Projeto AO PÉ DA LETRA exibe crônica de Epitácio Macário

9 de novembro de 2020 - 18:36

O Projeto AO PÉ DA LETRA publicou em seu quarto episódio a crônica Lição do pedagogo e escritor Epitácio Macário. O vídeo foi ao ar no canal do Youtube do laboratório Cetros às 19 hs da última sexta-feira (06/11) e foi seguido de um bate papo virtual sobre “Literatura, Música e Teatro como expressão da brasilidade” entre o autor e a intérprete do episódio, a atriz e produtora Hertenha Glauce. A mediação ficou por conta do estudante de Serviço Social João Victor (UECE).alt

Epitácio Macário, que é natural da cidade de Tamboril/CE, afirmou que “a crônica se reporta ao aprendizado a que jovens homens e mulheres eram iniciados no labor e remete meados dos anos 1970 quando era adolescente e residia no interior. Ela diz muito dessa situação de filho de agricultor sem-terra, de filho mais novo, e é iniciado no duro ofício de lavrador”.

O autor de Estações – livro que reúne contos e crônicas e que fora lançado em 2016 pela Editora Imprece – relata, ainda, o que Lição representa para si os aprendizados que obteve na vida familiar, na companhia de irmãos e pais, seu Raimundo e dona Lourdes. “Na crônica, relato que foi muito difícil aquele experimento de ir para o roçado, de aguentar a manhã de sol quente e de suportar o trabalho pesado. As mãos doíam, o corpo dói, você tem vertigem. Mas é ajudado pelos homens que estão no eito, pelos irmãos mais velhos e principalmente pelo pai. A lição final que tento expressar no final da crônica é muito presente em minha vida, que é quando o pai diz ao menino: ‘o importante não é igualar-se com os outros, nem chegar na frente; o importante é chegar ao fim do eito’”.

Hertenha Glauce, que trabalha com teatro desde 1993, também comenta como foi fazer a interpretação e narração de Lição e os desafios da releitura sob seu olhar e de sua filha, Sofia Queiroz, que ilustrou o episódio: “A crônica é linda, ela é muito visual, a gente consegue visualizar todo aquele universo, todo aquele lugar. Aí eu fiquei na dúvida de como apresentar. Eu queria retratar aquele lugar, aquele ambiente e convidei a Sofia, que é minha filha e adora desenhar. E aí vem os desenhos de Sofia, o olhar dela sobre esses personagens, com as características que a gente foi encontrando em cada um deles para poder ilustrar”. Na mesma direção, Sofia narrou a experiência de desenhar os personagens daquela história: “A gente leu juntas a crônica e a mãe foi dizendo quais personagens eu tinha que desenhar. Então, no texto a gente foi pesquisando quais as características dos personagens e cada um ia fazendo o que gosta, minha mãe, atuando e eu, desenhando”, se orgulha a pequena de 9 anos.alt

Por falar em participações infantis no episódio, Macário também ressalta que, como a crônica é uma experiencia com uma criança na roça e ele ficou encantado com a releitura de Sofia na construção dos personagens por meio dos desenhos, resolveu convidar para a apresentação e abertura do episódio com sua própria linguagem, Pedro Levi, seu filho de 8 anos.

Este IV episódio contou também com a participação de Heriberto Silva, musicista formado nas comunidades eclesiais de base (CEBs). Ele produziu a peça “A trilha” inspirado no texto e na interpretação da crônica. Desta vez, os coordenadores do projeto resolveram homenagear o quadrinista Joaquín Salvador Lavado Tejón (17 jul. 1932 – 30 set. 2020), o Quino, criador de Mafalda, com um cartoon de Carlos Latuff.

O vídeo contou com tradução para Libras pela Assistente Social da UECE Ana Nicolle Oliveira, além de bordados feitos pela artista plástica e professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Olinda Evangelista, demonstrando a complexidade das multilinguagens e dimensões que o Projeto AO PÉ DA LETRA trouxera e que, na visão de João Victor, revela que a linguagem artística não é só algo contemplativo, mas que ajuda na construção do ser humano, e de sua concepção de mundo.alt

Durante o bate papo, a atriz Hertenha Glauce relatou os desafios que tem sido fazer arte em tempos de pandemia, ela que dirige um grupo de teatro vinculado a Universidade de Fortaleza (Unifor) e também integra grupos independentes de contação de histórias: “Trabalho numa área que pressupõe aglomeração. Quanto mais gente assistindo aos nossos espetáculos, melhor. Então, nesse momento que não se pode aglomerar, a gente ainda não se recuperou e nem tem previsão de quando vai se recuperar. Então, o que a gente fez? Vamos nos reinventar! Criar coisas! E qual o canal possível? A internet. Aí começamos a ciar vídeos para que a gente pudesse vislumbrar alguma forma de contato com o público”. E concluiu: “A arte salva. Tem salvado nesse período de pandemia. O que seria de nós se não fossem as lives, a música, a dança e os livros? Isso tem salvado muita gente!”.

O episódio Lição pode ser acessado em: https://www.youtube.com/watch?v=n9AwsfepqGw

O debate virtual pode ser acessado em: https://www.youtube.com/watch?v=ODgQ-xs3hvY

O livro Estações de Epitácio Macário pode ser acessado e baixado em: https://www.uece.br/cetros/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=2038&tmpl=component&format=raw&Itemid=1171