Paixão por peçonhentos

3 de setembro de 2014 - 14:44

Falar com uma paixão contagiante, dentro e fora de sala de aula, sobre animais que causam uma mistura de nojo e medo é a especialidade do professor Bruno Cardi, coordenador do Laboratório de Animais Peçonhentos (LAPE), do Instituto Superior de Ciências Biomédidas (ISCB), da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

No último dia 30 de agosto, o professor Bruno participou de um treinamento do 23º Batalhão de Caça (23 BC) do Exército que reuniu cerca de 40 pessoas, entre ex-oficiais e entusiastas da vida militar, que aprenderam sobre como encontrar comida, montar barraca, entre outras habilidades para sobreviver em ambientes hostis. Ele falou sobre como identificar e capturar animais peçonhentos.

Professor Bruno faz palestra no 23 BC

Falar para uma plateia tão diferenciada não é novidade para o professor. “Desde 1986, em Minas Gerais, que faço isso, nos cursos de formação de oficiais, de paraquedistas, de sargentos, fazendo palestras para os trabalhadores do campo, que são os mais atingidos pelos animais peçonhentos”, diz.

Formado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com mestrado em Radiobiologia pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Ciências também pela USP, o professor Bruno veio para a Universidade Estadual do Ceará (UECE) em 1999, para montar o Laboratório de Animais Peçonhento e criar um grupo de pesquisa envolvendo alunos da Biologia, da Medicina e da Veterinária.

Em suas palestras, o coordenador do LAPE explica que animal peçonhento é todo aquele que tem toxina, uma secreção tóxica, e a inocula na vítima. São exemplos de peçonhentos cobras, aranhas, escorpiões, anêmonas, águas vivas, entre outros. Fala também da letalidade das toxinas de cada um e o que fazer – e principalmente o que não fazer – quando inoculado.

A cobra mais letal é a coral, mas a qua causa mais acidente é a cascavel.

Segundo ele, os anos 80 teve números altos de ataques de animais peçonhentos, em torno de 20 mil por ano. Trabalho de conscientização, com palestras, vídeos, materiais impressos, diminuíram substancialmente as ocorrências, nas décadas seguintes.

Mas os casos de ataques estão novamente em crescimento, em virtude da falta de atenção este trabalho de prevenção não tem sido feito mais tão consistente e sistemática, esclarece o professor.

Outro fator que, segundo ele, tem contribuído para o aumento dos ataques, é que “tem aluno que não pisa no mato, que prefere ficar nos laboratórios, diminuindo, assim, o contato dos universitários com o campo e os lavradores são os mais atingidos.