General admite que Exército montou farsa contra Rubens Paiva
19 de fevereiro de 2014 - 09:51
O general reformado Raimundo Ronaldo Campos admitiu que o Exército montou uma farsa ao sustentar que o ex-deputado federal baiano Rubens Paiva teria sido resgatado por seus companheiros “terroristas” no Rio de Janeiro, em 1971, quando desapareceu. Foi o que revelou Campos no decorrer das investigações da Comissão da Verdade, realizadas no fim do ano passado. A versão do militar da reserva deixa mais claro que Rubens Beirodt Paiva sumiu no dia 20 de janeiro de 1971, depois de ser levado para a carceragem do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (Doi-I), na Tijuca, Zona Norte da capital fluminense. A versão oficial declarava que ao ser transportado por agentes do Doi no Alto da Boa Vista, para fazer um reconhecimento, Paiva foi resgatado.
Campos, capitão na época, foi apontado na ocasião como o condutor do veículo militar, na companhia dos sargentos e irmãos Jacy e Jurandir Ochsendorf. Os três serviram na unidade. Duas provas evidenciavam que o ex-deputado dera entrada no Doi, depois de ser preso em casa, no Leblon, por uma guarnição da Aeronáutica: o depoimento de Amilcar Lobo, ex-tenente médico que atendia o torturado e teria tentado socorrer o ex-deputado, já em estado crítico depois das torturas; e um ofício encontrado na casa de um ex-comandante do Doi-I, coronel Molinas Dias, contendo o nome completo do político (Rubens Beirodt Paiva), de onde ele foi conduzido (o QG-3), a equipe que o levou (o CISAer, Centro de Inteligência da Aeronáutica), a data (20 de janeiro de 1971), seguido de uma relação de documentos, pertences pessoais e valores do ex-deputado.
Na margem esquerda do documento, à caneta, constava uma assinatura, possivelmente de Paiva. A acusação que pesava sobre o ex-deputado era manter correspondência com exilados brasileiros no Chile. Em fevereiro do ano passado, o coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Cláudio Fonteles, já garantia que Paiva foi morto no DOI-Codi. “A prova documental é muito forte. Ela vem do próprio sistema ditatorial militar com a tarja de secreto”.
Em novembro passado, a comissão recebeu uma série de documentos com informações inéditas sobre o sumiço de Paiva. Os documentos recebidos pela comissão em novembro, em Porto Alegre, confirmam que após ser preso por uma equipe do Cisa, Paiva foi entregue ao Doi-Codi no dia seguinte. (das agências de notícias)
Fonte: Jornal O Povo