Alunos do curso de Segurança do Trabalho debatem saúde mental e impactos nas corporações
22 de junho de 2021 - 21:56
Estudantes do curso técnico em Segurança do Trabalho (Pronatec/MedioTec), dos municípios de Acaraú e Fortaleza, participaram neste mês de debate virtual sobre transtornos mentais relacionados ao trabalho. Na ocasião, a psicóloga Regina Lima ministrou palestra sobre saúde mental e seus impactos nas relações corporativas, atendendo a convite da professora Cristiane Gurgel, de Acaraú, responsável pela disciplina de Medicina do Trabalho.
A professora Cristiane Gurgel destacou aos estudantes que a saúde mental é direito fundamental do cidadão, previsto na Constituição Federal para assegurar bem-estar mental, integridade psíquica e pleno desenvolvimento intelectual e emocional. Em tempos de pandemia, que resultaram no isolamento social para conter a disseminação da Covid-19, foi verificado aumento nos casos de transtornos mentais, segundo a docente.
“As pessoas ficaram mais ansiosas e depressivas, por não terem mais contato com as outras devido ao isolamento social. Isso desencadeou um aumento nos casos de transtornos mentais”, explicou. A professora citou dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, que registrou recorde na concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais e comportamentais em 2020. Foram 576,6 mil afastamentos, uma alta de 26% em relação ao registrado em 2019.
Entre os transtornos relacionados ao trabalho, Cristiane citou dores, formigamento, aperto no peito, mal-estar, desânimo, ansiedade e depressão. “A maioria das pessoas não percebe que está doente”, alertou.
A psicóloga Regina Lima, de São Paulo, que atua na área clínica e organizacional, detalhou que transtorno mental é tudo aquilo que parte do comportamento, do ambiente em que estamos inseridos, e vêm para o campo emocional – nossas sensações, emoções, afetividades – e como isso vai ser processado para o nosso pensamento.
“Existem vários impactos que causam transtornos no ambiente de trabalho. Hoje podemos prestar atenção, muito fortemente, à ansiedade. Não trabalho com parâmetros fixos de sintomas para a ansiedade, pois cada um sente de uma maneira”, detalha.
Segundo Regina, as vivências pessoais também refletem na coorporação, de forma que os transtornos podem iniciar dentro ou fora do ambiente de trabalho. “O dia em que você teve uma briga com um familiar ou um amigo, ou a perda de um ente querido – e isso está muito presente hoje nesse período de pandemia -, como esse indivíduo vai se comportar dentro da corporação? Então, os transtornos podem ser iniciados dentro ou fora das instituições de trabalho. Nisso cabe muito o olhar do cuidador, chefe, ou gestor, para como isso está se desenvolvendo, porque o indivíduo tem várias formas de comunicação”. De acordo com ela, neste momento de pandemia, estão sendo mais abordados casos de ansiedade, depressão ou tristeza. Regina salientou que a depressão só pode ser diagnosticada por um profissional.
Regina Lima explicou também sobre Síndrome de Burnout, em que o trabalhador sofre um “bloqueio nas tarefas”. O excesso de trabalho e o acúmulo de processos mentais geram um transtorno em que o indivíduo não consegue mais concluir suas atividades laborais.
A psicóloga destaca a importância de perceber os alertas de que o colaborador precisa de ajuda, mesmo sem ele se expressar. Alguns fatores para isso são a baixa produtividade, mau humor, irritabilidade, tristeza. “Cada um vai se expressar de acordo com suas vivências. É importante dissociar se é um evento externo que está sendo levado para dentro da corporação ou um evento interno”.
Durante a palestra, estudantes tiraram dúvidas sobre o tema e fizeram diversos questionamentos. A aluna Jamile Rodrigues indagou porque a ansiedade vem acompanhada de alguns sinais, como queda de cabelo, vermelhidão e coceira no corpo, entre outros. Regina Lima explicou que em algumas síndromes desencadeiam casos de somatização, em que, por meio de processos psíquicos, o corpo passa a emitir sinais do que não é processado conscientemente. Ela salientou a importância de dar atenção para esses sinais, seja no ambiente corporativo ou pessoal.
Os estudantes também questionaram sobre transtornos alimentares, como a anorexia, e a relação entre jogos e exposição aos celulares e computadores com a ansiedade e a depressão.
“Foi uma palestra maravilhosa desde o início, cada assunto tratado foi muito importante e de muito conhecimento. Amei demais”, elogiou a estudante Camila Lindsey Rodrigues.
Além dos alunos das turmas de Fortaleza e Acaraú, também participaram do debate o coordenador do curso técnico em Segurança do Trabalho do MedioTec/Pronatec, professor Carlos Oliveira; e o professor Erivan Pereira Barros, do curso técnico em Segurança do Trabalho de Fortaleza.
Regina Lima é psicóloga Clínica e Organizacional, palestrante e líder em Desenvolvimento Humano, Inclusão Social, Diversidade e Cultura Corporativa.