URGENTE: Um apelo em defesa do jornalista palestino que está à beira da morte, por Carlos Aznárez.

10 de fevereiro de 2016 - 17:05

10 de fevereiro, 2016.

 

Para juntar-se ao movimento que luta pela libertação do jornalista Muhammad al-Qiq, basta que envie um e-mail com seu nome, profissão (se desejar), e país de origem para o endereço de e-mail resumen@nodo50.org. Sua assinatura se juntará à de vários outros companheiros que agem para fazer a diferença na luta pela vida do jornalista preso injusta e absurdamente.

Al-Qiq está em greve de fome desde o dia 25 de novembro de 2015 e pode morrer a qualquer momento.

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Por favor, recordem seu nome. Chama-se Muhammad al-Qiq, tem 33 anos e está morrendo na cárcere cumprindo uma greve de fome. É jornalista e exerce a profissão na Palestina, um território ocupado e crivado pela violência do invasor israelense, desde 1948. Uma nação que tem sofrido todo tipo de abuso, década após década, e que nesses dias assiste a uma nova volta do recrudescimento da repressão sionista contra os que se rebelam contra o seu domínio. Em Gaza e Cisjordânia, milhares de jovens protestam de diversas formas e, muitos deles, são assassinados vilmente. Outros são detidos. Tudo isso frente ao silencio da mal chamada “comunidade internacional” ou a manipulação dos meios corporativos, que não é o mesmo, mas é igual.

No entanto, nem todos se calam. Muhammad Al-Qiq, como faria qualquer repórter que respeite a si mesmo, vinha informando dia a dia para o canal “Al Majd” sobre o que seus olhos viam e seu corpo sentia, em tão somente fazer um percurso pelas ruas de Ramallah ou de Jerusalém: crianças espancadas e detidas por atirar pedras contra tanques, mulheres jovens assassinadas nas quais lhes “plantam” um canivete para justificar o crime, campos com cultivos de olivas arrasados, casas demolidas por pura vingança, cidades como Hebron ou campos de refugiados como Jenin, bloqueados militarmente e sua população sofrendo todo tipo de humilhações.

 

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A esposa de Al-Qiq, Fayha Shalash, e seu filho, Islam, em conferência com jornalistas no dia 31 de janeiro para falar do estado de saúde de Muhammad al-Qiq.

 

 

 

Precisamente, o ato de informar com objetividade sobre a barbárie israelense é o “delito” pelo qual foi detido e torturado Al-Qiq, há três meses, em sua casa de Ramallah. Numerosas denúncias de organismos de direitos humanos palestinos e internacionais advertiram que o jornalista foi colocado em uma posição conhecida como “a banana” – com as costas sobre uma cadeira e atado pelos pés e mãos por baixo da mesma -, permanecendo em uma posição forçada durante 15 horas nas que sofreu violência sexual por parte dos interrogadores. Após sofrer essas sevícias, o enviaram a uma, das tantas cárceres-tumba, que Israel possui para martirizar ainda mais a um povo que não está disposto a baixar a cabeça ante sua prepotência. 

Mas, há algo mais, Al-Qiq, como tantos outros palestinos e palestinas sofre um tipo de detenção que se denomina “administrativa”, uma figura que permite às autoridades israelenses manter sob custódia, indefinidamente, a milhares de “suspeitos” sem apresentar acusações, nem iniciar um processo judicial, como fazem habitualmente as ditaduras militares. Frente a essa injustiça e convencido de que se não lutava por sua liberdade, sua sorte estava praticamente lançada, esse jovem jornalista decidiu colocar-se em greve de fome, no passado 25 de novembro, para denunciar ao mundo sua situação. A partir desse momento, intensificaram-se as medidas repressivas e de pressão contra o detido. Em duas oportunidades, 30 de dezembro e 17 de janeiro, juízes sionistas prorrogaram seu encarceramento e rechaçaram a apelação apresentada pelos advogados do Al-Qiq. Sua situação de saúde começou a gretar e, num dado momento, as autoridades israelenses decidiram desloca-lo ao centro médico da cidade israelense de Afula, onde o colega detido ratificou sua vontade de continuar a greve de fome “até conseguir minha liberdade”. Se isso não suceder, “estou disposto a morrer”, expressou. 

Muhammad Al-Qiq já leva 64 dias lutando por sua dignidade, negando-se a receber vitaminas e tratamento médico. Quiçá, evocando o martírio pelo qual passou há décadas, outro lutador como ele, mas irlandês, chamado Bobby Sands, tem exposto claramente que não quer que o alimentem contra sua vontade. Mas, estar preso em Israel significa beirar a margem do inferno na Terra, e, é por isso, que foi imposto a Al-Qiq outra forma de tortura. Permaneceu quatro dias atado pelos pés e mãos a uma cama, consciente, enquanto enfermeiros militares lhe injetavam líquidos à força. Agora, diretamente, o estão ameaçando começar a alimentá-lo aplicando essa metodologia, algo que ele e seus defensores tem repudiado enfaticamente.

 

 

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Al-Qiq teve seu pedido de transferência para o hospital Raallah, na Palestina, negado; e permanece internado em um hospital israelense.

Da Argentina, a terra que viu nascer e cair em combate a outro jornalista exemplar como Rodolfo Walsh (exemplo, entre outras coisas, de solidariedade com a Palestina) vai esta mensagem de urgência para que na América Latina e no mundo, ali onde haja pessoas que acreditem que os direitos humanos são uma proposta de autodefesa frente à barbárie, nos mobilizemos pela vida e a liberdade de Muhammad Al-Qiq. Ele, com sua atitude valente põe sobre a superfície um cenário no qual milhares de presos e presas palestinas, muitos deles meninos e meninas, encontram-se como reféns das tropas de ocupação do seu povo.

Não, não é uma nota mais a que estou escrevendo, mas sim a expressão epistolar de um grito de impotência frente ao que não deveria ser irreversível: SALVEMOS A VIDA DE MUHAMMAD AL-QIQ e a de tantos homens e mulheres palestinas que vivem em estado de exceção. 

 

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Este texto foi escrito por Carlos Aznárez, diretor do Resumen Latinoamericano.