Uece em evento debate tema Juventude quer Viver

28 de maio de 2019 - 16:18

O Ciclo de Debates – Direitos Humanos e Cidadania do Laboratório de Direitos Humanos, Cidadania e Ética (LabVida) da Universidade Estadual do Ceará(UECE), promoveu no último, 20 de maio, das 09h às 12h, no auditório Aluisio Cavalcanti, localizado no Centro de Estudos Sociais Aplicados (Cesa), campus Itaperi, mesa de debates com o tema “A Juventude quer viver: problemas e alternativas frente ao homicídio em Fortaleza”.

O LabVida está completando 19 anos de criação, neste ano de 2019 discute os seguintes temas: violência, adoecimento e morte de policiais; homicídios de jovens; feminicídios e a questão das drogas numa perspectiva mais voltada à reflexão e compreensão do fenômeno do que à sua criminalização. O evento do LabVida é realizado anualmente.

Os altos índices de homicídios de jovens no Brasil nos denunciam a anos que estamos vivenciando um extermínio da população jovem. O porcentual de homicídios como causa de morte entre os jovens sobe ainda mais se o recorte for feito para pessoas de 15 a 19 anos. Em 2016, o País registrou mais de 60 mil mortes, considerada um número recorde por estudiosos e ao mesmo tempo a violência tem como principal alvo, novamente, as populações negras e jovens, mantendo assim o histórico de vitimização concentrado em uma determinada faixa etária e cor, como demonstram o estudo do Atlas da Violência de 2018, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Observando ainda que a taxa de homicídios de negros (pretos e pardos) no Brasil foi de 40,2, enquanto a de não negros (brancos, amarelos e indígenas) ficou em 16 por 100 mil habitantes. Recordando que no ano de 2016, o Brasil alcançou o maior número de mortes violentas intencionais, como homicídios e latrocínios, da sua história.

Ao mesmo tempo, estudos confirmam a tendência de crescimento da violência nas Regiões Norte e Nordeste com a migração de grupos criminosos do sul e sudeste do País que acabaram vitimando mais as populações negras e jovens dessas regiões, que antes apresentavam baixos índices de violência e homicídios. E essa vitimização vai ocorrer prioritariamente por armas de fogo.

A mesa de trabalhos do debate foi coordenada pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Uece e do Laboratório da Conflitualidade e Violência (Covio), Geovani Jacó de Freitas e composta pelo seguintes expositores: professora Camila Holanda (socióloga, doutora em Sociologia. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia da Juventude, da Violência e dos Conflitos Sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: culturas juvenis, infância e adolescência, politicas públicas, pobreza, desigualdade social e direitos humanos. Atualmente é professora da Faculdade de Educação de Itapipoca- FACEDI-UECE, pesquisadora associada do LEV-UFC e participou da Pesquisa do Comitê Cearense de Prevenção de Homicídios da Adolescência da Assembleia Legislativa do Ceará, realizada em 2016 e da produção do seu relatório.

As discussões do tema contou ainda com a Defensora Pública Gina Moura (Graduada em Direito, Especialista em Direito Processual Penal e Direito Penal, Mestre em Direito. Atualmente é Defensora Pública do Estado do Ceará, integra o Núcleo de Assistência aos Presos Provisórios e às Vítimas da Violência (Nuapp) da Defensoria e é responsável pelas atividades do Projeto Rede Acolhe no Ceará e do aluno de Graduação em Ciências Sociais da UECE, Lucas Isaías Vieira é bolsista PIBIC/CNPq e integrante do LabVida/UECE.

Com essa nova reconfiguração do crime/dos seus mercados nos territórios das cidades, mais especificamente, na periferia da cidade de Fortaleza, o que se vem constando localmente? Percebemos que a população vitimada pela violência letal permanece prioritariamente a mesma, ou seja; são os jovens negros, pobres, de baixa escolaridade e moradores da periferia. Essa mesma população é tanto vitimada pelos grupos criminosos como pelas ações e incursões policiais violentas e fora de padrões, marcadas pelo recrudescimento da violência policial contra essa mesma população. Aqui há que se compreender a complexidade que envolve todo esse fenômeno numa sociedade gerida pela rapidez instantânea das comunicações informacionais como se pôde ver, por meio da web e dos smartsphones no decorrer das últimas rebeliões carcerárias que ocorreram no País de Norte a Sul.