Exposição sobre Povo Tremembé da Barra do Mundaú está em cartaz na Uece

9 de julho de 2019 - 14:07

O Povo Indígena Tremembé da Barra do Mundaú (Itapipoca/CE) e o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador – CETRA abriram na manhã do último dia 02 de julho, no Campus Itaperi, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), a exposição fotográfica Iandé ÁTã Joaju – Juntos Somos Fortes, com fotografias de Marcos Vieira. A abertura oficial contou com a presença do reitor, Jackson Sampaio, e ocorreu no Hall da Reitoria, sendo gratuita a visitação.

A exposição, que fica em cartaz até o dia 30 de julho, tem por objetivo retratar a cultura, a arte e as faces das crianças, jovens, adultos e troncos velhos dos Tremembé da Barra do Mundaú e de fortalecer o processo de resistência e luta pela demarcação das terras indígenas no Ceará e no Brasil.

A brilhante apresentação musical do evento foi feita pelos alunos do Curso de Música da Uece, Lucas Sousa, que tocou no violão o repertório: Uma Valsa e dois Amores e Se ela Perguntar, músicas autoria de Dilermando Reis; e Silvia Letícia Martins da Silva, que solou Choro Nº 1 – de Heitor Vila Lobos e Mangabeira de autoria do nosso cearense Nonato Luiz.

“Para nós, povo Tremembé da Barra do Mundaú, esta exposição de fotografias tem um significado importante para a luta que fazemos em defesa de nosso território, pois a mesma retrata elementos que mantém viva a nossa esperança de um dia ter nossa terra demarcada e nossa cultura respeitada”, fala a jovem liderança indígena Mateus Tremembé. E continua: “estamos super felizes por ver a nossa cultura e a nossa tradição sendo apreciadas dentro da Universidade Estadual do Ceará”.

As fotografias da exposição Iandé ÁTã Joaju – Juntos Somos Fortes são de Marcos Vieira. Sobre elas, o jornalista e escritor Flávio Paiva escreve, na apresentação da exposição, que elas são “essencialmente uma reafirmação do lugar do olhar imerso em matizes culturalistas, aproximando o que está dentro com o que está fora da imagem”. Ainda segundo Flávio, “cada imagem captada por ele não é apenas um gesto de corte do real, mas uma religação de histórias, de memórias e de imaginários”.

Exposição itinerante

Iniciado no Campus Itaperi, a exposição percorrerá todos os campi da UECE distribuídos pelo Ceará, visando não apenas da apreciação das fotografias, mas, sobretudo, a reflexão sobre a história da colonização, a história dos povos originários, a história do Ceará, reafirmando a universidade pública enquanto o espaço de discussão e de democratização dos saberes.

Depois de Fortaleza, a exposição segue para a FACEDI, em Itapipoca, onde fica em cartaz de 1º a 15 de agosto. Em seguida segue para Tauá, no CECITEC (19 a 30 de agosto). Em setembro, a exposição estará na FAEC de Crateús (02 a 15 de setembro) e na FECLI de Iguatu (17 a 30 de setembro). Outubro é a vez da FAFIDAM de Limoeiro do Norte (02 a 15 de outubro) e da FECLESC, em Quixadá (17 a 30 de agosto) receberem a exposição, que finalizará o ciclo itinerante no campus Fátima, onde parte do Centro de Humanidades se abriga, em Fortaleza, de 02 a 30 de dezembro.

A exposição é realizada pelo Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador – CETRA, por meio do projeto Ação Tremembé, em parceria com o Povo Tremembé da Barra do Mundaú, e apoiada pela União Europeia, Governo do Estado do Ceará/Secretaria de Desenvolvimento Agrário – SDA e pela Universidade Estadual do Ceará.

Ação Tremembé

O Projeto Ação Tremembé realizou, durante três anos (2016-2019), juntamente com o Povo Tremembé da Barra do Mundaú, ações com o intuito de potencializar a defesa dos direitos humanos dos povos indígenas cearenses e, em especial, do Povo Tremembé. Foram três anos de muito aprendizado, troca de conhecimento, fortalecimento das articulações e ampliação da visibilidade da luta pela terra – realizada a partir da campanha Iandé Átã Joaju – Juntos Somos Fortes! Pela demarcação imediata da terra indígena Tremembé da Barra do Mundaú, que também dá nome à exposição.

“O Projeto trouxe a mensagem de que poderíamos ir muito além dos limites daquela comunidade, que o Ceará ou Brasil também não são o limite, que os sonhos podem sim ser realizados, e que somos corresponsáveis pela luta deles. Mostrou a mim, gestor público, professor, artista, fotógrafo, que eu poderia produzir minha própria comunicação, e é isso que faço. Suas formações despertaram em mim o interesse em fazer fotografia, vídeos, danças e acima de tudo, possibilitou o meu desenvolvimento como um indígena que produz comunicação indígena”, conta Luan de Castro, jovem Tremembé.

Fizeram uso da palavra além do reitor, Jackson Sampaio, a professora do Centro de Educação, Kellynia Farias Alves; da representante do CETRA, Cristina Nascimento; do advogado, ativista e líder de comunidade e vereador de Caucaia, Weibe Tapeba; do representante do Povo Tremembé, Esequiel Tremembé.

 

Estavam presentes na exposição, o vice-reitor, Hidelbrando dos Santos Soares, o chefe de Gabinete, Edmar Pereira Neto; os pró-reitores de Planejamento, Fernando Antonio dos Santos: de Graduação, Monica Cavaignac; de Administração, Carlos Heitor Sales Lima; de Extensão, Fernando Roberto Silva; da diretora do Centro de Educação (CED), Josete Castelo Branco, da diretora do Centro de Humanidades (CH), Adriana Barros, da diretora do Núcleo de Pesquisa, Célia Sampaio; do coordenador da Faculdade de Educação FACED da UFC, Baby Fonteles; de convidados de outras instituições, professores, servidores, estudantes, membros dos povos indígenas Tremembé e Tapeba e de familiares do artista.

A solenidade foi concluída com um ritual de Torém (dança acompanhada ao som de maracás dos representantes indígenas). Também houve um minuto de silêncio em homenagem ao Cacique Antonio Anacé de Caucaia, que faleceu recentemente.