PMEs que mais crescem são as que mais inovam no Brasil

29 de setembro de 2017 - 08:44

Uma pesquisa exclusiva aponta que as pequenas e médias empresas que mais cresceram no Brasil nos últimos anos foram além do corte de custos.

O guru de estratégia Michael Porter, numa frase que se encaixa perfeitamente ao momento brasileiro, costuma dizer que bons líderes precisam de uma agenda positiva, e não apenas de uma agenda para lidar com a crise. O pacote básico de sobrevivência das empresas, afinal, é conhecido: cortar custos, segurar aquisições, renegociar com clientes, buscar novos nichos de mercado. É o que faz com que pequenas e grandes companhias consigam crescer e lucrar nas piores tempestades. Mas, quando a crise se prolonga, como é o caso da atual recessão brasileira, não basta só cortar. As empresas que realmente se destacam são as que conseguem combinar frugalidade com investimentos em inovação.

A importância da inovação em tempos de crise é uma das principais descobertas da 12a edição da pesquisa As Pequenas e Médias Empresas Que Mais Crescem, realizada pela consultoria Deloitte em parceria com EXAME. Um grupo de 100 companhias conseguiu ampliar suas receitas em 21% ao ano, em média, de 2014 a 2016. Esse foi o menor crescimento desde o início da pesquisa, em 2006, mas é uma proeza em anos difíceis como esses. As vencedoras são divididas em três tamanhos. Entre as pequenas, que faturam até 25 milhões de reais, a vencedora foi a empresa de tecnologia Cata Company, de Florianópolis, Santa Catarina, que cresceu 590% por ano de 2014 a 2016. A empresa de atendimento a consumidores Virtual Connection, de Uberlândia, Minas Gerais, foi a que levou a melhor na categoria de médio porte (de 25 milhões a 100 milhões de reais em faturamento), ao crescer 218%, em média, por ano de 2014 a 2016. Entre as de maior porte (de 100 milhões a 500 milhões de reais em receitas), a paulista VTEX, que desenvolve e gerencia sites de comércio eletrônico para empresas, ficou em primeiro lugar, com crescimento de 55%.

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Para as dez primeiras colocadas, a expansão anual variou de 77% a 590%. “O que mais surpreende é que essas empresas souberam dosar com maestria onde colocar sua energia durante a crise. Mantiveram o cuidado com a gestão e com os custos, mas compensaram investindo em inovação e tecnologia”, diz Othon Almeida, sócio de desenvolvimento de mercado da Deloitte. Juntas, as 100 pequenas e médias empresas que mais cresceram faturaram 7,3 bilhões de reais em 2016, 21% mais do que no ano anterior. É um desempenho muito melhor do que o das grandes companhias brasileiras. O ranking das 500 maiores empresas do país, divulgado por EXAME, mostrou uma queda de 8% nas receitas em 2016.

As pequenas e médias, na teoria, têm mais facilidade de se adaptar a crises. Ainda assim, pelo menos 1 milhão delas fecharam as portas desde 2014, segundo a empresa de análise de dados Neoway. O feito dos empreendedores que ilustram as pági-nas de EXAME, nesse cenário, é notável. E a inovação tem grande peso. Das 100 companhias que mais cresceram, 80% disseram investir constantemente em tecnologia, e 88% lançaram novos produtos ou ser-viços. “Se você não faz nada de único, diferente, melhor que seus concorrentes, por que os clientes vão preferi-lo? Inovar, estar sempre à frente dos demais, é a única forma de continuar tendo a preferência dos clientes”, diz Luiz Guilherme Manzano, diretor de apoio ao empreendedorismo da Endeavor, organização internacional de fomento ao empreendedorismo.