NOTA DE REPÚDIO AOS ATOS DE ESTUDANTES DA UECE CONTRA A PROFESSORA LEILA PASSOS
22 de setembro de 2020 - 09:57
NOTA DE REPÚDIO AOS ATOS DE ESTUDANTES DA UECE CONTRA A PROFESSORA LEILA PASSOS
A última reunião do CEPE/UECE, realizada e transmitida ao público em 18 de setembro de 2020, debateu e deliberou sobre a minuta que normatiza o ensino remoto. Precisamente por ser um espaço de exercício da democracia na universidade e como é comum, foram apresentadas posições diferentes sobre o tema.
Na referida reunião, entretanto, estudantes favoráveis ao ensino remoto se manifestaram via chat da plataforma virtual utilizada atacando professoras que se posicionaram criticamente à realização do semestre letivo de forma remota.
Longe de expressar opiniões e respeito ao espaço do livre exercício democrático, os ataques desferidos por estudantes constituíram verdadeiro achincalhamento da opção e da pessoa, em particular quando se dirigiram à professora Leila Passos, do curso de Serviço Social. A situação chegou ao ponto de um estudante criar um vídeo, com pretensões de escárnio da imagem e da fala de nossa companheira e prestigiada docente da Universidade Estadual do Ceará.
Além de mostrar o total desrespeito com que alguns tratam os espaços democráticos dentro da universidade, o ocorrido evidencia a vulnerabilidade em que se encontram docentes e discentes nas condições do ensino virtual. Em especial numa conjuntura marcada por ideias e práticas protofascistas, neoconservadoras e autoritárias que não têm nenhum respeito ao contraditório e as diferenças.
O laboratório acadêmico Centro de Estudos do Trabalho e Ontologia do Ser Social (Cetros/Uece) vem de público manifestar seu veemente repúdio ao fato e aos estudantes que o perpetraram.
Ao mesmo tempo, presta irrestrita e cordial solidariedade para com a professora Leila Passos, que integra esse coletivo acadêmico e tem prestado serviços de inestimável importância no ensino, na pesquisa, na extensão e na gestão da universidade. Não é demais realçar que Leila Passos é um nome de referência não apenas na UECE, mas tem notório destaque na comunidade científica que se dedica à pesquisa da Assistência Social.
Nesse mesmo espírito, nos dirigimos à administração superior da UECE para que se posicione franca e fortemente contrária à atitude desses estudantes e tome as devidas providências administrativas e legais cabíveis. Essa postura sinalizará algum conforto e segurança ao corpo docente, discente e técnico-administrativo da instituição por ocasião das atividades de ensino remoto.
Não aceitamos a naturalização deste tipo de prática autoritária e vergonhosa realizada com a ignóbil intenção de censurar opiniões divergentes e inibir o debate público democrático dentro de nossa universidade. A crítica e o contraditório, teórica e politicamente fundamentados, jamais podem ficar sem acolhimento e audição respeitosa.
Assinam esta carta estudantes, professores/as e ativistas sociais que compõem o laboratório Cetros, que compartilham da indignação diante de quaisquer situações de ameaça, intimidação e tentativas de desqualificação de posturas dissidentes que, em verdade, explicitam a urgência de garantias materiais a serem asseguradas pela UECE e pela concretude do direito à educação pública superior para todos(as). Colocamos-nos, assim, em total solidariedade à nossa estimada colega e companheira que tem contribuído, qualificadamente, com o fortalecimento do ensino das novas gerações, na pesquisa e na extensão. Tem sido ela, pois, um exemplo na defesa da universidade pública, laica, gratuita, democrática e socialmente referenciada.
Laboratório Cetros/Uece,
20 de setembro de 2020.