MIHL manifesta nota de repúdio ao assassinato racista de João Alberto Silveira de Freitas

24 de novembro de 2020 - 16:06

alt

 

O racismo antinegro é uma forma sistemática de dominação que tem na raça, na hierarquia sociorracial entre corpos negros e brancos, o seu fundamento. Principalmente no Brasil, ele é estrutural e estruturante de qualquer relação social, pois não está apenas no nível do preconceito (no ato individual de um sujeito branco/a, a partir de um conjunto de crenças e valores, depreciar e estereotipar corpos negros), mas organiza, estrutura, integra inescapavelmente o capitalismo na sua organização econômica, política, cultural e linguística de nossa sociedade.

O dado estarrecedor de que a cada 25 minutos morre (por assassinato) um jovem, um homem negro no Brasil (ATLAS DA VIOLÊNCIA, 2019), nos coloca o entendimento de que o racismo antinegro em nosso país é também uma dimensão do genocídio da população negra brasileira que tem sido morta por ações necropolíticas, isto é, por uma política de morte, como explica o filósofo camaronês Achille Mbembe.

Diante disso, nós, docentes e discentes do Mestrado Interdisciplinar História e Letras – MIHL – da UECE expressamos aqui nosso repúdio ao assassinato racista e brutal que encerrou a vida do João Alberto Silveira de Freitas, homem negro, 40 anos, no interior do supermercado Carrefour, em Porto Alegre, no último dia 19. A violência praticada pelos seguranças da loja expressa o racismo estrutural e institucional que atravessa a formação da sociedade brasileira e que precisa ser denunciado para que detenhamos seus efeitos. Ao selecionar corpos negros como alvos de suspeita, perseguição, contra os quais, toda violência é permitida, os agentes de segurança repetem gestos que, cotidianamente, ameaçam, agridem e matam crianças, jovens, homens e mulheres negras brasileiros.

Como educadores e cidadãos brasileiros, exigimos que os culpados sejam punidos, estendendo a responsabilização para além dos próprios agentes diretos (incluindo aí a branquitude, sujeitos brancos/as que ao invés de ter uma prática antirracista, se desresponsabilizam de sua tarefa em desestruturar o racismo estrutural), mas que sejam também apurados os protocolos e instruções de seguranças que conduzem ações como a que tiraram a vida de João Alberto de Freitas. Basta! Vidas negras importam!