Inovação na indústria tem melhor trimestre em 12 meses
31 de julho de 2018 - 15:41
Sondagem da ABDI/FGV mostra que investimentos em inovação aumentaram. Objetivo é tornar negócios mais produtivos. Posição do Brasil no ranking mundial passou do 69º para o 64º lugar.
As indústrias brasileiras iniciaram 2018 dispostas a realizar algum tipo de inovação em seus processos ou produtos, retomando o volume de investimentos em novas tecnologias depois de seis meses de queda. Foi o que apontou a sondagem sobre inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e referente aos primeiros três meses do ano.
Segundo o estudo, 45,9% das empresas pesquisas disseram ter realizado algum tipo de inovação entre janeiro e março deste ano, o melhor trimestre dos últimos 12 meses. O resultado elevou a posição do Brasil no ranking mundial de inovação da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, que passou do 69º lugar para o 64º, entre 126 países.
Presidente da ABDI, órgão vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Guto Ferreira diz que apesar de a sondagem apontar para um aumento nos desembolsos com inovação, ainda há muito a ser melhorado. “Temos muito que avançar e isso só vai acontecer com investimento continuado, melhora do cenário econômico e reformas, como a tributária.”
OTIMISMO Com relação ao segundo trimestre, as expectativas das indústrias são mais otimistas do que foram nos primeiros três meses de 2018. De acordo com a sondagem, 54,1% das empresas pesquisadas pretendiam inovar entre abril e junho, uma alta de 3,5 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior; o melhor resultado desde 2015 (56%).
Esse otimismo que as indústrias tinham quanto ao segundo trimestre, porém, pode ter sofrido os impactos da greve dos caminhoneiros, que começou depois da realização da pesquisa. A paralisação dos caminhoneiros causou uma queda de 3,34% na atividade econômica de maio em relação a abril, de acordo com os números do Banco Central, o que poderá influenciar negativamente a decisão dos empresários.
Para Ferreira, mesmo com menos dinheiro em caixa, a greve mostrou que as empresas devem aumentar os investimentos em inovação. O representante da ABDI lembra que a paralisação confirmou a dependência do Brasil de um único modal de transporte, situação que será superada apenas com novas soluções em logística, o que vai exigir pesquisa e investimentos. As inovações em logística são, por exemplo, uma das principais alavancas de crescimento da Amazon nos Estados Unidos, uma das maiores empresas de varejo do mundo.
A pesquisa da FGV mostra ainda que, apesar de o cenário econômico atual dificultar a retomada de investimentos em inovação, a proporção de indústrias que realizaram algum tipo de inovação tecnológica mais consistente, seja em produto ou processo, internamente ou direcionado ao mercado nacional, subiu de 44,1% para 45,9% entre o quarto trimestre de 2017 e o primeiro trimestre de 2018, o melhor resultado desde o último trimestre de 2016 (49,5%), período de forte crise econômica.
Para Rogério Araújo, coordenador de planejamento e inteligência da entidade e responsável pelo estudo, esse resultado mostra que, apesar de uma recuperação pelo terceiro trimestre consecutivo, o nível o nível ainda é baixo em termos históricos.
MAIS INVESTIMENTO Já o número de empresas pesquisadas que aumentaram os gastos com inovação subiu de 11% para 21,6%, maior nível desde o terceiro trimestre de 2014 (23,4%). Na outra ponta, das indústrias que reduziram o volume de recursos para inovação, houve uma queda de 13,6% para 11,3% no mesmo período. No entanto, percentual de empresas que deixaram de gastar passou de 4,6% no último trimestre de 2017 para 13,7% nos três primeiros meses de 2018.
A sondagem mostrou ainda que 64,2% das empresas consideram ser necessário investir em equipamentos e instalações e 63% na melhoria dos métodos de gestão para melhorar a produtividade nos próximos anos.
A qualificação da mão de obra foi outro item mencionado por mais da metade das empresas (51,5%) como fundamental para aumentar a competitividade. Apenas 2,4% delas disseram não ter ações previstas de ganho de produtividade em um cenário futuro.
Fonte: Estadão