Ex-coronel que revelou destino de Rubens Paiva é assassinado
25 de janeiro de 2014 - 09:57
Morte acontece após o ex-militar confessar envolvimento em crimes da ditadura militar e no desaparecimento de Rubens Paiva
O ex-coronel Paulo Malhães, que confessou recentemente à Comissão Nacional da Verdade ter participado de crimes durante a ditadura, foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira dentro de sua casa, em um sítio no bairro Marapicu, na cidade de Nova Iguaçu (RJ), segundo informações do jornal carioca Extra. Comissão da Verdade pede investigação rigorosa.
Três homens invadiram a casa de Malhães na tarde desta última quinta-feira (24) e estiveram no local das 13h às 22h. A esposa do ex-coronel e o caseiro foram amarrados, enquanto os homens reviravam a casa em busca de armas e munição. Segundo a perícia, Malhães foi morto por asfixia.
O crime ocorreu um mês após o depoimento de Malhães à Comissão Nacional da Verdade, em que admitiu ter atuado na Casa da Morte de Petrópolis, centro de tortura estabelecido durante a ditadura. Ele assumiu ter torturado, mutilado e matado numerosos opositores do governo militar e confessou ter recebido ordens para auxiliar na operação que desapareceu com os restos mortais do ex-deputado Rubens Paiva, embora não tenha participado dela.
Comissão da Verdade
O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, por telefone pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Polícia Federal acompanhe as investigações, que estão sendo feitas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Malhães prestou depoimento à CNV em 25 de março, quando deu sua versão sobre operação do Exército para desaparecer com os restos mortais do deputado federal Rubens Paiva. Informou também que agentes do CIE mutilavam corpos de vítimas da repressão assassinadas na Casa da Morte, em Petrópolis, arrancando suas arcadas dentárias e as pontas dos dedos para impedir a identificação, caso encontrados.
Para a CNV, o crime e sua eventual relação com as revelações feitas por Malhães à Comissão Nacional da Verdade, à Comissão Estadual da Verdade do Rio e à imprensa, deve ser investigada com rigor e celeridade. “Por se tratar de uma situação que envolve investigação conduzida pela CNV, que é órgão federal, pedi que a Policia Federal fosse acionada para acompanhar as investigações conduzidas pela Polícia Civil do Rio”, afirmou Dallari.
* Com informações também da CNV
Fonte: Revista Caros Amigos