Falecimento de François Houtart, teólogo e sociólogo marxista belga
16 de junho de 2017 - 10:26
François Houtart, teólogo e sociólogo marxista belga, morreu aos 91 anos, no dia 6 de junho de 2017, em Quito, Equador, onde vivia. Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, militante da Juventude Católica Operária, iniciou sua trajetória junto à classe trabalhadora e a movimentos sociais nos quatro cantos do mundo. Além da Europa e nações da América Latina e do Caribe, atuou em países como África do Sul, Bangladesh, Camarões, Coreia, Estados Unidos, Filipinas, Índia, Malta, Tailândia, Sri Lanka, Paquistão, Tanzânia, Vietnã e Zaire. Na década de 1950, esteve em Cuba e passou seis meses na América Latina: “para mim foi uma descoberta extraordinária porque conheci os países desde baixo, não de cima”. Na Colômbia, conheceu o padre, sociólogo e revolucionário Camilo Torres que ingressou no Exército de Libertação Nacional e foi assassinado em 1966. A partir destas experiências, Houtart seguiu acompanhando os movimentos sociais e as organizações acadêmicas bem como aprofundando seus estudos sobre os processos de construção das esquerdas na América Latina. Conhecido como o pensador da antiglobalização, o professor da Universidade Católica de Louvain e co-diretor do Forum Mundial das Alternativas publicou um instigante artigo na revista Tensões Mundiais (v.8, n.15, jul./dez. 2012) intitulado “De los biens comunes al Bien Comum de la humanidad. Suas formulações inovadoras sobre a noção de “Bem Comum” tem por base as demandas das lutas sociais para transformar radicalmente o modelo de civilização ocidental. O Observatório das Nacionalidades lamenta a morte deste intelectual engajado que deixa um amplo legado para a compreensão dos dilemas de nossas sociedades contemporâneas.
Mõnica Dias Martins