Morte violenta de jovens custa ao Brasil R$ 79 bi por ano, ou 1,5% do PIB nacional

20 de fevereiro de 2014 - 13:09

O Brasil é um dos países mais violentos do planeta. A cada ano mais de 53 mil pessoas são assassinadas, outras 54 mil morrem em acidentes, inclusive os de trânsito, nove mil se suicidam e 10 mil são fatalmente vitimados de forma violenta sem que o Estado consiga definir a causa do óbito. Como personagem principal deste roteiro está o jovem, que aparece como perpetrador, sobretudo, como vítima.

Estes dados abrem o estudo “Custo da Juventude Perdida no Brasil”, de Daniel Cerqueira e Rodrigo Leandro de Moura, que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acaba de disponibilizar. O trabalho foi apresentado e debatido em 12 de julho de 2013, no Rio de Janeiro, durante o seminário “Juventude e Risco: Perdas e Ganhos Sociais na Crista da População Jovem”, promovido pelo Ipea), Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento Internacional (IDRC, Canadá) e o Centro de Estudios Distributivos Laborales y Sociales (Cedlas).

Os dados sobre mortalidade violenta juvenil mostram uma realidade ainda mais trágica. Por exemplo, em Alagoas, o estado mais violento, a taxa de vitimização violenta letal de homens de 20 anos ultrapassou o incrível patamar de 456 por grupo de 100 mil indivíduos. A violência perpetrada contra jovens é, porém, um fenômeno disseminado no país e que tem crescido substancialmente nas últimas décadas. A cada ano, uma maior proporção de jovens, é assassinada. Mais do que isso, as vítimas são cada vez mais jovens: a idade da taxa máxima de homicídios que era de 25 anos em 1980 passou para 21 anos em 2010.

Esses jovens vitimizados são tipicamente homens, pardos, com 4 a 7 anos de estudo, mortos nas vias públicas, por armas de fogo, nos períodos onde há maior interação social. Extremamente preocupante também são as mortes ocasionadas por acidentes de transporte, que aumentaram 44,6% na última década. Nesse caso a vítima típica é de jovens, brancos e com maior nível de escolaridade.

Economicamente, o custo anual com a vitimização violenta dos jovens pode corresponder até 6% do PIB estadual (no caso de Alagoas). No geral, a morte prematura de jovens devido às violências custa ao país cerca de R$ 79 bilhões a cada ano, o que corresponde 1,5% do PIB nacional.

Depois de apresentarem os dados, os autores perguntam o se deve fazer para reduzir a mortalidade, por se tratar de uma tarefa complexa. “Investir no jovem é fundamental, não apenas para reduzir a dramática taxa de vitimização violenta, mas para garantir o futuro da nação, com indivíduos mais educados e produtivos.”

Clique aqui e confira a publicação do Ipea.