Espionagem interna: governo Obama já admitiu que espiona dados de Internet e telefonemas de civis
8 de junho de 2013 - 13:37
Espionagem interna: degeneração da democracia norte-americana
A novidade não está propriamente na existência da espionagem das
ligações telefônicas e da internet
A coleta de ligações telefônicas e um programa secreto de acesso a
contas e-mails de milhões de norte-americanos pelo governo dos Estados
Unidos constituem a nova denúncia contra o governo confirmada pela
Casa Branca, após as revelações feitas pelo jornal britânico The
Guardian. O escândalo segue-se a outro não menos ruidoso, divulgado há
poucas semanas: a de que o governo tem espionado ligações de
jornalistas da agência Associated Press e da rede Fox News.
A novidade não está propriamente na existência da espionagem das
ligações telefônicas e da internet – já se sabia que a administração
George W. Bush tinha incursionado nessa área, desde o atentado de 11
de setembro de 2001 – por meio da Lei Patriótica (Patriot Act) -, mas,
sim, na constatação de que Barack Obama tenha dado continuidade a esse
tipo de ação, uma vez que se elegeu com um discurso contrário a esse
tipo de prática.
Sabe-se, agora, que há sete anos o governo conseguira uma decisão
judicial secreta obrigando a companhia telefônica Verizon – e outras –
a entregar-lhe dados da atividade telefônica fixa e celular de todos
os seus clientes, embora isso não alcance a escuta das conversas. Por
sua parte, o jornal Washington Post descobriu que a Agência de
Segurança Nacional e o FBI (Polícia Federal dos EUA) usam desde 2007
um programa secreto chamado Prism, que dá acesso direto a contas e
e-mails, alcançando servidores de nove companhias de internet,
incluindo Google, Microsoft, Facebook e Apple.
Além dos protestos da mídia e de personalidades destacadas, como o
ex-candidato a presidente Al Gore -para quem “essa vigilância é
obscenamente escandalosa” -, ONGs como a American Civil Liberties
Union (ACLU) anunciaram que levarão o caso aos tribunais.
O fato é que essas violações dos princípios básicos que fundamentam a
institucionalidade norte-americana não deixam de significar uma
vitória indireta dos terroristas, pois estes alcançaram o objetivo
maior de desacreditar aquilo que os EUA tinham de mais forte,
simbolicamente: a intocabilidade do sistema democrático.
Outras deformações, como o uso da tortura e de prisões clandestinas,
além de assassinatos legalizados, completam o quadro da degeneração
que atinge a democracia americana desacreditando-a perante o mundo. O
que é lamentável.
Jornal O POVO Editorial Fortaleza Ceara 08.06.2013
EUA 08/06/2013
Obama usa combate ao terror para justificar monitoramentos
Segundo o presidente dos Estados Unidos, a privacidade das pessoas não
pode estar acima da segurança nacional. Ele afirmou ainda que os
programas de monitoramento foram autorizados pelo Congresso
ESTADOS UNIDOS
Zuckerberg diz que Facebook nunca colaborou com sistema
de espionagem
O presidente Barack Obama fez ontem uma firme defesa dos programas de
monitoramento de chamadas telefônicas, ao afirmar que são legais e ao
garantir que ninguém ouve as ligações telefônicas dos americanos. Em
suas primeiras declarações desde a explosão da polêmica pelas
revelações da empresa sobre uma vasta espionagem de dados, Obama disse
que é preciso balancear a segurança nacional com a privacidade das
pessoas, mas ressaltou que é correto que este tema seja alvo de um
debate público.
“Quando assumi meu mandato, me comprometi com duas coisas: o respeito
à Constituição e a proteção dos cidadãos americanos. Não podemos ter
100% de segurança com 100% de privacidade e sem nenhum inconveniente”,
destacou.
E acrescentou: “Os programas dos quais se falou nestes dois dias nos
meios de comunicação são secretos no sentido de que são classificados.
Mas não são secretos no sentido de que, no caso das chamadas
telefônicas, todos os membros do Congresso estavam cientes”, declarou
Obama em San José, na Califórnia.
“A comissão ad hoc de inteligência (no Congresso) está plenamente
informada do objetivo destes programas (…) que foram autorizados por
amplas maiorias de ambos os partidos desde 2006”, sublinhou.
Em uma tentativa de garantir aos americanos a proteção de seus dados
particulares, Obama também prometeu: “Ninguém ouve suas ligações
telefônicas. Este programa não está relacionado a isso”, disse.
Os membros desta comissão de inteligência “examinam os números de
telefone e a duração das chamadas. E não se fixam no nome das pessoas.
Não examinam o conteúdo. Mas, analisando os dados, podem ter pistas
sobre pessoas que poderiam ter recorrido ao terrorismo”, detalhou.
“Se alguém no governo quiser ir mais longe (…) deve comparecer
diante de um juiz federal”, disse Obama, lembrando o que havia dito há
duas semanas em seu discurso sobre a estratégia antiterrorista dos
Estados Unidos.
Naquela ocasião, Obama disse: “Uma das coisas que tínhamos que
discutir e debater era como encontrar um equilíbrio entre a
necessidade de garantir que os americanos estejam seguros e nossa
preocupação com a proteção da privacidade”, sustentou o presidente.”Há
compromissos que são necessários”, acrescentou.
Em relação à interceptação das bases de dados de usuários de empresas
como Google, Facebook e Microsoft, ele afirmou que não se aplica a
residentes e cidadãos americanos. No entanto, não deu detalhes sobre
que pessoas são investigadas pelo seu rastro na internet. (das
agências de notícias)
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O governo Obama já admitiu que espiona dados de Internet e telefonemas
de civis sob a justificativa de combater o terrorismo. O monitoramento
é realizado por meio de um programa chamado de Prism, que autoriza a
interceptação de dados como histórico, conteúdo de emails e vídeos,
além de telefonemas.
Frases
“Quando assumi meu mandato, me comprometi com duas coisas: o respeito
à constituição E a proteção dos cidadãos americanos. Não podemos ter
100% de segurança com 100% de privacidade e sem nenhum inconveniente”
“Os programas dos quais se falou nestes dois dias são secretos no
sentido de que são classificados. Mas não são secretos no sentido de
que, no caso das chamadas telefônicas, todos os Membros do congresso
estavam cientes”
“Ninguém está ouvindo suas ligações telefônicas. O que os serviços de
inteligência estão olhando são os números de telefone e a duração das
ligações. Eles não estão vendo o nome das pessoas, nem o conteúdo das
ligações”
Jornal O POVO Mundo Fortaleza Ceara 08.06.2013