Fonteles diz que versão de Ustra é insustentável

10 de maio de 2013 - 16:14

Fonteneles é um dos membros da Comissão da Verdade

Documentos apresentados pela CNV apontam em 50 o número de mortos no órgão durante o período em que foi comandado pelo coronel, de 1970 a 1974. Ustra foi o primeiro dos oficiais influentes da ditadura militar a ser ouvido pela CNV, na sexta-feira passada. Ele chegou a afirmar que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) integrou grupos terroristas e ainda negou que tenham havido mortes no DOI-Codi.

Já o advogado e ex-defensor de presos políticos José Carlos Dias, que também integra a CNV, o depoimento foi emocionalmente forte e mexeu com os presentes: “Foi um dia muito penoso para mim. Eu defendi mais de 500 presos políticos e a maior parte vítimas do coronel Ustra. Defendi pessoas que foram mortas sob as ordens dele”.

O coronel chegou a afirmar que Frederico Eduardo Mayr, um dos assassinados, foi atropelado por um caminhão. No momento mais tenso da reunião, Claudio Fonteles leu dois documentos sobre 45 mortes dentro do Doi-Codi paulistano em de outubro de 1973, e outras 47 em dezembro. Ustra disse que os documentos foram manipulados: “No meu comando, ninguém foi morto dentro do Doi-Codi, mas em combates”, afirmou. (das agências)

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Ustra se comportou como se fosse dono da situação. “Acabou, não falo mais”, disse. Fonteles observou: “O senhor responde se quiser, mas não acabou”. O coronel chegou a interromper a fala de Fonteles. Ustra oscilava entre o nervosismo e a raiva, criando situações típicas de uma figura quase hilária. As imagens de corpos de vítimas da ditadura no telão, no entanto, lembravam que o momento não era de diversão. Fonteles perguntou se Ustra aceitava uma acareação com o vereador Gilberto Natali, do PV, de São Paulo, que horas antes o acusou de torturá-lo. “Não faço acareação com terrorista”, disse Ustra. Da plateia, Natali gritou: “O terrorista é você”.

Fonte: Jornal O Povo