Professor da UECE usa imprensa tradicional e redes sociais como aliadas da divulgação científica.

30 de agosto de 2021 - 12:36

Superar fronteiras, democratizar o conhecimento e levar a ciência para muito além dos muros da Universidade são alguns dos objetivos do professor Hugo Fernandes, do colegiado de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), ao utilizar as redes sociais e os meios de comunicação tradicionais, como rádio e televisão, para expandir o seu público. Desde que ingressou no quadro da Universidade, em 2016, o professor tem promovido ações para fomentar a pesquisa científica e aproximá-la da população em geral, alcançando um público muito maior que os seus alunos. Hoje, com o uso das redes sociais e a maior facilidade de acesso à internet pelo celular, ele leva o conhecimento científico para a palma da mão de mais de um milhão de pessoas por mês. Contando com aplicativos de compartilhamento de mensagens, esse número é muito maior.

Hoje vê-se no Brasil uma quantidade enorme de smartphones e as “redes sociais ocupam a principal parcela entre as fontes de informação para a sociedade brasileira. Se a academia não ocupar espaços nessas redes de forma profissional e estratégica, vai assistir de camarote ao caos imperar. Isso vale para questões socioambientais ou para qualquer outro assunto que permeia a política brasileira”, afirma Hugo Fernandes.

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Com o objetivo de atuar nessa frente, o professor Hugo Fernandes vem fortalecendo sua ocupação nas redes sociais, acumulando, hoje, 144 mil seguidores apenas no Instagram. O professor Hugo também atua nos meios de comunicação tradicionais (rádio e televisão), em que costuma dar entrevistas sobre as pesquisas desenvolvidas por ele e pelas equipes dos laboratórios que coordena na UECE. Na entrevista reproduzida a seguir, ele conta sobre a sua atuação na Universidade, a trajetória para ganhar espaço nos veículos tradicionais de comunicação e nas redes sociais e fala da importância da ciência para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Confira.

Qual é a sua história com a UECE?

Entrei no último concurso, em novembro de 2016. Faço parte do colegiado de Biologia da FECLESC, em Quixadá. O primeiro mês na universidade já daria a tônica do que faríamos nos próximos anos. Naquele dezembro, iniciamos uma pesquisa que viria a se tornar uma publicação internacional, além de elaborar peças de divulgação científica sobre impactos ambientais da seca do Açude do Cedro, que foi repercutido pela BBC, pelo France Press e pelo El Clarin. A conquista nos trouxe a responsabilidade de sistematizar e otimizar nossas atividades. Para isso, montei dois laboratórios, o Ciente e o Converte.

Quando e por que o senhor começou a usar as redes sociais para divulgar a ciência?

Hugo Fernandes (Band News FM). Foto de Igor de Melo  (1) (1).jpg
Antes mesmo de entrar na graduação, eu tinha um pé na Comunicação. Trabalhei com rádio na adolescência e, acidentalmente, isso acabou trilhando muito do que eu viria a fazer na ciência. Comecei escrevendo textos político-científicos para blogs, em 2010. Em 2011, no Facebook, passei a unir fotografia de animais silvestres e informações biológicas, mas sem abandonar os textos de opinião. Em 2014, ministrei uma palestra no TEDx Fortaleza, onde fui convidado a assumir um programa de televisão na TV Jangadeiro (SBT) e um de rádio na Band News FM. Em 2018, o Instagram passou a ser a rede social mais ativa. Nossa equipe passou a produzir infográficos para educar a sociedade sobre temas urgentes como desmatamento na Amazônia, queimadas no Pantanal e, sobretudo, sobre a pandemia de COVID-19.

Qual é o perfil do seu público?

Varia muito de acordo com o veículo. Nas redes sociais, ele é 73% feminino, majoritariamente das regiões Sudeste e Nordeste, entre 25 a 34 anos e de classe média. Mas nós também temos uma parcela de jovens e idosos na casa das dezenas de milhares. Na rádio, nosso público é sobretudo masculino, acima de 35 anos e com perfil socioeconômico mais difuso.

Além das redes sociais, quais outras estratégias o senhor avalia como importantes para aproximar a população da ciência?

A divulgação científica precisa ocupar todas as plataformas de comunicação possíveis. Obviamente, as redes sociais são mais democráticas. Muito embora um perfil bem desenvolvido, criativo e engajável demande muito trabalho, você consegue abrir uma conta com muita facilidade. Porém, não podemos dispensar plataformas que ainda impactam muito a população brasileira. Precisamos treinar nossos cientistas para darem entrevistas para TV, rádio e jornais. Não só passivamente, mas também de forma ativa, propondo pautas, escrevendo artigos de opinião e até mesmo apresentando quadros e programas. E isso pode ser feito em todas as escalas, desde rádios comunitárias até canais internacionais. A tragédia da pandemia de COVID-19 acabou trazendo holofotes não só para a ciência de per si, mas também para diversos cientistas. Certamente, quando esse inferno passar, esses holofotes tendem a esfriar, mas não se apagarão. Devemos estar preparados para essa realidade que demandará cada vez mais de nós. Inclusive, já estou articulando com a nossa equipe e a PROEX para oferecer um evento aos nossos colegas da UECE.