Professores dos cursos FIC participam de capacitação antes do início das aulas

7 de setembro de 2021 - 15:05

Os professores selecionados pela chamada pública nº 32/2021 da Fundação Universidade Estadual do Ceará (Funece) / Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) participaram, no último dia 2, da I Capacitação de Professores e Coordenadores do Programa de Formação Inicial e Continuada (FIC) 2021. O encontro teve o objetivo principal de preparar os docentes para o início das aulas dos cursos FIC, no próximo dia 13 de setembro. Nesta pactuação, estão sendo ofertados quatro cursos profissionalizantes: Agricultor Familiar (200 horas/aula), Assistente de Secretaria Escolar (180 horas/aula), Assistente Administrativo (160 horas/aula) e Assistente de Contabilidade (160 horas/aula). Ao todo, são 17 turmas, distribuídas em 13 municípios cearenses e beneficiando 340 jovens e adultos.

“O FIC faz parte do Pronatec, programa que tem tido um sucesso muito grande por meio da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Esse êxito deve-se, em grande parte, aos profissionais que formam a nossa equipe, que agora está ganhando novos professores e coordenadores. Vocês representarão a UECE e irão contribuir para a formação técnica e profissional de jovens e adultos cearenses. Uma missão da Universidade é inserir esses jovens e adultos no mercado de trabalho, dando-lhes empregabilidade, sobretudo nesse momento tão difícil que o País vem atravessando. Temos o desafio de ofertar um curso de qualidade aos estudantes, que se formarão com a chancela da UECE, eleita a melhor universidade do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste do País. Desejo a todos muito sucesso nessa missão”, destacou o coordenador-adjunto do Pronatec/Funece, professor Nelson Arruda, ao dar as boas-vindas aos mais de 100 novos professores.

Em seguida, os professores foram apresentados aos coordenadores dos cursos, que falaram sobre o perfil e os objetivos de cada uma das áreas de formação profissional que serão abordadas nos cursos FIC/Funece. “Esperamos que, ao final do curso, o egresso apresente competências necessárias ao desenvolvimento qualificado de atividades e serviços de apoio à secretaria escolar de instituições de ensino públicas e privadas da educação básica”, destacou a professora Josete Castelo Branco Sales, coordenadora do curso Assistente de Secretaria Escolar.

O coordenador do curso de Agricultor Familiar, professor César Fernandes, lembrou o desafio de retomar as aulas presenciais e ressaltou a importância do cumprimento de todas as medidas de prevenção à covid-19, como o uso de máscara de proteção individual, higienização das mãos com álcool em gel 70% e distanciamento social, dentre outras. Ele também lembrou que o agronegócio é considerado um grande expoente da economia brasileira e que o curso deve contribuir para dar mais oportunidades para quem já está inserido nesse setor. “A gente espera que essas pessoas tenham um retorno financeiro e social a partir do curso”, disse.

Já o professor Marcos Aurélio, coordenador dos cursos de Assistente Administrativo e Assistente de Contabilidade, falou sobre a importância da capacitação para a formação profissional e social dos jovens e adultos estudantes. “A ideia não é formar só tecnicamente esses alunos, mas prepará-los para uma vida de desafios. É uma formação técnica, mas também de preparo para a vida”, afirmou o professor.

Após a apresentação dos coordenadores, os professores assistiram a uma apresentação sobre o sistema SigPronatec, realizada pela professora Ana Léa Bastos Lima e por membros da equipe técnica e de desenvolvimento do Pronatec/Funece. O SigPronatec é o sistema utilizado para o registro de aulas e controle de frequência. Encerrando a programação da manhã, a assessora pedagógica Eleonora Morais apresentou o Bibliotec.

Aprendizagem de jovens e adultos

No período da tarde, a coordenadora do Apoio Psicopedagógico do Pronatec/Funece, professora Ana Ignez Belém, apresentou palestra sobre aprendizagem de jovens e adultos e os desafios para os docentes, trazendo conceitos da psicologia da aprendizagem. A psicóloga destacou que a área não é ainda plenamente desenvolvida em todos os países, tendo referência na figura de Malcolm Knowles, um dos maiores educadores de adultos em todo o mundo, e Paulo Freire.

