Sobre a Câmara de Políticas de Arte e Cultura da UECE

27 de novembro de 2012 - 12:06 #

 

Confira abaixo o artigo do professor Erasmo Miessa Ruiz, diretor da EdUECE, que saiu publicado na edição do dia 17 de novembro, do jornal O POVO, por ocasião da realização da XVII Semana Universitária, realizada no período de 19 a 23 de novembro.

 

Sobre a Câmara de Políticas de Arte e Cultura da UECE

Erasmo Miessa Ruiz*


O conflito por ampliação de participação política de grupos sociais excluídos  configura marca indelével nla história. Dos plebeus da antiga Roma às massas revolucionárias da França do século das luzes passando pelas  lutas de libertação nacional e derrubada de regimes opressivos por todo século XX, chegamos ao mundo onde a rápida difusão de informações coloca em xeque permanente os projetos de hegemonia.

 

Em passado não tão distante, cumpria às universidades o papel de vigiar e punir quem se atrevia a expor a dúvida sobre os dogmas. Assim,  a ciência muitas vezes esteve amordaçada em seu próprio território. A construção do conhecimento e a prática política sempre estiveram juntas e essa convivência,  quase sempre, não foi harmoniosa.

 

No entanto, o papel das universidades tem mudado. Se muitos projetos de produção e difusão de conhecimento ainda se atrelam aos interesses econômicos e a ciência praticada é  imolada no altar do poder do dinheiro, cumpre às universidades questionar as formas como o conhecimento é produzido e apropriado. Não se pode falar em possibilidades de exercício de liberdade que seja efetivo quando números expressivos de seres humanos acham-se afastados da cultura letrada.

 

É papel da Universidade propor políticas de arte e cultura onde as pessoas possam continuar o eterno processo de alfabetização que vai além do mero saber escrever. O desafio sempre presente é o de (re)descobrir Mozart e Luis Gonzaga, Portinari e Delacroix, Ovídio e Patativa do Assaré, Zola e Adolfo Caminha. Ao não sabermos sobre os sentidos do mundo que nos cerca, deixamos de conhecer a nós mesmos, de saber dessa substância humana que forma nosso corpo e nossa alma.

 

É movido por este espírito que em breve a Universidade Estadual do Ceará estará constituindo sua Câmara de Políticas de Arte e Cultura. O tempo das universidades controlar o conhecimento e afirmar uma pretensa verdade perde-se nas brumas do tempo. Agora estamos vivendo os alicerces de um novo mundo, mais plural porque sabe mais da própria diversidade. As políticas culturais devem assim apresentar o mundo para que saibamos um pouco mais de nós, para que possamos mudar um pouco mais de nós, para que possamos mudar o mundo.

 

* Erasmo Miessa Ruiz é Psicólogo, Mestre e Doutor em Educação. Professor Adjunto da Universidade Estadual do Ceará, lotado no Curso de Medicina. Coordena o Curso de Especialização em Cuidados Paliativos (UECE/UNIMED) . É diretor da Editora da UECE (EdUECE). E-mail:
erasmo.ruiz@uece.br