Corrupção e o Desafio Republicano

27 de novembro de 2012 - 12:25 #

 

 

O senador Randolfe Rodrigues, que proferiu a palestra de encerramento da XVII Semana Universitária, teve artigo publicado na edição do dia 19 de novembro, no jornal O POVO.

 

Confira abaixo a íntegra do artigo do senador, que foi aluno do Curso de Mestrado de Políticas Públicas da UECE.

 

Corrupção e o Desafio Republicano
Senador Randolfe Rodrigues (PSOL – Amapá)

 

No momento em que me dirijo à comunidade da UECE, por ocasião de sua 17ª Semana Universitária, quero destacar um grave problema que corrói nossas bases republicanas.

No início de 2012, a operação Monte Carlo, da PF, desmontou uma das principais organizações criminosas em funcionamento no país. A revelação dos vínculos de agentes públicos com esta organização tornou inadiável o aprofundamento pelo Congresso Nacional da investigação da participação de parlamentares e gestores com o esquema criminoso.

A legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência, inscritas no Art. 37 da Carta Magna, estão fortemente ameaçadas. Tal situação justifica que um gerente de jogos de azar tenha penetrado na máquina pública de pelo menos quatro estados, para corromper gestores, assalariar parlamentares como despachantes de seus interesses, operar fraudes nas licitações, criar sofisticado sistema de drenagem de recursos públicos para contas de empresas fantasmas e legalizar tais recursos por meio de evasão de divisas e compra de bens móveis e imóveis.

O interesse dos políticos em receber financiamento ilícito para as campanhas eleitorais, procedimento conhecido como caixa 2, está na origem do esquema.

No trabalho da CPMI foi possível identificar que a organização do Sr. Cachoeira é um elo da imensa corrente de corrupção existente. O modus operandi da Delta Construções, empreiteira subitamente beneficiária de obras e serviços federais e estaduais, especialmente no eixo RJ/SP, é exemplar de como os recursos públicos saem de suas finalidades para contas bancárias de políticos e empresários mafiosos. Não identificamos todas as empresas fantasmas utilizadas pelo esquema, mas, em 18 delas foi revelado o desvio de mais de 400 milhões de reais.

Nosso país clama por uma operação Mãos-Limpas, semelhante à realizada na Itália em fins do séc. XX. É necessário fechar o cerco aos corruptos, aperfeiçoando a legislação e a PF, tornando mais transparentes os processos licitatórios e oferecendo à população instrumentos de controle dos gastos públicos. Tão importante quanto coibir o roubo é por fim ao financiamento privado das campanhas eleitorais. Instituir o financiamento público de campanha é urgente. Este é o meu compromisso.