Nota de repúdio à violência de Estado ocorrida no Rio de Janeiro
29 de outubro de 2025 - 15:46
Nota de repúdio à violência de Estado ocorrida no Rio de Janeiro.
O Brasil precisa parar! 130 é o número atual de pessoas mortas pela polícia do Rio de Janeiro sob o comando do governador Cláudio Castro. Nosso olhar se volta à imagem de uma mãe chorando sobre o cadáver do filho. Cento e trinta mães choram por seus filhos nesse exato momento! A imprensa classifica em bandidos, suspeitos, nós chamamos de pessoas. Quando perdemos alguém, temos um velório dos familiares e amigos. Quem tem o direito a ser velado, dignamente, no Brasil? Quem é passível de luto?
No dia 28/10/2025, o governo do Rio de Janeiro realizou a operação mais letal da história do Estado nas comunidades do Complexo do Alemão e da Penha, deixando mais de uma centena de mortos. A brutal intervenção foi avaliada como positiva pelo governador Claudio Castro (Partido Liberal) e aplaudida por segmentos políticos da direita do país. A opção pelo assassínio deita raízes profundas nas ideologias neofascistas que disputam com a perspectiva humanista a orientação da política de segurança Brasil afora.
A desastrosa ação do governo do Rio de Janeiro terá impactos políticos extremamente graves, pois: 1. demonstra que a governança das graves sequelas sociais, que assolam, principalmente, as periferias das metrópoles, cada vez mais, serão resolvidas à base da violência brutal do Estado; 2. demarca um novo patamar da letalidade estatal em face das chamadas classes perigosas; 3. confronta e tenta pautar o governo federal, sinalizando que o país se encontra refém do crime.
Robustos estudos científicos sobre a violência/segurança pública apontam para a necessidade de uma atuação global do Estado no provimento de direitos de cidadania e promoção do bem-estar social. As forças policiais devem atuar no resguardo da segurança das comunidades em articulação com políticas garantidoras das condições dignas das populações mais vulneráveis. Assim, a operação letal, desencadeada pelo governo do Rio de Janeiro, não se justifica por qualquer parâmetro técnico, político ou humano.
Por tais razões, todos(as) nós, que defendemos a vida, os direitos humanos, a justiça social e a democracia repudiamos veementemente essa desastrada e violenta ação protagonizada pelo governo de Claudio Castro nos complexos do Alemão e da Penha! E conclamamos aos setores que almejam construir uma sociedade digna, a nos unirmos em atos políticos que interditem a barbárie da violência que vitima e fere a todos nós, cotidianamente!
Colegiados do Curso de Serviço Social e do Mestrado Acadêmico em Serviço Social (MASS) da Universidade Estadual do Ceará (UECE).