Chamada de artigos para dossiê “Os 60 anos da Revolução Cubana”

15 de março de 2019 - 13:17

Chamada de Artigos Dossiê Temático

Os 60 anos da Revolução Cubana e a América Latina: logros, desafios e dilemas

Organizadores:

Fábio Luis Barbosa dos Santos – Universidade Federal de São Paulo

E-mail: faboroso@gmail.com

Jales Dantas da Costa – Universidade de Brasília

E-mail: jalesdc@gmail.com

Joana Salém Vasconcelos – Universidade de São Paulo

E-mail: joana.salem@gmail.com

Em 1º de janeiro de 2019, a Revolução Cubana completou 60 anos. Foi e continua sendo um dos eventos políticos mais decisivos e de maior impacto na América Latina e Caribe na segunda metade do século XX e início do século XXI. Seu  enredo extraordinário, muitas vezes romantizado, a declaração do seu caráter socialista desde 1961 e sua capacidade de exprimir as contradições entre demandas populares latino-americanas e as pretensões dos Estados Unidos para toda a região, fizeram da revolução cubana um experimento único, que até hoje atrai a atenção do mundo. Independentemente do acolhimento do marxismo por suas principais lideranças e da inegável influência soviética, a revolução em Cuba nunca perdeu seu impulso original e inventivo, desenrolado desde práticas sociais, reflexões políticas, improvisos e utopias enraizadas na história do país.

Apesar das suas fragilidades e fissuras, a revolução cubana entrou em idade avançada com uma coesão surpreendente. Muitos imaginaram sua derrocada final com a queda da União Soviética há quase 30 anos. Por que isso não ocorreu? Explicar a longevidade da revolução cubana em um mundo tão diferente daquele que a gestou segue um desafio para pesquisadores.

É certo que um dos mais importantes fatores que permitiram à revolução cubana chegar até aqui foi o recente processo costumeiramente chamado de “onda progressista” da América Latina.  Os anos 2000 foram marcados pela ascensão de governos latino-americanos que estreitaram suas relações com Cuba, entre eles Venezuela, Brasil, Bolívia, Equador, Uruguai e Argentina, com destaque para o primeiro, o que deu relativo alento à sobrevivência do socialismo real cubano. No entanto, nos últimos três anos o ciclo de governos progressistas entrou em franco declínio, com uma guinada à direita em alguns desses países e crises internas em outros. Ao mesmo tempo, testemunhamos o recrudescimento do imperialismo estadunidense sob a presidência de Donald Trump, que inverteu o sentido de aproximação diplomática com Cuba iniciado por Barack Obama em dezembro de 2014. Essa guinada criou novos obstáculos para afirmação nacionalista e soberana dos países da América Latina e Caribe.

 

Esse cenário gera inúmeras incertezas e levanta novos debates sobre Cuba. Algumas questões se destacam: como reformar a revolução sem descaracterizá-la? Como conciliar o aumento da desigualdade social decorrente da economia do turismo com os objetivos igualitários? Quais os significados do crescimento do setor privado resultante dos esforços em dinamizar a economia e da difusão do cuentapropismo (trabalho por conta própria)?  Como solucionar o problema da supercentralização política? Como  superar o burocratismo e o dogmatismo, associados a uma “velha mentalidade” arraigada no Estado? Quais as principais mudanças da nova Carta Magna colocada em debate em 2018? Como a revolução cubana pretende combater a homofobia na atualidade, uma marca destacadamente negativa da sua história? Como se equacionam socialismo, patriarcado e feminismo na ilha? Quais as manifestação do racismo na revolução e as lutas por superá-lo? Seria possível democratizar a revolução sem colocar por terra as suas conquistas sociais e a soberania nacional? Qual o papel do capital estrangeiro na estratégia econômica da revolução? Como a dependência se desdobrou no desenvolvimento do socialismo? Como o tema da migração tem sido tratado? Como vivem os cubanos fora de Cuba e como se relacionam com a ilha? Quais as perspectivas e significados das relações entre Cuba, Estados Unidos e China? Quais as interações fundamentais entre Cuba e América Latina? Como operam e circulam os meios de comunicação na ilha? Como se relacionam educação e transformação do processo revolucionário? Enfim, quais os rumos atuais da revolução cubana?

 

O Dossiê convida pesquisadoras e pesquisadores a abordar essas e outras questões, com o ensejo de compreender como a experiência cubana lança luz sobre os problemas e debates latino-americanos da atualidade.

Eixos Temáticos do Dossiê:

– História do processo revolucionário e transição socialista em Cuba;

– Economia Política Cubana e estratégia da revolução;

– Subdesenvolvimento, dependência e socialismo cubano, seus dilemas e conquistas;

– Relações Hemisféricas Cuba-Estados Unidos e a América Latina;

– O racismo, o machismo e a homofobia em Cuba

– Educação, comunicação e revolução cubana

– Imigração cubana, comunidades cubanas emigradas e relações com a ilha

– O impacto da revolução cubana nas Ciências Sociais Latino-Americanas

– Estado, democracia, direitos humanos e revolução cubana

– Reformas e Revoluções na América Latina

Prazo Final para envio das propostas à revista: 15/08/2019.

Setembro – Dezembro de 2019 – Publicação do Dossiê.

Mais informações (Instruções para Autores e Submissões de Artigos): http://periodicos.unb.br/index.php/repam/index

REVISTA DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE AS AMÉRICAS

ISSN: 1984-1639 DOI: 10.21057