“Precisamos entrar em sala de aula com a consciência de que nesse momento de pandemia, do ano passado para cá, nós nos modificamos muito e o cenário é outro. Ensinar para crianças ou adolescentes em escola formal, cada processo é diferente. Pede estratégias, ritmos e olhares diferentes. Nesse momento, nós precisamos nos conscientizar mais do que nunca que aprender não está relacionado apenas a conhecimentos objetivos, mas com afetos, comportamentos, emoções e relações. O professor em sala de aula tem o desafio de motivar e mobilizar o aluno, de trazê-lo para o interesse em sala de aula. É um desafio grande para os docentes, mas é uma tarefa necessária. Principalmente em cursos dessa natureza (voltado para jovens e adultos)”, pontuou a psicóloga.

Ana Ignez ressaltou ainda que nem todos aprendem da mesma forma, uma vez que a aprendizagem humana, apesar de contínua, tem características muito específicas e complexas, necessitando de diversos processos mentais, como memorizar, criar, estar motivado, perceber, tomar consciência. “Na vida adulta, esses processos já deveriam estar formados, mas nem todo mundo se desenvolveu do mesmo modo e teve as mesmas possibilidades. Um processo mental que algumas pessoas podem ter dificuldade, por exemplo, é a capacidade reflexiva. Não é porque é adulto que vai ter o mesmo entendimento e consegue aprender conhecimentos da mesma forma. A aprendizagem é contínua, complexa, demanda idas e vindas. A gente aprende o novo na base de algo que a gente já aprendeu. A aprendizagem é, então, cumulativa. Às vezes a gente lança um conteúdo e o aluno não consegue absorver porque não teve a base que será necessária para aprender”, esclareceu.

Nos tempos atuais, segundo Ana Ignez, o aprender é ainda mais desafiador, por conta de um cenário repleto de complexidades: vivenciamos um período de incertezas, com múltiplas informações, pressa e sobrecarga, liquidez nas relações, vulnerabilidade social e novos modos de vida. “Nosso papel como docentes é muito desafiador, pois além de termos de aprender em nossa formação, temos de ajudar outra pessoa a aprender. Ou seja, a gente lida com essa aprendizagem de diversas formas. O professor não pode ser apenas um técnico, mas deve ter outros saberes, inclusive relacionados a relações humanas e ao pensamento reflexivo”.

A coordenadora do Apoio Psicopedagógico enfatizou ainda que a formação de adultos deve, entre outros aspectos, favorecer a autonomia, considerar desejos e necessidades, orientar os objetivos para situações concretas, envolver os professores em seus processos formativos.

Para o professor Edgleusson Noronha, do município de Tauá, mesmo que o planejamento das aulas seja feito de uma maneira pelo professor, é preciso “observar aprendente por aprendente”. “Nós, docentes, é que temos que entrar no mundo dos educandos. Há alunos que gostam de música, outros de poesia. Enquanto professores, temos que tentar descobrir a melhor forma de atrair a atenção dos educandos, e não segregando. Todos são inteligentes da sua forma”, ressaltou.

A capacitação de professores dos cursos FIC contou ainda com momento cultural com voz e violão, protagonizado pelo professor Fabio Teixeira, dos municípios de Umirim e Trairi. O docente cantou para os participantes as músicas “De Toda Cor”, de Renato Luciano, e “Tocando em Frente”, de Almir Sater. As canções trouxeram reflexões sobre conviver com as diferenças e mudanças.

Os novos docentes dos cursos FIC/Pronatec receberam ainda informações sobre calendários e lotações de professores, com orientações acerca dos critérios, módulos e municípios atendidos pela pactuação. Em seguida, foram formados grupos focais com os professores dos cursos de Assistente de Contabilidade, Assistente Administrativo, Assistente de Secretaria Escolar e Agricultor Familiar.