Boas notas em matemática e em português garantem salário maior

18 de março de 2014 - 16:45

Mesmo excluindo as variáveis que costumam resultar em aumento salarial – como ser homem, branco e ter feito graduação – um bom desempenho no ensino médio tem impacto positivo sobre a remuneração logo nos primeiros anos da trajetória profissional do jovem de 22 e 23 anos. É o que mostra estudo apresentado na manhã desta terça-feira (18/3) pela Fundação Itaú Social.

Um aumento de 10% na nota de proficiência em português resulta em salário 5% maior, em média, cinco anos após a conclusão do ensino médio.O mesmo ocorre com relação à proficiência em matemática: um aumento de 10% resulta em salário 4,6% maior, em média “Quem tira nota melhor vai ganhar salário maior, independentemente de ser homem ou mulher, branco ou negro, ter feito graduação ou não”, destacou o professor Naércio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper.

O o estudo também é assinado pela pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV) Andréa Zaitune Curi. Naércio disse que, depois de se recuperar das desigualdades sociais perpetuadas durante a década de 1970 principalmente, é hora de o país refletir sobre a qualidade do ensino, cujo impacto no futuro dos estudantes ficou provado com a pesquisa. “Precisamos, agora, melhorar a qualidade da educação, pois ela impacta o desenvolvimento econômico do país. O Brasil só vai crescer mais se aumentar a produtividade”, afirmou.

A pesquisa acompanhou duas gerações, as de pessoas nascidas entre 1977 e 1978 e entre 1987 e 1988, em três fases da vida: na infância (4 e 5 anos de idade), no último ano do ensino médio (entre 17 e 18 anos) e no início da trajetória no mercado de trabalho (entre 23 e 24 anos). Foram analisados dados desses grupos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e nos dois últimos Censos Demográficos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Os maiores salários iniciais dos jovens incluídos na pesquisa estão no Distrito Federal. Para o professor, isso ocorre por causa do grande número de jovens trabalhando no serviço público. Sergipe registra os piores salários, assim como outros estados do Nordeste do país.

A gerente de educação da Fundação Itaú Social, Patricia Mota Guedes, afirmou que esse estudo e os demais desenvolvidos pela fundação têm como objetivo ajudar a entender e a buscar evidências para ampliar o debate sobre as políticas públicas para educação no país, pois contribuem na escolha de políticas educacionais e orientam o investimento em educação.

Ela lembrou ainda que o Saeb avalia habilidades e competências que vão muito além da simples memorização de dados e incluem conhecimentos acumulados durante todo o percurso escolar que do aluno. “O desenvolvimento dessas competências e habilidades não ocorre apenas em um ano, mas sim ao longo da vida escolar”, disse.

 

Saiba mais

O Saeb tem como principal objetivo avaliar a educação básica brasileira e contribuir para a melhoria da qualidade e para a universalização do acesso à escola, oferecendo subsídios concretos para a formulação, reformulação e o monitoramento das políticas públicas voltadas para essa modalidade do ensino. O sistema é composto por três avaliações, a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc) ou Prova Brasil – ambas aplicadas a cada dois anos – e a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), que é anual.

Fonte: Correio Braziliense