CONSU aprova concessão da Medalha de Mérito Alberto Nepomuceno

6 de março de 2015 - 09:22

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O Conselho Universitário (CONSU), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), aprovou a resolução que disciplina a concessão da Medalha de Mérito Alberto Nepomuceno. A reunião do Conselho aconteceu no dia 5 de março e faz parte da programação comemorativa do Jubileu de Rubi da Universidade.

A Medalha de Mérito Alberto Nepomuceno poderá ser concedida em duas categorias: Medalha de Mérito Cultural e Medalha de Mérito Artístico. A primeira para pessoa física ou jurídica de reconhecida e comprovada atuação, da qual resultem obras ou serviços de caráter assistencial ou de desenvolvimento social e cultural. Já a segunda caracteriza-se por reconhecida produção artística ou literária de qualquer espécie, que constitua uma contribuição para o setor artístico.

As medalhas serão outorgadas mediante proposta fundamentada do reitor ou do colegiado de qualquer Centro, Faculdade ou Instituto, aprovada pela maioria de seus membros e homologada por dois terços da totalidade dos membros do Conselho Universitário.

A concessão da Medalha de Mérito Alberto Nepomuceno será para pessoas, naturais ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, que tenham prestado relevantes serviços à UECE ou tenham se distinguido por sua atuação em prol da Cultura, das Letras e das Artes, desde que caracterizada a real contribuição para o desenvolvimento da Universidade, do ceará, da Região Nordeste ou do Brasil.

Alberto Nepomuceno

Nascido em Fortaleza em 6 de julho de 1864, Alberto Nepomuceno é considerado  um dos principais compositores nacionalistas, defendia o uso da língua portuguesa na música clássica. Pensava que “não tem pátria um povo que não canta em sua língua”.

Em 1872, a família transferiu-se para Recife, onde começou a estudar piano e violino e manteve amizade com alunos e mestres da Faculdade de Direito do Recife, como Alfredo Pinto, Clóvis Bevilácqua, Farias Brito. Aos dezoito anos, a direção dos concertos do Clube Carlos Gomes de Recife. Atuou também como violinista na estreia da ópera Leonor, de Euclides Fonseca, no Teatro Santa Isabel.

Em 1885, Nepomuceno mudou-se para o Rio de Janeiro. Deu continuidade aos seus estudos de piano no Beethoven Club. Pouco tempo depois, foi nomeado professor de piano do clube, que tinha em seu quadro funcional, como bibliotecário, Machado de Assis.

No dia 4 de agosto de 1895, Nepomuceno realizou um concerto histórico, marcando o início de uma campanha que lhe rendeu muitas críticas e censuras. Apresentou pela primeira vez, no Instituto Nacional de Música, uma série de canções de sua autoria em português. Estava deflagrada a guerra pela nacionalização da música erudita brasileira. O concerto atingia diretamente aqueles que afirmavam que a língua portuguesa era inadequada para o bel canto.

A luta pela nacionalização da música erudita foi ampliada com o início de suas atividades na Associação de Concertos Populares, que dirigiu por dez anos (1896-1906), promovendo o reconhecimento de compositores brasileiros. A pedido de Visconde de Taunay, restaurou diversas obras do compositor Padre José Maurício Nunes Garcia e apoiou compositores populares como Catulo da Paixão Cearense.

A sua coletânea de doze canções em português foi lançada em 1904. O garatuja, comédia lírica baseada na obra homônima de José de Alencar, é considerada a primeira ópera verdadeiramente brasileira no tocante à música, ambientação e utilização da língua portuguesa.

Em 1907 iniciou a reforma do Hino Nacional Brasileiro, tanto na forma de execução quanto na letra de Osório Duque Estrada. No ano seguinte, a realização do concerto de violão do compositor popular Catulo da Paixão Cearense, no Instituto Nacional de Música, promovido por Nepomuceno, causou grande revolta nos críticos mais ortodoxos, que consideraram o acontecimento “um acinte àquele templo da arte”.

Ainda como incentivador dos talentos nacionais, atuou para editar as obras de um controvertido compositor que surgia na época : Heitor Villa-Lobos. Nepomuceno chegou a exigir que as edições de suas obras, distribuídas pela Casa Arthur Napoleão, contivessem, na contra-capa, alguma partitura do jovem Villa-Lobos.

Morreu em outubro de 1920, no Rio de Janeiro.

Fonte: Fundação Biblioteca Nacional