LBBM/UECE publica artigo em revista internacional sobre prevalência da covid-19 em crianças

19 de julho de 2021 - 16:09 # # # #

O Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular (LBBM) da Universidade Estadual do Ceará (Uece) publicou, neste mês, na revista Elsevier, artigo sobre a prevalência da Covid-19 em crianças, adolescentes e adultos em situação de educação a distância na rede municipal de ensino em Fortaleza. Os dados sugeriram potencial de transmissibilidade em todas as faixas etárias estudadas, mesmo entre as crianças que se encontravam em ensino remoto.

O estudo, conduzido pela coordenadora do LBBM, professora Izabel Florindo Guedes, foi realizado em parceria com o Instituto do Coração da Criança e do Adolescente (InCor Criança) e com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com objetivo de identificar a prevalência de Covid-19 por meio de testes sorológicos (IgM e IgG) e RT-PCR.

O público estudado foi dividido em três faixas etárias: 423 crianças de até 9 anos; 854 adolescentes de 10 a 19 anos e 282 adultos com idade maior que 19 anos, que eram funcionários das escolas. Entre as 423 crianças, 107 (25,3%) apresentaram soroprevalência com IgG, IgM ou IgG/IgM. Já entre os 854 adolescentes estudados, 250 (29,2%) tiveram sorologia positiva, enquanto, no grupo de 282 adultos, 59 (20,9%) foram positivados com a doença. A taxa de prevalência para todos os grupos foi de 26,7% na sorologia e 4,04% na RT-PCR.

As crianças apresentaram taxas mais baixas de IgM e menos sintomas em comparação com adolescentes e adultos, como explica o pesquisador do LBBM, Valdester Cavalcante Pinto Júnior, autor da tese de doutorado relacionada à pesquisa. Ele explica que, durante a primeira onda da pandemia, o InCor Criança promoveu lives educativas sobre a Covid-19 para os pais de crianças com cardiopatia congênita. As famílias manifestaram preocupação com o retorno das atividades presenciais nas escolas, o que motivou o início da pesquisa. “Mesmo as crianças que estavam apenas em ensino remoto apresentaram uma taxa de contaminação por Covid-19 considerável. Em sua maioria, as crianças eram assintomáticas, mas mantinham capacidade de transmitir a doença”, ressalta o pesquisador Valdester.

De acordo com o docente, os resultados preliminares do estudo foram entregues para a SMS e a Secretaria Municipal da Educação (SME) em dezembro de 2020, quando a capital já vivenciava uma segunda onda da Covid-19. “Com base nesse e em outros estudos, as secretarias tomaram as decisões de postergar o início das aulas presenciais. Esse foi mais um estudo que deu base para a tomada de decisões do município no sentido de estender um pouco mais as aulas remotas”, conta o professor.

Também participaram do estudo os pesquisadores Luiz Francisco Wemmenson Gonçalves Moura, Rodrigo Cardoso Cavalcante, José Rubens Costa Lima, Arnaldo Solheiro Bezerra, Daylana Régia de Sousa Dantas, Cícero Matheus Lima Amaral, Daniel Freire Lima e Antonio Brazil Viana Júnior. O artigo pode ser lido na íntegra em https://doi.org/10.1016/j.ijid.2021.04.086.

Segunda etapa

O pesquisador Valdester informa, ainda, que uma nova etapa do estudo está em andamento, com artigo a ser novamente publicado em revista internacional. O LBBM/Uece está desenvolvendo um teste rápido de detecção do vírus da Covid-19 diretamente na saliva. Segundo a coordenadora do LBBM, professora Izabel Florindo Guedes, o resultado do teste será conhecido entre três a cinco minutos. A docente informa que a universidade já realizou o pedido de depósito de patente dos testes rápidos.

“Ele poderá ser aplicado em crianças ou em pessoas à beira do leito. Basta pegar uma gotinha de saliva para fazer o teste. O método também é ideal para fazer triagem e monitoramento em eventos grandes, como as Olimpíadas, por exemplo, em que é preciso testar todos os participantes de forma rápida. Esse estudo está sendo desenvolvido totalmente pela Uece”, explica a professora Izabel.

O pesquisador Valdester ressalta que os pesquisadores pensaram em um teste que tivesse baixo custo, com resultado rápido e eficaz, além de não oferecer incômodo para crianças em idade escolar, diferente dos exames que são realizados a partir da coleta de secreção em nasofaringe, como o RT-PCR. O docente destaca, ainda, que o primeiro momento da pesquisa trouxe o impacto de ser condutor das tomadas de decisões sobre o retorno às aulas presenciais, enquanto a segunda etapa, com o desenvolvimento do teste rápido, “será de uma ajuda enorme para as crianças, uma vez que esses testes precisam ser repetidos a cada dois e com resultado rápido”.