cunha, do curso de Serviço Social, falaram aos novos alunos sobre suas experiências como graduandos. Edmilson salientou: “Aproveitem! Não deixem que a universidade passe por vocês, passem por ela”.

O vice-reitor da Uece, professor Hidelbrando Soares, deu as boas-vindas aos estudantes ressaltando o quanto devem ter orgulho de ingressarem na Uece, “uma das mais importantes universidades públicas deste país”, destacou.

O presidente do encontro chamou a atenção dos calouros ao falar de um dos mais graves problemas estruturais de nosso país, a desigualdade social. “O Ceará, por exemplo, tem o terceiro maior número de bilionários do país, só perdemos para São Paulo e Rio de Janeiro. Por outro lado, mais da metade da população cearense ganha menos de R$ 500”.

Hidelbrando Soares acentuou o papel da universidade nesse contexto: “Nós, que fazemos a universidade pública temos a obrigação de colocar esse problema como centro permanente de nossas preocupações. O fazer universitário exige compromisso social com milhões de brasileiros que não tem acesso ao mínimo que lhe permita cidadania digna. A ciência, a tecnologia e a inovação produzidas na universidade pública devem ser solidárias na busca de soluções criativas para este desastre social brasileiro”, enfatizou Hidelbrando.

Foi com o propósito de lutar contra os mais diversos tipos de desigualdades, fomentar a inclusão social e atender a Lei Estadual nº 16.197/2017, que a Uece, a partir do Vestibular 2019.1, passou a oferecer 3% de suas vagas da ampla disputa para Pessoas com Deficiência (PcD).

“Orgulha-nos, sobremaneira, sermos hoje a segunda universidade brasileira com política de inclusão social com impacto na redução das desigualdades sociais”, contou o vice-reitor se referindo ao Ranking de Impacto das Universidades, do Times Higher Education (THE), que aponta a Uece em segundo lugar no indicador “Redução da Desigualdade”, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Paulo Airton Rios Neto, de 18 anos, é um dos beneficiados dessa mudança no vestibular da Uece. O jovem, que tem problema na visão, foi aprovado para fazer o curso que tanto sonhou, Psicologia.

Durante o evento, no auditório, ele compartilhou com a plateia a lembrança do momento em que o fez perceber que as dificuldades por ele enfrentadas não deveriam fazê-lo parar de vencer desafios. “Eu sou capaz! Eu acredito muito no poder do querer! E foi exatamente esse poder do querer que me fez sair do meu lugar agora e ficar aqui na frente, pra falar isso a vocês. Há dois anos eu não pegaria num microfone”, confessou Paulo.

Sua mãe, Paula Érika Rios, acompanhou o filho nesse dia e explicou que ele tem, há apenas três anos, retinose pigmentar, que são alterações genéticas capazes de causar uma doença caracterizada pela perda de visão noturna, perda do campo visual e de visão central. “Ele perdeu toda a visão periférica e só tem a focal”, revelou a mãe.

“Eu dou os parabéns pela acessibilidade e conscientização da Uece, pois aqui houve o respeito ao tipo de deficiência dele. Aqui houve a compreensão de que uma pessoa pode adquirir uma deficiência em qualquer fase da vida. Respeitam a situação e não apenas a origem estudantil. Agradeço demais essa oportunidade que deram para o meu filho. Tenho muita gratidão”, agradece Paula Érika.

Para atender a esse público, a Uece vem se preparando, adequando sua infraestrutura física, seu pessoal e seus projetos oferecidos para a comunidade ueceana.

Felipe José Mendes Farias, de 31 anos, também é deficiente visual. Ingressou no curso de Música, mas preferiu arriscar uma vaga na ampla concorrência, e conseguiu! Ele, assim como os que entraram na Uece com as vagas para PcD, viverão uma nova, diferente e enriquecedora fase de desafios no que diz respeito a inclusão e igualdade social dentro da Uece. O desejo por mais igualdade e oportunidades é o que Felipe expressou em canção de sua autoria, emocionando a todos os presentes no auditório:

“Eu queria ter o dom de poder cantar igual aos pássaros que Deus fez pra viver, livre pra voar nesse azul sem dimensão. Eu queria ter poder pra poder fazer você às vezes dizer sim ao invés do não”.

Sim, Felipe! A Uece disse “sim” a você, assim também como aos aprovados no vestibular para ocuparem as primeiras vagas PcD: Paulo Airton, Bruno, Marcus Fábio, Maria Clara, Moliny, Paulo Vitor e o Rhuanan.

As cerimônias contaram com as apresentações do Grupo Choro Grande Banda, projeto de extensão vinculado ao curso de Música; do aluno do curso de bacharelado em Piano, Felipe Silveira; e do grupo da disciplina de Ensino da Dança, do curso de Educação Física.

Houve ainda a participação do Núcleo de Apoio Psicossocial à Comunidade da Uece (NAPSI), que, ao realizar dinâmica com os calouros, oportunizou a eles o compartilhamento de suas experiências para entrar na instituição e suas expectativas como graduandos.

Estiveram também presentes para receber os novos alunos, diretores de Centros e Faculdades, coordenadores de cursos, professores, alunos veteranos e servidores técnico-administrativos.