Dia Nacional de Manifestações: impactos no campus do Itaperi/UECE

2 de setembro de 2013 - 16:28 #

Jornais, rádios, televisões e redes sociais informaram aos brasileiros que 30 de agosto próximo passado (sexta feira) fora declarado dia nacional de manifestações, pelas centrais sindicais. Assim ocorreu, sob extensa cobertura, envolvendo várias categorias profissionais, como motoristas de ônibus urbanos e professores da rede básica pública.

Ruas, praças e terminais de ônibus foram ocupados por demandas, mais ou menos justas, legítimas e pacíficas. Outros movimentos emergiram, gerando mais pressão sobre a mobilidade e mais tensões políticas, sem visibilidade pela mídia ou identidade aparente para o conjunto da sociedade, com risco de radicalização e violência.

Os 11 campi da UECE praticamente não foram afetados, pois as ações tinham as vias públicas como cenário. Exceto pela entrada, por volta das 7h40, de um grupo de umas 50 pessoas, no campus do Itaperi. Eles chegaram em dois ônibus e não foram controlados pela Segurança, habituada à circulação de ônibus para eventos, estudantis ou docentes.

Às 8h, já na Av. Dedé Brasil, próximo ao Campus, fui informado que um grupo entrara na Reitoria. Ao chegar, em seguida, deparei-me com o Gabinete cheio de manifestantes, uns se identificando com bandeiras do MST, outros como integrantes do Levante Popular, uns poucos como estudantes da própria UECE, parte de cursos noturnos.

Perguntei se era ocupação ou manifestação. Responderam ser manifestação, integrada ao movimento geral daquele dia. Perguntei se havia bandeira específica referente à UECE. Responderam que a universidade deveria ser do povo e que muros deveriam ser derrubados. Argumentei que a UECE era uma universidade pública, com a graduação (79 cursos) e a pós-graduação stricto sensu acadêmica (25 programas) gratuita, que 2/3 dos alunos são das licenciaturas, em formação para serem professores da educação básica, e que 98% destes originavam-se do ensino médio público.

Acrescentei que alguns muros precisariam ser construídos, para garantir segurança aos campi. Disseram falar dos muros sociais. Informei que a UECE estava discutindo, para 2014, a garantia de maior inclusão, que havia proposta de 50% das vagas dos bacharelados serem destinadas a oriundos de escolas públicas e que havia proposta de, no geral, serem destinadas 2% e 5% das vagas, respectivamente, para autodeclarados indígenas e pretos.

Mostraram-me, ao celular, imagens de um guarda sacando arma para eles, no prédio do Instituto Superior de Ciências Biomédicas. Disse que o Instituto era lugar, basicamente, de laboratórios e de grupos de pesquisa, que era obrigação da guarda zelar pela integridade do patrimônio público, que eles provavelmente colocaram em risco as portas de vidro e equipamentos raros, mas que a Reitoria não apoiava o gesto e iria apurá-lo.

Foram, então, embora, informando deslocamento posterior para a UFC. Em seguida, soube que haviam estado na Biblioteca Central, além do Instituto, que haviam retornado para estes espaços, concentrando-se em seguida junto aos ônibus, e que sairam do campus por volta das 9h. Houve pichamento em parede interna da Reitoria e na parede externa da Biblioteca Central, mas nada marcaram em outros espaços.

A sociedade está alerta, desde junho próximo passado, para a existência de grande inquietação política no país, que esta inquietação pode tomar formas pacíficas ou violentas e que podem se agravar nas proximidades da Copa Mundial de Futebol e do processo eleitoral nacional, respectivamente em julho e outubro de 2014. Deste modo, a Reitoria fará uma série de oficinas, com as forças de segurança da universidade, os diretores administrativos e os diretores acadêmicos, visando prevenção e preparação, sob ótica não repressiva, para o enfrentamento de eventos como os vividos na última sexta feira.

Prof. Dr. José Jackson Coelho Sampaio
Presidente da FUNECE/Reitor da UECE