Empresa incubada na Uece desenvolve testes rápidos de dengue, zika e chikungunya

20 de setembro de 2017 - 13:14

A empresa incubada na Incubadora de Empresas do Centro de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Universidade Estadual do Ceará (IncubaUece), Greenbean Biotecnologia, desenvolve, sob a coordenação técnica da professora Izabel Guedes, coordenadora da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio/Uece), novos kits de diagnóstico rápido para detecção precisa das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti.

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Com apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), o novo kit é capaz de realizar os testes para dengue, zika e chikungunya ao mesmo tempo, e permite exames em microplacas onde podem ser realizados testes de até 40 pessoas. Segundo o chefe executivo da Greenbean, Eridan Tramontina Florian, uma das vantagens do exame é a rapidez no diagnóstico. “Cada etapa leva entre uma hora e uma hora e meia e o resultado sai dentro de cinco horas” destaca.

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 As proteínas são produzidas através da inoculação em plantas

Atualmente, os exames que comprovam a infecção por alguma dessas doenças são realizados através do kit NAT, que só é capaz de identificar um vírus por vez. Para saber se um paciente está com zika, dengue ou chikungunya, é preciso realizar três testes, o que torna o procedimento caro. Além disso, neste tipo de teste são usados reagentes importados, que aumentam os custos, principalmente se for necessário fazer o teste para as três doenças.

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De acordo com coordenadora técnica do projeto e também professora do Departamento de Nutrição da Uece, Izabel Guedes, o Brasil é dependente de insumos estrangeiros para a área médica e isso gera altos custos aos cofres públicos. “Nós precisamos ter técnicas de diagnóstico nossas, produzidas aqui, pois temos potencial para produzir os kits sem depender de importação”, destaca.

Izabel explica que para o médico ter uma conduta mais segura na definição do tratamento, é necessário um diagnóstico preciso. “As viroses têm sintomas parecidos e o mesmo paciente pode estar contaminado com mais de um vírus ao mesmo tempo. É preciso um teste que detecte os três sorotipos”, explica a pesquisadora.

Um reagente para cada doença

O projeto desenvolveu proteínas recombinantes de cada tipo de vírus (dengue, zika e chikungunya). Segundo Eridan Tramontino, a Greenbean desenvolveu proteínas para detecação da Zica. No caso da dengue, o trabalho foi feito em parceria com o Laboratório de Biotecnologia e Biologia molecular que faz parte do Departamento de Nutrição da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

As proteínas foram criadas em laboratório para fabricação de um reagente específico para cada virose. Neste método, quando o sangue do paciente entrar em contato com os reagentes das três viroses, só terá resposta com as proteínas das doenças com as quais ele está infectado.

As proteínas são produzidas através da inoculação em plantas, que funcionam como biorreatores e passam a produzir a substância. A professora Izabel salienta que esse sistema tem baixo custo, é rápido e não causa impactos no ambiente. “Nos vegetais, as etapas de introdução das proteínas, colheita e purificação levam um período de quatro a cinco dias, enquanto em células animais ou microrganismos o processo leva muito mais tempo e é preciso fazer o uso de antibióticos”, finaliza.

Próximos passos

Na primeira fase do projeto, a equipe delineou a pesquisa e produziu insumos. De acordo com a professora Izabel, “com ele, nós separamos e produzimos as proteínas, isso nos deu base para aprovarmos um projeto no CNPQ, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)”, comenta. A equipe ainda não tem data prevista para a chegada dos testes ao mercado.