Conheça o Curso

 

O Curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Ceará – UECE é um dos cinco primeiros cursos que formaram essa Universidade, sendo incorporado em 05 de março de 1975. Sua origem remonta à Escola de Serviço Social vinculada ao Instituto Social de Fortaleza e administrado pela Congregação da Sociedade das Filhas do Coração de Maria, tendo como data oficial de sua criação 25 de março de 1950. Ainda em seus primeiros anos o Curso esteve agregado à Universidade Federal do Ceará – UFC.

A criação do Curso de Serviço Social ocorre no contexto socioeconômico e político dos anos 1950, momento histórico que caracterizava o Estado do Ceará como unidade federativa pobre, cuja economia estava fundada na agroexportação e no processo de industrialização voltado para o beneficiamento de produtos agrícolas como: algodão, cera de carnaúba, oiticica e mamona. Nessa mesma década o governo Federal reconhecendo a crise da região Nordeste, cria instituições que não só estimulam, mas até financiam o desenvolvimento industrial nordestino, dentre as quais estão o Banco do Nordeste (BNB) e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Outro aspecto a ser ressaltado desse contexto histórico converge para a incipiência do movimento operário, àquela época ainda com pouca ou nenhuma tradição combativa. As expressões da questão social eram concebidas como consequências da desunião, incompreensão e do egoísmo das próprias classes entre si. Politicamente, vivia-se um momento de redemocratização, quando se instaurava no país o pluripartidarismo.

Nessa mesma época a Igreja através de sua Doutrina Social implícita nas encíclicas papais estabelece diretrizes gerais para a compreensão dos problemas humano-sociais e normas genéricas referentes ao exercício da fé católica, disseminadas pela Ação Católica, instrumento ideológico da Igreja. A sua grande preocupação dirigia-se à formação e à educação da juventude, além das futuras lideranças católicas, instituindo colégios, faculdades e universidades.

Nesse contexto, algumas interpretações são apresentadas por agentes profissionais (não indicadas na fonte da consulta) sobre os fatores que influenciaram a criação do Curso de Serviço Social no Ceará. De acordo com a versão inicial a criação do Curso se deu como resultado da vontade ou da inspiração de alguns dos seus fundadores. Tal assertiva parte da negação da existência de condicionamentos históricos, sociais, econômicos, políticos e até ideológicos que tenham favorecido o seu aparecimento e desenvolvimento.

Outra interpretação constituída diferentemente da anterior contrapõe ao sentido da institucionalidade pessoal, partindo do entendimento de que o surgimento da profissão ocorreu como resposta às necessidades sociais da classe proletária em situação de pauperização absoluta, visando atuar nas situações de carências que seriam solucionadas através de encaminhamentos aos serviços de que necessitam (habitação, saúde, asilos, creches, etc.), na tentativa de impedir-se o assédio dos comunistas e liberais.

A problemática do proletariado é vista no aspecto da falta de moral e da educação, e não como questão de ordem material advinda da exploração capitalista e da dominação política. Essa é a explicação dada pelos grupos ligados à Ação Católica.

Há outro entendimento que considera o surgimento da profissão no Ceará como uma decorrência do grande fluxo migratório iniciado no começo do século no sentido campo-cidade, desencadeando o inchamento das cidades, bem como o desordenado processo de urbanização que ocasionou a criação de favelas ao redor de Fortaleza (em condições sanitárias precárias); a pauperização crescente dessa classe, consequente da não absorção da sua mão-de-obra pelas indústrias que no Estado ainda perfaziam um número reduzido; o acréscimo de mendigos e crianças perambulando pela cidade, a demanda de doentes à procura dos Centros de Saúde, principalmente os portadores de tuberculose, pessoas subnutridas e

sem condição de manter a si e seus familiares. Diante desse quadro surge a profissão para tentar minimizar os efeitos dessa problemática sem, no entanto, voltar-se para o estudo das suas causas, mas simplesmente para o atendimento e o tratamento de seus efeitos.

Todas essas explicações parecem convergir para a compreensão de que são os condicionamentos históricos e sociais que desempenharam papel preponderante no surgimento da profissão. Em 1949, Dom Antônio de Almeida Lustosa, arcebispo Metropolitano, juntando-se a pessoas de reconhecida intelectualidade e estreita ligação com a Igreja Católica funda a Associação de Educação Familiar e Social de Fortaleza com o objetivo de obter recursos para a manutenção do Instituto Social de Fortaleza, posteriormente criado. Compunham esse instituto as Escolas de Educação Social e Familiar e a de Serviço Social, que receberam inicialmente influências do Instituto Social do Rio de Janeiro, tendo como cooperadoras Mademoiselles Marie Cumenge e Germaine Marsaud.

Sua inauguração oficial aconteceu no dia 25 de março de 1950. Segundo depoimento da Assistente Social Áurea Bessa, uma das fundadoras, a escolha da data deveu-se a dois motivos: comemoração da Abolição dos Escravos no Ceará e homenagem à Festa da Anunciação (data muito importante para a Igreja Católica).

A Escola de Serviço Social instalou-se em prédio pertencente à Arquidiocese, localizada à Avenida Barão de Studart, 1685, no bairro da Aldeota e sua administração ficou entregue à Congregação da Sociedade das Filhas do Coração de Maria, na pessoa de Mademoiselle Giacinta Pietromarchi, que a dirigiu por três anos.

Nasceu, assim, a Escola de Serviço Social com o objetivo de capacitar profissionais, formados teoricamente na Doutrina Social da Igreja para trabalhar a moral, a dignidade e os bons costumes com o contingente desfavorecido econômica e politicamente.

As modificações no direcionamento do Curso, bem como na implantação de novas disciplinas ocorreram, levando em conta as

mudanças na história econômica, política e social do contexto cearense, como também do Brasil. Na década de 1960, as influências católicas, a cada ano, enfraqueciam-se através das Reformas Curriculares que excluíam as disciplinas de caráter religioso ou as colocavam em regime optativo.

A Escola de Serviço Social, de início, funcionou como unidade particular de ensino. Em agosto de 1953, o Arcebispo de Fortaleza D. Antônio reuniu a Associação de Educação Familiar e Social para informar que a “Escola de Serviço Social, do Instituto Social de Fortaleza, vai ser incorporada à Universidade do Ceará”, hoje Universidade Federal do Ceará.

Somente após o seu reconhecimento ocorrido em 4 de julho de 1956, nos termos do Decreto nº 39.511 assinado pelo então Presidente Juscelino Kubitschek, o Curso de Serviço Social de Fortaleza veio a agregar-se à Universidade Federal do Ceará que firmou um acordo com a Arquidiocese, aprovado e homologado pelo Ministério da Educação em 31/10/56, depois transformado no Decreto nº 49.229.

Na condição de agregada permaneceu durante longos 18 anos quando foi integrada à Fundação Educacional do Estado do Ceará (FUNECE) que tomou a si as diligências necessárias à sua incorporação, através do Decreto nº 11.233/75 de 10/03 do então Governador César Cals de Oliveira.

Com a incorporação à Universidade Estadual do Ceará, a partir de 1975, o Curso de Serviço Social passou a integrar o conjunto de cursos do Centro de Estudos Sociais Aplicados(CESA).