Primeira defesa social de Mestrado do Propgeo/Uece fala sobre Acampamento Zé Maria do Tomé

9 de março de 2020 - 09:30

 

Foi realizada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) a primeira defesa social de dissertação do Programa de Pós-Graduação em Geografia (ProPGeo). A defesa social é um momento importante em que representações de movimentos sociais e de territórios/sujeitos, importantes fontes da pesquisa, debatem e validam os resultados do trabalho, construindo um diálogo de saberes entre a Universidade e a sociedade. A dissertação foi apresentada em 12 de fevereiro.

O diálogo de saberes, atualmente acatado pelas ciências, caracteriza-se pelo compartilhamento e reconhecimento do conhecimento tradicional dos sujeitos sociais, atrelados aos saberes acadêmicos, correlacionados com uma ciência e práxis emancipatórias.

O que se destaca é a proposta de um debate que dialogue juntamente com os territórios envolvidos nas pesquisas, onde as resistências de grupos sociais em situações de conflitos ganhem visibilidade, dando enfoque a um debate público de maneira horizontal e democrática.

A dissertação defendida, intitulada “Acampamento Zé Maria do Tomé, um território de resistência: territorialidades, conflitualidades e (re)produção camponesa na Chapada do Apodi/CE”, é de autoria da pesquisadora Rafaela Lopes de Sousa, mestranda do ProPGeo/Uece e membro do Grupo de Pesquisa e Articulação Campo, Terra e Território (NATERRA/Uece). O trabalho foi orientado por Luiz Cruz Lima, professor emérito da Uece, e coorientado por Camila Dutra dos Santos, professora dos cursos de Geografia.

A pesquisa discutiu a teia de conflitualidades que emergiu após a territorialização de empresas do agronegócio na área do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi e as diversas formas de resistências camponesas que se configuraram no território, especialmente o Acampamento Zé Maria do Tomé (Limoeiro do Norte/CE).

A defesa social ocorreu dentro do Acampamento Zé Maria do Tomé, com a presença do diretor da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam/Uece), João Rameres Regis, e da vice-diretora Maria Lucenir Jerônimo Chaves. Teve como banca examinadora representantes do Acampamento, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte e do Movimento 21 de Abril. Muitos outros integrantes desses territórios/entidades também prestigiaram a defesa pública, além de estudantes e professores da Fafidam e do campus Itaperi.

Durante a exposição da Banca Social, a integrante da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, graduada em Geografia, Aline Maia, afirmou ser o trabalho apresentado “uma ciência feita a serviço da vida” e reconheceu a importância dessa pesquisa para o território estudado enquanto um instrumento de luta. Já Renato Sena, do Movimento dos Sem Terra, ressaltou a pertinência do trabalho para a resistência ativa do Acampamento.

De acordo com a mestranda Rafaela Lopes, a Defesa Social “trata-se de um momento de compartilhamento de saberes, em que a Universidade se aproxima dos territórios e dos sujeitos em situação de conflitos. É o desafio de se fazer uma ciência que dialogue com povos e comunidades tradicionais, trazendo as denúncias e os anúncios das formas de resistir frente aos modelos do capital hegemônico”.

A primeira defesa social da Uece foi de doutorado, ocorrida em dezembro de 2019, na Fafidam, com a tese “As firmas tomaram conta de tudo: agronegócio e questão agrária no Baixo Jaguaribe/CE”, do pesquisador Leandro Vieira Cavalcante, que também teve sua formação no ProPGeo, sob a orientação professor Luiz Cruz Lima e, também, participante do grupo de pesquisa NATERRA.

A Defesa Social foi registrada em ata e reconhecida pelo colegiado do ProPGeo, coordenado pelo professor Frederico de Holanda Bastos. Após esse evento do dia 12, cinco dias depois, a mestranda defendeu a dissertação para a Banca Acadêmica composta por professores doutores da Uece e da UFC, no auditório do ProPGeo.