Reitor da Uece lança livro bilíngue durante I Semana de Cultura Húngara no Ceará

20 de setembro de 2016 - 12:32

 

Em português, “Cartografia do sonho”.  Em húngaro, “Az álom kartográfiája”. Esse é o título do livro de poemas bilíngue lançado na última quinta-feira (15), no Campus Itaperi, escrito pelo reitor da Uece, professor José Jackson Coelho Sampaio, e traduzido por Pál Dániel Levente, Pál Ferene e Zalán Tibor, da Universidade Eötvos Loránd (Elte). Pál Dániel foi também responsável pela organização da obra.

 

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“Pelo meu lado criança, esse trabalho foi um belo brinquedo, mas por outro lado, foi um enorme orgulho sair do meu cantinho brasileiro”, comemora o poeta Jackson Sampaio.

 

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A obra reúne textos de livros já publicados pelo autor, além de cinco trabalhos ainda não divulgados. “Foram 15 poemas do livro ‘Anotações’, 15 do livro ‘Transvida’ e cinco poemas inéditos”, revela o reitor.

 

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O evento fez parte da programação da I Semana de Cultura Húngara no Ceará, realizado no período de 12 a 15 de setembro, na Uece e em vários outros locais de Fortaleza, como o Theatro José de Alencar e UFC.

 

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Durante o lançamento o público teve a oportunidade de ouvir, em português e húngaro, o poema “Amorosamente”, além de ser presenteado com um exemplar autografado.

 

Amorosamente

vem me ouvir, vem, e sussurrarei
a história da poesia amorosa:
sou átomo e cosmo deste rio

sejam os dentes das bocas de Krishna
ou as ovelhas do Hebron no colo de Sulamita
sejam o mel que dos lábios místicos
o mestre sufi sorve sequioso
ou o êxtase e a ascese
de Teresa de Ávila ao colo de Deus

quantas vezes tu e eu nos confundimos
tão fugaz o prazer
para o desamparo, o susto, o impasse
das mãos estiradas sobre as quais
o silêncio desaba seu grosso sumo

se ganho angústia ao pedir-te carícia
agora nada mais pedirei
e uma espécie de vazio
seja a paz dos hormônios
e num porão negro eu dissolva
a metafísica do cego negro
em busca do gato negro
que não está lá

abandono, abandono,
esse é o sobrenome de eutu,
véspera de um nós impossível

 

Szerelmesen

gyere, hallgass meg, és én elsuttogom neked
a szerelmi költészet történetét:
atomja és mindensége vagyok e folyónak

legyenek fogai és legyen sok szája Krisnának
vagy legyenek Hebron bánányai Szulamit ölében
legyen a misztikusok ajkán elcsorranó méz
mit a szufi mester édes szomjjal szürcsölész
vagy extázisa és aszkézisa legyen
Ávilai Szent Teréznek Isten kebelében

legyen te és én akáehányszor keveredve össze
keresve rebbenö gyönyört
legyen védtelensége ijedtségnek, kinyújtott
kezek zsákutcájának, amelyek felett
a csend crorgatja el a gyümölcs súlyos levét

szorongást nyerek ha simogatást kérek töled
de most semmi mást nem kérek
és az üresség egyik formája
legyen a hormonok békéje
és fekete átokban oldódjék fel
a fekete vak metafizikája
miközben hajszolja a fekete macskát
amelyik nincs már ott

magány, magány
ez az énte megnevezése
egy lehetetlen mi elöestéjén