No Araguaia, ministra afirma que governo não medirá esforços para encontrar mortos e desaparecidos
27 de julho de 2011 - 13:12
Tão importante quanto encontrar e fazer a identificação dos corpos de mortos e desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia é fazer com que a nação brasileira conheça parte de sua história, até hoje desconhecida. A declaração é da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Maria do Rosário, que visitou nesta quarta-feira (27) as escavações no cemitério de Xambioá (TO), iniciada na última segunda-feira (25) pelo Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA), com o objetivo de encontrar corpos de desaparecidos do regime militar.
De acordo com a ministra, é dever do Estado brasileiro enfrentar suas contradições do passado e dar uma resposta à sociedade, especialmente aos familiares dos guerrilheiros desaparecidos, que segundo a ministra foram os mais penalizados com as atrocidades cometidas durante a Ditadura Militar. “Aquilo que ocorreu antes, é responsabilidade das autoridades de hoje. O que nos move nesta importante missão é o sentimento de pertencimento. Se queremos um Estado mais democrático e igualitário, temos que desvendar todos os mistérios deste período. Para virarmos essa página, primeiro temos que lê-la”, afirmou Rosário. Na presença do Secretário de Direitos Humanos de Tocantins, da comunidade e da prefeita de Xambioá, a ministra afirmou que o governo não medirá esforços para encontrar esses corpos.
De acordo com a ministra, os desafios do país na área de Direitos Humanos são grandes, mas a mobilização para que eles sejam vencidos possui proporções ainda maiores. “Temos uma série de ações contra o trabalho escravo, exploração sexual de crianças e adolescentes, combate às drogas, à miséria extrema e criamos uma força-tarefa para assegurar aos brasileiros o direito à saúde e educação de qualidade. É nossa missão agirmos contra a violência no campo, atuar na proteção de testemunhas e ao mesmo tempo reparar os erros do passado”, afirmou Maria do Rosário.
Disque 100 – A ministra fez um apelo à comunidade local, familiares de mortos e desaparecidos, para que ajudem o governo com informações sobre a possível localização de corpos. Para facilitar o contato, a ministra informou que a SDH disponibilizou uma opção no Disque Direitos Humanos (Disque 100) para que as pessoas possam colaborar com as buscas. As ligações podem ser feitas, gratuitamente, de qualquer telefone, inclusive de celular. Não há necessidade de identificação e as informações serão todas encaminhadas ao GTA.
O trabalho de busca dos corpos no cemitério local segue em ritmo acelerado. Alguns corpos já foram exumados, os peritos agora analisam se eles correspondem às características dos cerca de 14 desaparecidos que podem estar enterrados no local. Ao término da expedição, que é coordenada por membros da SDH e dos ministérios da Defesa e da Justiça, o grupo apresentará um relatório de trabalho contendo todas as conclusões dos peritos e legistas. As buscas no município seguem até o próximo dia 4 de agosto.
Durante a visita, a ministra recebeu da Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia uma carta pedindo ao governo federal auxílio para derrubar uma liminar da Justiça Federal do Rio de Janeiro, que cassou o direito de anistia de 44 camponeses torturados durante a Guerrilha. A ação judicial cassou os direitos de reconhecimento e reparação econômica concedida aos camponeses há dois anos pelo então ministro da Justiça, Tarso Genro. Ao receber o documento, a ministra informou que a SDH acompanhará a ação judicial, em tramitação na Justiça Federal.